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C. Ciências Biológicas - 11. Morfologia - 4. Embriologia
PAPEL MODULADOR DE GLICOPROTEÍNAS NA ATIVIDADE MIGRATÓRIA DE CÉLULAS GERMINATIVAS PRIMORDIAIS
Priscila Tavares Guedes 1 (priscilafertilita@terra.com.br), Tiago Dutra Pereira Ramos 1, Fernanda Silva Guerra 1, Fernanda Santos Rodrigues Araújo 1, Elenice Maria Francisco da Silva 1, Lucélia Flôr Bento 1, Danielle Silva dos Santos 1, Simone Gleide Bosares 1, Luiz Carlos Nogueira 1 e Terezinha de Jesus Sirotheau Corrêa 1
(1. Departamento de Morfologia/ Instituto Biomédico/ Universidade Federal Fluminense-UFF)
INTRODUÇÃO:
Na morfogênese gonadal dos vertebrados, é necessário que as células germinativas primordiais (CGP) migrem por uma rota bem definida até alcançar as cristas gonadais, originando os futuros gametas. A migração de CGP, em embriões de aves, ocorre em três etapas distintas. Durante a primeira, a etapa de separação, as CGP se desprendem do hipoblasto. Na segunda etapa, a de migração, elas penetram nos vasos sanguíneos que se formam ao seu redor e, após migrarem passivamente pela corrente sangüínea (CGP circulantes), deixam os capilares e alcançam o mesênquima, onde migram ativamente (CGP teciduais) e se destinam à futura região gonadal. Por fim, na terceira etapa, a de colonização, as CGP alcançam e povoam as cristas gonadais.Caso as células não migrem no período embrionário, esta anomalia poderá ocasionar a formação de um animal infértil. Evidências sugerem que os componentes da matriz extracelular podem ser responsáveis por definir a rota e o padrão de migração de CGP. Glicoproteínas, tais como o colágeno tipo IV, a fibronectina, a laminina e a tenascina, foram encontradas na rota migratória das CGP de aves. No presente trabalho, analisou-se a participação das glicoproteínas da matriz extracelular, de forma seletiva, durante a migração de CGP em embriões de aves, visando a melhor elucidação dos mecanismos celulares e moleculares de doenças relacionadas à fertilidade, bem como ao seu prognóstico.
METODOLOGIA:
Embriões de Gallus gallus domesticus L., dos estádios 4 a 30 (Hamburger & Hamilton, 1951– H&H), foram fixados em solução fixadora de methacarn e estadiados. Durante a metade do período de fixação, cortes transversais, em diferentes níveis, foram realizados de acordo com a rota migratória das CGP: entre os estádios 4-14, na região do crescente germinativo; entre os estádios 15-18, posterior às artérias onfalomesentéricas e entre os estádios 19-30, próximo à porção cefálica dos membros inferiores. Em seguida, os embriões foram processados e incluídos em Paraplast (Produto Merck, no. 1.11609). Utilizou-se a técnica histoquímica do ácido periódico-reativo de Schiff (PAS) para demonstrar as CGP (em virtude do glicogênio citoplasmático) e revelar, de forma seletiva, a presença de glicoproteínas durante a rota migratória de CGP. Controles foram realizados, a partir da digestão prévia à diastase, sendo o glicogênio digerido, enquanto as glicoproteínas, diastase-resistentes, permanecem expressas na matriz.
RESULTADOS:
Através da técnica histoquímica, a morfologia das CGP pôde ser descrita: células grandes, redondas ou com irregularidades na membrana plasmática, núcleos geralmente excêntricos e grânulos de glicogênio na cor magenta. Durante a etapa de separação, quando um grande número de CGP pôde ser detectado no hipoblasto da região do crescente germinativo (estádios 5 e 7 de H&H), foram positivas tanto na membrana basal como no restante da matriz do hipoblasto. Tais células puderam ser encontradas, por volta do estádio 11 de H&H, no interior dos vasos sangüíneos extra-embrionários em formação. Em estádios mais avançados da migração, durante o estádio 17, quando muitas CGP deixam os vasos sangüíneos intra-embrionários e alcançam o interstício do mesoderma esplâncnico, observou-se fraca positividade na matriz extracelular do mesoderma. Quando o mesentério dorsal se forma (estádio 19 de H&H), as CGP foram notadas nesta região e nas cristas gonadais. Positividade da reação ao PAS foi fraca na matriz do mesentério dorsal, do ângulo celômico e das cristas gonadais, e moderada na membrana basal do epitélio destas regiões. Esta reação foi gradativamente aumentada, à medida que estas células colonizam as cristas gonadais (estádio 21 de H&H), tornando-se fortemente positiva nas gônadas em desenvolvimento (estádio 26 e 30 de H&H).
CONCLUSÕES:
Vários autores têm documentado a importância do papel desempenhado pela matriz extracelular no processo de migração durante o desenvolvimento embrionário. Tal influência moduladora deriva do fato de que a interação célula-matriz, fornece as condições adequadas para que a célula modifique a sua forma, inicie o movimento ou se diferencie. No presente estudo, realizado com a técnica do PAS, verificou-se que nas diferentes etapas da migração de CGP ocorre a presença de glicoproteínas na membrana basal e no interstício mesenquimal, o que se intensifica com um maior número de CGP migrando e colonizando as gônadas que desenvolvem. Estes resultados estão de acordo com Urven e colaboradores (1989), que utilizando métodos imuno-histoquímicos revelaram a presença do colágeno tipo IV, da fibronectina e da laminina, quando as células saem dos vasos sangüíneos e migram por entre as células mesenquimais e, marcaram também, a presença de fibronectina e laminina na membrana basal das cristas gonadais, naqueles mesmos estádios por nós observados. Também, estão de acordo com Anstrom & Tucker (1996), que comprovaram o papel modulador da tenascina-C durante o início da etapa de migração intersticial de CGP. Diante do exposto acima, nossos resultados sugerem que as glicoproteínas da matriz extracelular desempenham um papel modulador na atividade migratória de CGP e no desenvolvimento gonadal, embora os mecanismos envolvidos neste processo, ainda não estejam bem elucidados.
Instituição de fomento: CAPES, CNPq /PROPP/UFF
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  Glicoproteínas; Células germinativas primordiais; Embriões de Gallus.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005