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G. Ciências Humanas - 8. Psicologia - 8. Psicologia do Trabalho e Organizacional | ||
SIGNIFICADO E FATORES DE RISCOS DA ATIVIDADE DE PROFESSORES/AS DE ESCOLAS PÚBLICAS EM CAMPINA GRANDE-PB | ||
EDIL FERREIRA DA SILVA 1 (edilsilva@uol.com.br) e KEILA KAIONARA MEDEIROS DE OLIVEIRA 1 | ||
(1. Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica, Universidade Estadual da Paraíba - UEPB) | ||
INTRODUÇÃO:
O contexto da educação pública, setor alvo de nossa pesquisa, depara-se com a adoção de políticas restritivas em termos de investimento o que resulta numa precarização das condições de trabalho, achatamento salarial, aumento do número de alunos por sala de aula, violência nas escolas, etc. Os estudos sobre a escola pública brasileira mostram um quadro educativo que deixa muito a desejar em vários aspectos. São professores mal remunerados, escolas sem condições físicas adequadas para o desenvolvimento pleno do projeto político pedagógico, jornada de trabalho sufocante, escassez de materiais didáticos, enfim, uma realidade que ainda não evidencia o padrão de investimento alardeado pelo governo brasileiro nos últimos anos. Revela-se, um aumento significativo do número de alunos matriculados nas escolas nesses últimos anos, mas isso nem sempre significa freqüência regular, nem tampouco, qualidade de ensino. Esta conjuntura nos leva a questionar sobre a realidade dos profissionais da educação da cidade de Campina Grande. Compreender como os/as professores/as vivenciam esta realidade difícil de trabalho, tendo que superar dificuldades, inventar formas de fazer o seu trabalho cotidiano para driblar as variabilidades que dificultam o tempo todo a atividade, é o desafio desta pesquisa. Analisar o trabalho dos/as professores/as e sua relação com a saúde é o foco central do presente estudo. |
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METODOLOGIA:
De cunho qualitativa a pesquisa em questão buscou configurar os fenômenos existentes no curso da atividade docente. Algumas técnicas de coleta de dados foram utilizadas nesta pesquisa. Fizemos uso de entrevistas coletivas; de observação das atividades docentes na instituição e do mapeamento dos fatores de risco. A pesquisa foi realizada com professores/as de uma escola estadual de ensino fundamental na Cidade de Campina Grande-PB, cujo quadro consta com 105 docentes de nível fundamental (5ª a 8ª), 02 psicólogas, 01 Assistente Social e 01 Coordenadora Pedagógica para atender a um grupo de 2.100 alunos. Foram realizadas 02 entrevistas coletivas, formados 03 grupos para mapeamento de riscos e 01 grupo de discussão e validação consensual dos riscos levantados na escola, na oportunidade se fechou as propostas de mudanças no ambiente de trabalho. A entrevista coletiva usada neste estudo visou não evidenciar queixas isoladas e sim a expressão de um problema coletivo. Na observação “in loco” procurou-se um conhecimento da realidade à qual estão inseridos os/as docentes e a compreensão dos fenômenos existentes. O mapeamento dos fatores de risco buscou o conhecimento e avaliação das próprias condições de trabalho a que estão submetidos, incorporando a experiência dos/as trabalhadores/as na produção dos dados. |
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RESULTADOS:
As visitas realizadas e os questionários aplicados nos deram margem para verificar o modo cotidiano como o trabalho na instituição é efetivamente realizado, as relações de trabalho que os/as docentes vivenciam entre si bem como as trocas de experiências diversas com alunos e outros funcionários da instituição. Tornou-se unânime em todas as visitas feitas à instituição que as relações de trabalho, o relacionamento do grupo, a maneira como os/as docentes se relacionam com os demais que formam o quadro de funcionários (diretores, coordenadores, secretário e etc.), é bastante salutar no sentido de que sempre frisaram isso nos diálogos bem como demonstraram empatia mútua na prática. No entanto, alguns aspectos da organização do trabalho docente têm conseqüências negativas para o bem estar da categoria. Neste sentido, podemos ressaltar a extensa carga horária que extrapola a sala de aula e rouba o tempo que deveria ser destinado ao lazer. Em face disto, os/as professores/as se queixam de dores de cabeça e insônia, falta de atenção, gastrites, dores nas pernas, problemas na garganta, enfim, por um conjunto de agravos que tem relação direta com a atividade. |
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CONCLUSÕES:
De acordo com os/as docentes participantes desta pesquisa os problemas que envolvem as instituições públicas não estão atrelados somente a falta de recursos governamentais, mas também ao modo como o trabalho esta organizado nas escolas. Acreditam que ainda é preciso se fazer muito para que o trabalho chegue senão perto do ideal. A melhoria das condições e organização do trabalho dos/as professores/as dependem: da diminuição da insegurança que reina na escola, já que os/as professores/as são constantemente ameaçados/as por alunos; de qualificação dos/as docentes para lidar melhor com “alunos problemas”; da inclusão de outros/as profissionais para apoiar o trabalho dos/as docentes com os alunos em sala de aula, diminuindo desta forma o desgaste físico e psíquico causado pelo controle de turma; a adoção de mudanças na estrutura física da escola para evitar situações que geram riscos para a atividade dos/as professores/as, como a questão do ruído de alunos fora das salas de aula, etc. Apesar dos aspectos negativos levantados os/as professores/as se sentem satisfeitos no trabalho. Mesmo com a questão da defasagem dos salários, os/as docentes relatam nas entrevistas que a satisfação no trabalho advém dos laços afetivo e vocacional, eles gostam do que fazem, na maioria dos casos escolheram e escolheriam novamente a profissão que exercem. |
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Instituição de fomento: Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC) - UEPB | ||
Trabalho de Iniciação Científica | ||
Palavras-chave: Trabalho docente; Valorização do magistério; Saúde do trabalhador. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |