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G. Ciências Humanas - 7. Educação - 3. Educação Ambiental
EDUCAÇÃO AMBIENTAL EM UM AMBIENTE ESTUARINO COSTEIRO NO ESTADO DO PARÁ
Waldelice Maria da Rocha Sedovim 1, 2 (wsedovim@superig.com.br), Luiz Marconi Fortes Magalhães 1, 2 e Edna Maria Ramos de Castro 1, 3
(1. Universidade Federal do Pará - UFPA; 2. Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Ambiental - GEPEA/NPI/UFPA; 3. Núcleo de Altos Estudos Amazônicos - NAEA/UFPA)
INTRODUÇÃO:
Interpretar a Educação Ambiental, como estratégia capaz de promover transformações nas vivências dos estudantes, assegurando uma evolução mais saudável da pessoa, da sociedade e do meio ambiente, pressupõe uma incursão no mosaico relacional e sócio-cultural que constitui a realidade dos sujeitos, que interagem no processo educativo. No caso da realidade do município de Bragança-PA, onde o meio ambiente é caracterizado, principalmente, por extensas florestas de mangue, pântanos salinos, dunas costeiras, restingas e praias, a educação ambiental surge como uma estratégia para a aquisição de conhecimentos, para a leitura do meio ambiente e para a tomada de decisões, tendo em vista a valorização e a conservação deste rico patrimônio para as sociedades atuais e futuras. Assim, compreender as construções sociais que os professores fazem da educação ambiental e a quem atribuem essa responsabilidade social, impõe-se como etapa básica para a proposição de novas dimensões educativas na escola, visando reorientar o pensamento e as ações das pessoas diante do desafio de construir uma nova forma de ver a si mesmo, o outro, a sociedade e o meio ambiente. Desta forma, no intuito de melhor compreender as práticas pedagógicas realizadas pelos professores, num contexto estuarino costeiro, este estudo teve por objetivo investigar as concepções apresentadas por eles sobre educação ambiental, tendo em vista a proposição de intervenções educativas em meio escolar.
METODOLOGIA:
O estudo foi desenvolvido no município de Bragança, localizado na região do nordeste paraense, distante cerca de 206 km da cidade de Belém, no período de novembro de 2003 a fevereiro de 2004, com uma amostra de noventa e quatro professores do ensino fundamental. Esses professores foram escolhidos aleatoriamente, a partir de uma amostragem estratificada, considerando a área de localização da escola em que trabalham e o nível de ensino em que atuam. A metodologia, caracterizada por uma abordagem qualitativa e quantitativa, teve como técnicas de coleta de dados a entrevista por meio de questionário semi-estruturado, a partir das seguintes indagações: 1) O que você entende por educação ambiental? e 2) Quem deve ser responsável pela educação ambiental em seu município? Os dados foram analisados por meio da técnica de análise de conteúdo temático, a partir da idéia principal expressa nos registros escritos e analisados, também, por meio do método estatístico proporcional.
RESULTADOS:
Os sujeitos revelaram em suas respostas à questão 1 uma concepção de educação ambiental em torno da idéia de uma educação voltada à conscientização e sensibilização das pessoas (36,17%), à preservação e conservação do meio ambiente e dos recursos naturais (28,72%), à informação e conhecimentos sobre o meio ambiente (19,15%) e outras respostas (15,95%). Em relação à questão 2, a maioria dos professores considerou que a responsabilidade da educação ambiental no município de Bragança-PA, deve ser atribuída primeiramente à escola (19,70%), seguida da Universidade Federal do Pará (UFPA), através do Programa MADAM - Manejo e Dinâmica de Áreas de Manguezal - (16,06%) e da Prefeitura (14,85%). Ainda foram citadas em menor proporção, população (13,03%), movimentos sociais e governo (8,18% cada), instituição científica (7,88%), ONG (6,36%), igreja (3,94%) e outros (1,82).
CONCLUSÕES:
Os resultados deste estudo revelaram um enfoque predominante nos aspectos relativos à preservação e à conservação do meio ambiente, caracterizado por concepções de educação ambiental centradas em uma abordagem da educação conservacionista. O predomínio dessa concepção parece refletir princípios característicos do discurso ambientalista, visando reorientar as relações destrutivas entre o homem e o seu ambiente. Esta tendência é também caracterizada neste estudo por concepções que delegam a responsabilidade pela gestão da educação ambiental à UFPA e á prefeitura local. Neste sentido, é preciso chamar a atenção dos professores para a necessidade da realização de ações em parceria, pois a responsabilidade ecossocial não pode ser atribuída somente à escola ou a projetos de pesquisa, como pensa a maioria dos docentes. É evidente que, a Universidade Federal do Pará constitui a maior referência de acesso à informação e a produção de conhecimento especializado sobre o ambiente costeiro estuarino, para os professores e para o município, porém a responsabilidade pelas mudanças culturais, sociais, econômicas e políticas da sociedade e dos seus meios de vida, deve ser da responsabilidade de todos os atores sociais envolvidos num campo social e institucional determinado. Assim, este estudo sugere que educação ambiental deve ser trabalhada em meio escolar como fonte geradora de educação para o desenvolvimento do pensamento reflexivo dos alunos e dos professores da educação básica.
Palavras-chave:  Ecossistema manguezal; Educação ambiental; Ensino fundamental.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005