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H. Artes, Letras e Lingüística - 4. Lingüística - 3. Psicolingüística | ||
METAFORA E HUMOR - HUMORISTICAS PERIPECIAS DE UM MACACO SABIDO | ||
César Nilton Maia Chaves 1 (cesarmaiac@bol.com.br) | ||
(1. Secretaria da Educação Básica do Ceará - SEDUC) | ||
INTRODUÇÃO:
O humor, as formas de comicidade e, como conseqüência destes, os tipos de riso são atos prazerosos. São tam-bém temas prazerosos quando se pretende pesquisá-los cientificamente, sendo que aqueles três temas apresen-tam uma quase ausência de novidade em relação às pesquisas já realizadas. No entanto, a junção dos componen-tes sócio-culturais – humor, comicidade e riso – a componentes semântico-cognitivos – metáforas conceptuais que licenciam expressões lingüísticas – representa, possivelmente, o fator diferencial no que diz respeito aos estudos científicos do humor, da comicidade e do riso. Dessa forma, propomos como pesquisa a análise da construção humorística do sentido a partir das crônicas de José Simão, colunista do jornal ‘Folha de São Paulo’ cujas crônicas são reproduzidas no jornal local ‘O Povo’, levando em consideração o papel dos modelos cogni-tivos idealizados, das correspondências ontológicas e epistêmicas e dos mapeamentos conceptuais no licencia-mento de expressões lingüísticas metafóricas, que apresentam traços de humor, de comicidade e de riso zombe-teiros ou bondosos, provocados por um ato avaliativo derrogatório ou melhorativo, respectivamente. Salienta-se que a construção do sentido não diz respeito à construção dos sentidos de toda a crônica, mas, especificamente, das expressões lingüísticas metafóricas – licenciados por metáforas conceptuais – que contêm traços avaliativos por parte do cronista José Simão. |
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METODOLOGIA:
Os procedimentos metodológicos para a execução da análise dos dados constaram da fundamentação teórica sobre a Teoria do Riso, segundo Bérgson (2001) e a Teoria do Humor e da Comicidade, segundo Alberti (1999), Propp (1992) e Raskin (1985) na primeira parte da pesquisa; da fundamentação teórica sobre a Teoria da Metáfora Conceptual, segundo Lakoff (1993), Lakoff e Johnson (1999, 2002), Kövecses 1990, 2002), Grady (1997), Gibbs (1993, 1999), e na caracterização dos Modelos Cognitivos Idealizados – ICM, segundo Lakoff (1987), especificamente, na segunda parte da pesquisa. Quanto a análise propriamente dita, têm-se os seguintes passos metodológicos: 1º - Definição do corpus; 2º - Agrupamentos das expressões; e 3º - Procedimentos para a analise dos dados, constando das seguintes etapas: identificação da tensão semântica; identificação da metáfora conceptual subjacente; identificação e descrição dos domínios fonte e alvo em relação às correspondências on-tológicas e epistêmicas; e identificação dos mapeamentos conceptuais, para a construção humorística do senti-do, levando em consideração o ato avaliativo do já citado colunista. |
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RESULTADOS:
Ao longo da análise, catalogamos oito metáforas conceptuais e quarenta e quatro expressões lingüísticas meta-fóricas, distribuídas da seguinte forma: 1ª metáfora conceptual com três expressões lingüísticas; 2ª metáfora conceptual com três expressões lingüísticas; 3ª metáfora conceptual com oito expressões; 4ª metáfora conceptu-al com duas expressões; 5ª metáfora conceptual com sete expressões; 6ª metáfora conceptual com quatro ex-pressões; 7ª metáfora conceptual com três expressões e a 8ª metáfora conceptual com quatorze expressões. Com relação ao ato avaliativo. Com relação ao humor, à comicidade e ao riso, têm-se, na maioria das expressões, um humor negro e um riso de zombaria; e para uma minoria das expressões, um humor bom e um riso, também, bom. Já em relação a ativação dos modelos cognitivos idealizados, têm-se, na maioria das análises lingüísticas, a ativação e a convergência de vários sub-modelos para uma das possíveis construção dos sentidos; e para uma pequena minoria, a ativação de um único modelo cognitivo idealizado. Já em relação ao desencadeamento do humor, a grande maioria das expressões apresentam fatores semântico-cognitivos que ativam o humor, produ-zindo o riso, por meio do ato avaliativo do cronista. |
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CONCLUSÕES:
Baseados nos resultados, chegamos a conclusão de que: a – as crônicas de José Simão apresentam um humor eminentemente maldoso, e uma comicidade e um riso zombeteiros, ratificando a fundamentação apresentada; b – o ato avaliativo, decorrente do humor, da comicidade e do riso, apresenta-se para a maioria das expressões como ato avaliativo derrogatório e, para uma pequena minoria, como ato avaliativo melhorativo; c – os modelos cognitivos idealizados, para cada domínio conceptual fonte e alvo, constando de entidades constitutivas e das correspondências ontológicas e epistêmicas mapeados a partir do emparelhamento daqueles domínios, possibili-tam e licenciam a construção dos sentidos que se pretende, humorístico e comicamente, zombeteira com um ato avaliativo menos melhorativo e mais derrogatório. |
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Trabalho de Iniciação Científica | ||
Palavras-chave: Metáfora Conceptual; Humor, comicidade e riso; Ato avaliativo. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |