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D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 1. Enfermagem de Doenças Contagiosas
TRANSMISSÃO VERTICAL E O CUIDADO COM A CRIANÇA NASCIDA DE MÃE COM HIV/AIDS
Maria Isis Freire de Aguiar 1 (isis_aguiar@yahoo.com.br), Caroline Mayumi Ribeiro Yamamoto 1 e Maria Josefina da Silva 1
(1. Universidade Federal do Ceará)
INTRODUÇÃO:
A infecção pelo HIV vem se espalhando em dimensões alarmantes em todos os seguimentos da sociedade, especialmente entre as mulheres. Dados do Ministério da Saúde (2004) apontam que no ano de 2003 foram descobertos 5.762 novos casos da epidemia, com 3.693 verificados em homens e 2.069 em mulheres. O fenômeno da feminização da doença tem contribuído para o aumento do número de crianças contaminadas pelo HIV. Nesse aspecto, é fundamental a descoberta precoce da infecção com implementação da terapia anti-retroviral na tentativa de minimizar esse quadro. A infecção em crianças assume um quadro de maior gravidade, incluindo uma variedade de sintomas que podem ser identificados nos primeiros estágios da doença. Os achados clínicos comumente são: hipodesenvolvimento, pneumonite linfóide intersticial, septicemia bacteriana, candidíase, encefalopatia, anemia, adenopatia e hepatoesplenomegalia. Nesse contexto, é essencial a atuação da enfermeira como profissional de saúde na prevenção da transmissão vertical dentro dos serviços de atenção primária saúde, bem como sua contribuição no pré-natal realizando o aconselhamento em DST/AIDS e participação na detecção precoce e tratamento do vírus HIV em mulheres e crianças soropositivas. Objetivou-se investigar o conhecimento de mães de crianças infectadas pelo HIV sobre a transmissão vertical do vírus, verificar medidas preventivas para evitar a transmissão vertical do HIV por parte das mães e quais os cuidados oferecidos aos filhos soropositivos.
METODOLOGIA:
O estudo foi do tipo exploratório descritivo com abordagem qualitativa. Foi desenvolvido em uma unidade de referência para doenças infecto-contagiosas em Fortaleza-Ceará. A população foi constituída por mães de crianças suspeitas de infecção pelo HIV por serem filhos de mulheres soropositivas, que realizavam consultas pediátricas na instituição de referência. As participantes foram 12 mulheres que acompanharam as crianças suspeitas de infecção pelo vírus HIV nas consultas durante os meses de agosto e setembro de 2004. Foram utilizados como instrumentos de coleta de dados o diário de campo e a aplicação de entrevista às participantes do estudo a partir de questões norteadoras sobre os aspectos relacionados à infecção pelo HIV, conhecimento dos métodos preventivos antes da contaminação e os cuidados com a crianças portadoras do vírus HIV. A análise dos dados foi realizada através de categorização dos depoimentos das mães soropositivas e acompanhantes das crianças envolvidas no estudo. Foram respeitados os aspectos éticos da pesquisa envolvendo seres humanos.
RESULTADOS:
A categorização das falas das mulheres proporcionou a singularidade das vivências. Observou-se através dos depoimentos que 09 mães soropositivas tinham orientação sobre os métodos preventivos para evitar a contaminação pelo HIV, com enfoque para camisinha masculina, embora não tivessem utilizado para sua proteção. Os relatos mostraram também que 07 mães não sabiam como ocorria a transmissão vertical da mãe para o filho, enquanto 05 referiram conhecer essa forma de contaminação do HIV através da amamentação e durante o parto, informações adquiridas durante as consultas de acompanhamento sorológico, pré-natal, orientações individuais e em centros de convivência para portadores de HIV/AIDS. Quanto ao tipo de alimentação oferecida às crianças ao nascerem, 05 mães amamentaram seus filhos por um período variável de até 02 anos, por falta de orientação e por não terem conhecimento da infecção pelo HIV; por outro lado, 07 não amamentaram, oferendo o leite artificial NAN-1 em substituição ao leite materno, segundo orientações recebidas no pré-natal. Constatou-se ainda que 03 mães afirmaram prestar cuidados gerais aos filhos soropositivos, sem diferenciação dos cuidados oferecidos aos outros filhos; enquanto 09 mães ou acompanhantes referiram que buscavam oferecer cuidados especiais para as crianças soropositivas, com prioridade para a alimentação saudável, controle dos horários das medicações, evitar acidentes com ferimentos e prevenção de infecções respiratórias.
CONCLUSÕES:
É imprescindível a realização de um acompanhamento pré-natal de qualidade para detecção precoce da infecção pelo HIV e a introdução do tratamento adequado para prevenção da transmissão vertical. Observou-se a necessidade de uma maior orientação das mulheres quanto ao risco de infecção pelo HIV e quanto aos cuidados necessários na prevenção de sua disseminação. A conscientização da realidade vivida pelas mães HIV positivas é relevante para o desenvolvimento de ações de saúde pública mais amplas na busca de transformações sociais que causem impacto na qualidade de vida diante da AIDS. Através deste estudo, percebeu-se a importância da introdução de políticas públicas voltadas à prevenção da transmissão vertical com vistas à redução do índice de crianças contaminadas pelo vírus.
Palavras-chave:  Transmissão vertical; Infecção pelo HIV; Prevenção.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005