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G. Ciências Humanas - 6. Ciência Política - 3. Instituições Políticas | ||
O BANCO MUNDIAL E A POBREZA | ||
Francisco Adjacy Farias 1 (adjacy@ig.com.br) | ||
(1. Departamento de Ciências Sociais, Universidade Estadual do Ceará - UECE) | ||
INTRODUÇÃO:
Dentre os problemas que afetam as já tensas relações entre as nações, um dos mais prementes na atualidade é o da pobreza. O Banco Mundial - fundado após a Segunda Grande Guerra, em meio a grandes mudanças na economia internacional - apresenta-se como o principal “porta-voz” das questões concernentes à pobreza. As pesquisas e relatórios desta instituição tornam-se diretrizes dos planos de governo dos países assistidos pela mesma. Este organismo multilateral, ao longo de sua trajetória, vem buscando oferecer a “fórmula” para erradicar a penúria existente nas nações do Terceiro Mundo. Levando em conta que a pobreza nas últimas décadas tem se acentuado; que as propostas para combatê-la foram múltiplas; e que os resultados positivos têm malogrado - fato recentemente reconhecido pela ONU e por governos como o do Brasil e da Venezuela -; é de suma importância investigar como o Banco Mundial vem conceituando a pobreza, de modo a melhor explicitar a natureza de sua intervenção frente ao processo de produção da miséria no sistema capitalista. |
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METODOLOGIA:
O principal procedimento metodológico desta pesquisa consiste no estudo do “World Development Report” (documento oficial publicado anualmente pelo Banco Mundial), principalmente o extenso relatório de 1990, cujo tema central é a pobreza. O período analisado compreende o ano de 1978 até 2004. Tais relatórios sobre o desenvolvimento mundial são essenciais para entender como este organismo multilateral retrata a pobreza ao longo das últimas décadas. Além disso, foram discutidas outras perspectivas de análise da pobreza, como estudos que tratam da diversidade de concepções e da realidade de alguns estados nacionais, em especial os da América Latina. Para examinar a relação entre o Banco Mundial e as “nações pobres” foram realizadas leituras sobre os fenômenos relacionados à nação e à soberania nacional, a partir de destacados pensadores como Eric Hobsbawnm, Benedict Anderson, Otto Bauer, Miroslav Hroch, Ernest Gellner, dentre outros que formam o arcabouço teórico desta pesquisa. |
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RESULTADOS:
O presente estudo constatou a variedade e complexidade da conceituação de pobreza. Para uma breve exemplificação podemos destacar os estudos direcionados ao fator renda “per capita” - que considera “pobre” aquele indivíduo que ganha menos de um dólar por dia - e que delimitam a “linha de pobreza”; as análises que vinculam a pobreza principalmente à falta de acesso a bens prioritários (saúde, educação, saneamento, etc.); e os estudos que ressaltam a ausência de informações sobre os direitos dos cidadãos, embora o indivíduo possa ter acesso a determinados bens básicos e às políticas públicas. O conceito de pobreza oscila entre abordagens qualitativas e quantitativas, seja de caráter relativo ou absoluto, carecendo de uma definição mais próxima de uma realidade que assola o mundo contemporâneo: o crescimento progressivo da miséria. |
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CONCLUSÕES:
Através de dados coletados e analisados nos relatórios podemos inferir que o Banco Mundial modifica seus conceitos sobre a pobreza com passar das décadas, como também altera suas estratégias para combatê-la. Os resultados alcançados revelam que a política do Banco vai além de simples ações pontuais de combate à pobreza, constituindo-se em algo mais amplo e de maior complexidade. Com a premissa de erradicar a miséria, o Banco Mundial age política e economicamente em torno de países classificados como “pobres”, buscando desenvolver um plano estratégico de implementação e desenvolvimento de um modelo econômico que em sua concepção é o ideal: o neoliberalismo. Pudemos também constatar que quanto maior o grau de pobreza existente em um país, maior é a interferência desse organismo multilateral na condução da política econômica governamental. Desse modo, as ações do Banco apresentam características intervencionistas, afetando diretamente a soberania de tais nações, fomentando a fragilidade das mesmas |
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Instituição de fomento: Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico - FUNCAP | ||
Trabalho de Iniciação Científica | ||
Palavras-chave: Banco Mundial; pobreza; soberania. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |