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F. Ciências Sociais Aplicadas - 9. Comunicação - 8. Comunicação
A INTERFERÊNCIA DO TURISMO NA CULTURA RELIGIOSA SERGIPANA: O CASO DOS PENITENTES
JOSÉ MARIA TENÓRIO ROCHA 1 (lenda@terra.com), LUCIANA RENATA SANTOS DE SANTANA 1, MARIVONE VIEIRA PEREIRA 1 e REBECA TEIXEIRA MARQUES 1
(1. UNIVERSIDADE TIRADENTES)
INTRODUÇÃO:
Essa pesquisa tem como objetivo retratar a cultura dos penitentes, ordem religiosa popular que se manifesta no período da quaresma, no estado de Sergipe, em especial, os penitentes que praticam a autoflagelação.
O interesse no tema proposto surgiu das contradições encontradas na mídia impressa sobre a atuação dos penitentes no Estado. A intenção foi investigar os pontos contraditórios e chegar a um consenso das informações sobre a tradição da penitência em Sergipe. Analisou-se a questão na quaresma do ano de 2005.
METODOLOGIA:
Foram realizadas pesquisas bibliográficas no Arquivo Público de Aracaju, tendo como fonte a mídia impressa do ano de 1999 ao ano de 2005, pesquisas de campo, em fevereiro e março de 2005, nos municípios de Sergipe: Ilha das Flores, São Cristóvão, Laranjeiras e Tomar do Geru, com o auxílio de gravadores, câmeras fotográficas e entrevistas qualitativas, aplicadas à comunidade, às autoridades vigentes, aos líderes religiosos, antropólogos, cientistas sociais e aos próprios penitentes dos municípios, totalizando 210 pessoas entrevistadas no período da quaresma de 2005, nos municípios de Sergipe supracitados.
RESULTADOS:
Em sua grande maioria, as reportagens analisadas reafirmavam a tradição cultural nascida como uma vertente do catolicismo popular brasileiro, mantida em vigência através da fé, da necessidade de remissão dos pecados por meio da penitência e do pagamento de promessas. Outras reportagens jornalísticas enfocavam a cultura dos penitentes como um ato de promoção turística, onde o exibicionismo assumia o papel da reflexão religiosa.
Foi constatado que a tradição dos penitentes foi rompida pelas características pós-modernas da necessidade do turismo como auto-afirmação da população local. No caso dos penitentes que praticam autoflagelação, está comprometido o caráter da crença no fundamento religioso da manifestação, o que acarreta no risco do desvirtuamento religioso completo dos grupos de penitentes, ou mesmo, a extinção desses grupos. Os penitentes que apenas participam das cerimônias religiosas durante a quaresma permanecem voltados para a religiosidade da manifestação popular, mas não ignoram completamente o aspecto turístico da procissão. Eles adotam o mesmo comportamento exibicionista demonstrado pelo grupo de penitentes que praticam a autoflagelação.
CONCLUSÕES:
Conclui-se que foi possível desmistificar as contradições disseminadas sobre a cultura dos penitentes em Sergipe. Os penitentes que praticam a autoflagelação se distanciaram da tradição religiosa pregada pelos envolvidos na manifestação. Em 2005, constata-se o rompimento de inúmeras doutrinas pregadas pelo grupo, além da quebra do ritual por razões inconsistentes. Já o grupo dos penitentes que não praticam a autoflagelação, encontrados em maior número e em ambos os sexos, mantém suas características tradicionais, exercendo o caráter da fé no cumprimento de suas promessas e, ao mesmo tempo, representando uma atração turística do município onde é realizado.
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  Cultura; Penitentes; Turismo.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005