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E. Ciências Agrárias - 6. Zootecnia - 2. Nutrição e Alimentação Animal
EFEITO DA SUPLEMENTAÇÃO ENERGÉTICA ARTIFICIAL NAS ÁREAS DE CRIA E DE ARMAZENAMENTO DE MEL E PÓLEN EM COLÔNIAS DE Apis mellifera DURANTE A ESTAÇÃO SECA NA REGIÃO SEMI-ARIDA.
Francisca Mirlanda Vasconcelos Furtado 1, Raquel de Sousa Carvalho 1, Daniele Alves de Farias 1, Allisson Ney Carvalho Guimarães 1, José Everton Alves 1, 2, 3 e Breno Magalhães Freitas 2, 4
(1. Universidade Estadual Vale do Acaraú; 2. CNPq; 3. Funcap; 4. Universidade Federal do Ceará)
INTRODUÇÃO:
As abelhas Apis mellifera vivem em colônias muito populosas, cuja densidade populacional depende do fluxo de postura da rainha, que está relacionada a quantidade de entrada de alimento do campo. Desta forma, o tamanho dos enxames presentes na região semi-árida diminuem muito na época de escassez de chuvas, tornando-se vulneráveis ao ataque de inimigos naturais e pouco preparados para a próxima safra. Um manejo aconselhado por alguns técnicos é a alimentação artificial visando o incremento no número de ovos postos diariamente pela rainha e consequentemente de indivíduos gerados, preparando assim os enxames para o inicio de uma nova safra. O alimento mais usado por pequenos produtores rurais é o xarope de água com açúcar em iguais proporções, sem adicionar proteína que é essencial à vida das abelhas. Esta despreocupação com o fornecimento de proteína se baseia na afirmação de que há um fluxo contínuo de pólen na caatinga durante todo o ano e dificuldade de adquirir ingredientes como farelo de soja devido ao preço e distância aos locais de venda. Entretanto não se sabe se este fluxo de pólen é satisfatório para o crescimento das colônias que recebem alimento artificial somente com carboidratos. Objetivou-se neste trabalho quantificar as mudanças ocorridas na área de postura e armazenamento de mel e pólen nos enxames alimentados artificialmente com uma simples mistura de água e açúcar em proporções iguais e o tempo necessário para aumentar a população de enxames fracos.
METODOLOGIA:
As observações foram realizadas entre os meses de setembro e dezembro no Apiário-escola do Curso de Zootecnia da UVA escolhendo-se 15 enxames, onde 9 deles não receberam alimentação artificial, dispondo apenas do alimento presente na natureza enquanto as outras seis colônias receberam a cada 48 horas, 500 ml de alimento artificial em alimentador individual do tipo boardman no turno da tarde. Inicialmente as áreas de cada favo de todas as colméias foram medidas bem como as áreas de armazenamento de pólen e de mel, as áreas de cria nascente, cria recente. Estas medidas foram obtidas mensalmente.
RESULTADOS:
Os resultados mostraram que os enxames não alimentados artificialmente tiveram um decréscimo contínuo nas áreas de crias em 21,8% da área inicial, área de pólen diminuindo 54,9% e área de néctar menor 41,9% do início do experimento. Em colônias alimentadas, observou-se que houve crescimento inicial rápido na área de cria, havendo, em seguida, uma diminuição nesta área provavelmente pelo fato de um grande número de operárias terem nascido e as células não estarem preparadas para novas posturas. A área de pólen teve uma queda inicial de 40,9% devido ao aumento do consumo pelas larvas, não havendo ainda operárias campeiras suficiente para a busca de mais pólen. Após esta queda, o armazenamento de pólen dobrou (101,9%) devido ao aumento do número de campeiras levando-nos a concordar com a informação de que há fornecimento de pólen na caatinga no segundo semestre do ano. A área de mel armazenado foi aumentando suave e gradativamente, mostrando que a quantidade de 500 ml a cada 48 horas é o volume suficiente para sustentar os enxames nas colméias sem permitir que haja armazenamento de melato nos favos e para reduzir drasticamente as perdas de enxames por abandono ou ataque de inimigos naturais. Entretanto, este fluxo de alimento não foi o suficiente para aumentar a área de favos, levando-nos a sugerir para os apicultores que desejam a produção de favos ou cera durante a época de escassez de néctar, que o alimento fornecido não pode ser somente baseado em suplementação energética.
CONCLUSÕES:
Concluiu-se neste trabalho que colônias de Apis mellifera que não receberam alimentação artificial se tornaram fracas e vulneráveis ao ataque de inimigos naturais além de não apresentarem uma população que aproveite melhor o fluxo de néctar e pólen das primeiras flores da época de chuvas no semi-árido. Ao contrário destas, colônias que receberam somente uma suplementação energética, tiveram num prazo de 60 dias um incremento nas áreas de cria e armazenamento de pólen e mel, levando-nos a acreditar que esta é uma prática aconselhável para os apicultores que desejam tornar seus enxames bastante populosos para a próxima safra e para evitar a perda de enxames.
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  Alimentação; Abelhas; Manejo apícola.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005