IMPRIMIR VOLTAR
B. Engenharias - 1. Engenharia - 13. Engenharia Sanitária
GESTÃO E TRATAMENTO DE RESÍDUOS DE PETRÓLEO EM REATORES EM BATELADA SEQUENCIAL
Janaína Braz Silva 1 (janainabraz@gmail.com), Jaqueline Cabral Lopes 1, Maria Cecília Rodrigues Sena 1, Michele Agra de Lemos Martins 1, Nuno Marcio M. M. Harry 1 e Nélia Henriques Callado 1
(1. Universidade Federal de Alagoas - UFAL)
INTRODUÇÃO:
A extração do petróleo é uma atividade de extrema importância no contexto mundial. O processo de produção, transporte e armazenamento de petróleo e derivados envolve risco de contaminação do meio ambiente aquático e terrestre. Derramamentos do petróleo bruto no mar, despejos dos resíduos de lavagem de tanques no solo e vazamentos oriundos de tanques subterrâneos, são exemplos desta contaminação. Esses resíduos são potencialmente perigosos, pois contém hidrocarbonetos monoaromáticos denominados BTEX, considerados carcinogênicos e depressores do sistema nervoso central. O controle da qualidade ambiental pode ser feito através de medidas preventivas ou remediativas. Dentre as medidas preventivas destacam-se o gerenciamento desses resíduos e os processos de tratamento, antes do lançamento desses resíduos no meio ambiente. No Estado de Alagoas não existe refinaria de petróleo, mas existem atividades de extração, armazenamento e distribuição de petróleo e seus derivados. Dessa forma os principais resíduos são oriundos das lavagens dos tanques de armazenamento e distribuição e águas de produção dos poços de extração de petróleo e gás. O objetivo do trabalho foi fazer um inventário a respeito dos potenciais geradores de resíduos de petróleo no estado de Alagoas e operar dois reatores em batelada seqüencial, sendo um aeróbio e outro anaeróbio, visando o tratamento de resíduo de petróleo.
METODOLOGIA:
O desenvolvimento do trabalho foi realizado em etapas: levantamento dos geradores de resíduos de petróleo em Alagoas, e operação de reatores biológicos, para degradação de resíduos oriundos de tanques de óleo diesel. O levantamento dos principais geradores de resíduos de petróleo foi desenvolvido em parceria com o Instituto de meio Ambiente de Alagoas (IMA/AL). A cada gerador foram aplicados questionários e realizadas entrevistas e visitas técnicas. Foi feito um inventário a partir de um banco de dados onde foram registrados dados de localização dos tanques de armazenamento, capacidades e freqüências de lavagens, acesso, volume de resíduo gerado, tipo de transporte, etc. Para a avaliação de tratabilidade foram utilizados dois reatores em batelada seqüencial, de bancada, sendo um aeróbio (RBSAe) e outro anaeróbio (RBSAn), cuja operação foi dividida em três etapas de trabalho. No sistema aeróbio foi testada a possibilidade de se realizar a nitrificação na presença desse tipo de resíduo. No tratamento anaeróbio foi avaliada degradação do resíduo na presença de nitrato como aceptor de elétrons. O monitoramento dos reatores foi feito através análises de cor, turbidez, sólidos, temperatura, pH, redox, alcalinidade, amônia, nitrito, nitrato e DQO, afluente e efluente. As instalações experimentais e as análises foram efetuadas no laboratório de saneamento ambiental da UFAL. Todas as análises foram conduzidas conforme o Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater.
RESULTADOS:
Pelo cadastro do IMA/AL identificou-se que os fornecedores de combustíveis localizados no Porto de Maceió, são os principais geradores de resíduos de petróleo (Petrobrás, Shell, Texaco, Esso e Ipiranga). Outros geradores identificados foram os tanques de óleo diesel da GEBRA (Geradora Brasileira de Energia), em Marechal Deodoro/AL, os tanques de petróleo das plantas de gás natural de Pilar/AL e São Miguel/AL, e os tanques de derivados de petróleo das industrias sucro-alcooleiras. Partes desses resíduos são encaminhados à estação de tratamento de efluentes da Companhia Alagoas Industrial, localizada no distrito industrial de Marechal Deodoro/AL, parte ainda tem destino aleatório. No RBSAe, na fase sem resíduo de petróleo, a DQO afluente foi de 484 mg/L e a efluente de 96mg/L (eficiência de 80%). Na segunda fase (50%Resíduo+50% Esgoto Sanitário) a DQO afluente aumentou para 4789mg/L e a efluente foi para 1300mg/L, com eficiência de 73%. Na terceira fase (50%Resíduo+50% Esgoto Sanitário) a DQO afluente foi para 9650mg/L e a efluente foi em torno de 1740mg/L, (eficiência de 82%). No RBSAn, na fase sem resíduo a DQO afluente era 484 mg/L e a efluente de 54mg/L (eficiência 89%), na segunda fase a DQO afluente aumentou para 4789mg/L e a efluente para 200mg/L (eficiência de 96%). Na terceira fase a DQO afluente foi para 9650mg/L e a efluente para 1000mg/L, (eficiência de 89%). Apesar da elevada eficiência observadas na terceira fase, verificou-se que parte do lodo começava a flotar.
CONCLUSÕES:
Até o momento foram diagnosticados como potenciais geradores de resíduos de petróleo em Alagoas, empresas de armazenadores e/ou distribuidores de petróleo e seus derivados, como: Transpetro; BR Distribuidora; Pool de Maceió, essas três empresas, são as de maior porte e estão localizadas no Porto de Maceió; em seguida tem-se a Unidade de Produção de Petróleo de São Miguel dos Campos/AL; a Unidade de Processamento de Gás Natural (UPGN) do Pilar/AL; a GEBRA, localizada no polo-cloroquímico em Marechal Deodoro/AL e as Indústria sucro-alcooleiras.
Comparando os resultados obtidos no tratamento biológico sob condições aeróbia e anaeróbia, tratando resíduo de petróleo oriundo tanques de óleo diesel, verificou-se que o RBSAe apresentou melhor desempenho que o RBSAn, com maior eficiência de remoção de DQO e efluente de melhor qualidade, inclusive nos parâmetros cor e turbidez. Os melhores resultados foram obtidos com adição de resíduo na proporção de 50% de resíduo com 50% de esgoto sintético. Apesar do melhor desempenho do processo aeróbio, o processo anaeróbio demonstrou grande potencial para degradação desse tipo de resíduo.
Instituição de fomento: FINEP-CTPETRO
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  Reator em batelada seqüenciais; Biodegradação aeróbia eanaeróbia; Resíduo de Petróleo.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005