|
||
C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 1. Ecologia Aplicada | ||
ABELHAS SOLITÁRIAS E SUAS PREFERÊNCIAS FLORAIS NA ÁREA DO CAMPUS VII DA UNEB EM SENHOR DO BONFIM, BAHIA | ||
Adriana Gonçalves da Silva 1 (adribiologa@bol.com.br) e Maria Elisa da Silva Santos 1 | ||
(1. Departamento de Educação, Campus VII, Universidade do Estado da Bahia UNEB) | ||
INTRODUÇÃO:
Estima-se a existência de 20 a 30 mil espécies de abelhas no mundo (Michener, 2000), das quais cerca de 85% seriam solitárias (Batra, 1984). Na América do Sul, os registros são superiores a 7000 espécies, sendo 4000 destas encontradas no Brasil (O’Toole e Raw, 1991). As abelhas são componentes muito importantes no funcionamento dos ecossistemas e são muito sensíveis aos efeitos de perturbações ambientais (Evans & Eberhard, 1970). São dependentes das plantas floríferas na obtenção de seu alimento e as plantas, por outro lado, dependem muitas vezes das abelhas para a sua reprodução, pois esses insetos são importantes promotores da polinização cruzada (Evans e Eberhard, 1970; Batra, 1984, Roubik, 1989). No Brasil há poucos levantamentos das abelhas que ocorrem em áreas com interferência humana (Sakagami et al. 1971) e sobre os recursos florais necessários à manutenção das comunidades de abelhas em hábitats naturais. Apesar da alta diversidade da apifauna neotropical, estudos sobre abelhas são restritos (Santos, 1997) e mais restrito ainda são os estudos sobre abelhas solitárias. Diante disso, este trabalho visa conhecer as abelhas solitárias do Campus da UNEB de Senhor do Bonfim, a flora relacionada a essas abelhas e o período preferencial de seu forrageamento. |
||
METODOLOGIA:
Um estudo piloto foi realizado na área aberta do Campus VII da UNEB, localizado na cidade de Senhor do Bonfim, norte da Bahia. A vegetação local é Caatinga, com clima semi-árido. A temperatura média anual é de 23,3°C, com máxima de 28,3°C e mínima de 19,2°C; o índice pluviométrico anual é em média 550mm ao ano (Bahia, 2003). As coletas de abelhas foram realizadas mensalmente, de outubro a dezembro de 2004, por um período de 6 horas diárias, com auxílio de rede entomológica. Durante o período de coleta, as plantas em floração foram observadas, aguardando-se a visitação das abelhas por 10 minutos em cada grupo de plantas conforme (Lorenzon et al, 2003). Foram capturadas somente aquelas que se encontravam efetivamente visitando as flores. Foi registrado tanto a flor quanto o horário em que se davam as visitas. Após a captura, as abelhas foram colocadas em frascos mortíferos forrados com papel higiênico e levadas ao freezer por 24 horas. Logo após esse período os exemplares foram montados em alfinetes entomológicos, etiquetados e identificados preliminarmente em nível de família, com base em chaves dicotômicas publicadas em Silveira, 2002. |
||
RESULTADOS:
Foram coletados 57 indivíduos, pertencentes a 2 famílias de abelhas: 42 Apidae e 15 Halictidae. Dois grupos de plantas foram visitados. As Halictidae visitaram Celosia, com flores pequenas, formando várias inflorescências. As Apidae foram todas coletadas em Tecoma stans, com flores maiores, corola tubular, estrutura floral mais complexa e nectários mais protegidos. As abelhas do grupo Halictidae, por serem de pequeno porte e terem sido todas coletadas em Celosia, com flores muito pequenas e de fácil acesso aos nectários, formando várias inflorescências, supõe-se que sejam melhor adaptadas a coleta de recursos nesse tipo de arranjo floral. Já a espécie Tecoma stans com flores maiores, corola tubular e nectários mais protegidos, foi visitada por um maior número de abelhas de porte médio a grande, já que essas abelhas são capazes de manipular as peças florais para coleta de material (Pirani & Cortopassi-Laurindo, 1994). As visitas as flores foram observadas das 9 às 15 h, apresentando um pico entre 10 e 13 h. Pode-se atribuir esse fato as alterações que ocorrem na concentração de açúcares que compõem o néctar ao longo do dia, geralmente apresentando valores muito baixos pela manhã (Pirani & Cortopassi-Laurindo, 1994). À medida que o dia avança esse néctar sofre influência de vários fatores (temperatura, umidade, ventos), aumentando sua concentração e atraindo maior número de polinizadores (Pirani & Cortopasssi-Laurindo, 1994). |
||
CONCLUSÕES:
As abelhas do Campus conhecidas neste trabalho pertencem às famílias Apidae e Halictidae. As primeiras estiveram mais relacioonadas com a planta Tecoma stans, sendo coletada nesta 42 indivíduos. As demais visitaram exclusivamente a planta Celosia, sendo representadas por 15 indivíduos. O período preferencial de forrageamento para ambas as famílias ocorreu entre 10 e 13 h. |
||
Instituição de fomento: Programa Institucional de Iniciação Científica - PICIN/UNEB | ||
Trabalho de Iniciação Científica | ||
Palavras-chave: abelhas; interação; flores. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |