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C. Ciências Biológicas - 11. Morfologia - 5. Histologia
EFEITOS DO LASER ARSENIETO DE GÁLIO (AsGa) NO TESTÍCULO DE RATOS WISTAR INJETADOS COM VENENO BOTRÓPICO (40 µg/mL-i.m.)
Luanna Franceska Cardinal Vieira 1 (luanna_franceska@hotmail.com), Helen Rezende de Figueiredo 1, Camila Bolognes Couto 1, Gilberto Facco 1, Maria Inês Affonseca Jardim 1, Rosemary Matias 1, Doroty Mesquita Dourado 1 e Manoel Vicente silva 1
(1. Centro de Ciências Agrárias, UNI. para o desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal - UNIDERP)
INTRODUÇÃO:
O veneno ofídico é constituído por uma série de componentes que produzem efeitos deletérios no organismo animal, quer indiretamente, através da liberação de substâncias farmacologicamente ativas, quer diretamente através de ações nas membranas celulares. No Brasil, a região Centro-Oeste apresenta um índice elevado por ano, de acidentes ofídicos. A ocorrência desses acidentes possivelmente está relacionada a fatores climáticos e a atividade humana nos trabalhos de campo. No Estado de Mato-Grosso do Sul a maioria dos acidentes ofídios deve-se a serpentes que pertencem ao gênero Bothrops e Crotalus. Os dados estatísticos fornecidos pelo CIT, Centro de Informações Toxicológicas, sobre a ocorrência de acidentes ofídios por serpentes peçonhentas, foram de 600 casos em 1998 e 420 em 1999. Tendo em vista a posição geográfica do Estado com áreas predominantes de Pantanal e com uma grande quantidade de ocorrência de acidentes ofídicos houve a manifestação da necessidade do conhecimento da ação do veneno botrópico sistemicamente para verificar a ação do laser AsGa no veneno de Bothrops neuwiedi (40 μg/mL) injetado i.m. e sua ação no testículo após ser irradiado pelo laser arsenieto de Gálio (AsGa).
METODOLOGIA:
Foram utilizados 30 ratos machos, Wistar, (200 a 300 g) do Biotério da UNIDERP/MS. O veneno bruto, liofilizado de B. neuwiedi foi fornecido pelo Laboratório de Zoologia/UNIDERP e estocado à -20ºC. Os animais foram divididos em três grupos: o grupo experimental (GEV, n=10) injetado com solução de veneno; o grupo injetado com veneno e tratado com laser AsGa (VGA, =10) na dose de 4 J/m2 e o grupo controle (GC, n=10), injetado com solução salina estéril pela mesma via de administração do veneno bruto. O tempo para o sacrifício do animal foi de 3 h e 7 dias. Os animais foram anestesiados com pentobarbital sódico (40-70 mg/Kg, i.m.), amostras colocadas em Formol 10% por 24 horas e a seguir o material foi processado para inclusão em parafina e corados com hematoxilina - eosina (H.E). Medidas morfométricas foram realizadas e os parâmetros analisados do órgão em estudo foram, peso, comprimento transversal e longitudinal do testículo. As medidas foram comparadas estatisticamente utilizando-se o teste Tukey para comparação entre diferentes médias. Foram analisados 5 grupos de ratos que receberam tratamentos diferentes no período de 3 horas e 7 dias: grupo injetado com veneno de Bothrops neuwiedi, grupo controle (NaCl), e grupo injetado com veneno e irradiado com laser AsGa. Utilizando um nível de significância de 5%.
RESULTADOS:
O GC apresentou-se envolto em uma cápsula fibrosa espessa, a túnica albugínea, cuja superfície externa ligada a túnica vaginal, que invade o testículo, formando numerosos septos fibrosos e dividindo o órgão em túbulos seminíferos, cujo epitélio mostrou-se em seu aspecto normal, estratificado complexo, constituído por 2 tipos básicos de células: Sertoli e espermatogênicas. O espaço que circunda os túbulos estava preenchido por tecido intersticial, vasos linfáticos e sangüíneos e tecido conjuntivo frouxo. No GE observou-se várias alterações no testículo. Nos períodos de 3 h e 7 dias do grupo tratado com veneno bruto (V) e veneno e laser AsGa (VGA) poucas diferenças foram observadas. Nos dois períodos e tratamentos o tecido conjuntivo que preenche os espaços entre os túbulos seminíferos encontrava-se reduzido, com poucas fibras colágenas e vacuolizações e a população celular deste quase ausente, com células de Leydig em estado necrótico. No interior dos túbulos seminíferos as células germinativas mostrou-se diminuída desorganizadas, diferente em relação ao GC, apresentando a cromatina muito condensada, com as células de Sertoli muito evidentes e aumentadas. Espermatócito 1º e espermátides com núcleo em degeneração e na luz espermatozóides acidófilos. Os vasos sangüíneos estavam congestos. Utilizando um nível de significância de 5%, encontramos os seguintes resultados: para os testículos houve redução no comprimento transversal entre o GC e o GE de VGA após 7 dias.
CONCLUSÕES:
Este estudo permitiu verificar que após injeção intramuscular de veneno de B. neuwiedi o testículo apresentou alterações marcantes nos dos tipos de tratamentos e períodos analisados possivelmente pela proximidade do órgão com a região da entrada do veneno bruto e que ainda não foi metabolizado no fígado. Verificou-se que as alterações permaneceram até 7 dias após a injeção da toxina mesmo no grupo onde o veneno foi tratado com laser AsGa. O conhecimento deste fato poderá ser de grande relevância nos casos de atendimento específicos aos acidentados por serpente venenosa.
Instituição de fomento: UNIDERP/FMB
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  laser; Bothrops neuwiedi; testículos.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005