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C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 2. Ecologia Aquática
DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL, SAZONAL E ALIMENTAÇÃO DE Astyanax altiparanae (GARUTTI & BRITSKI, 2000) E Astyanax fasciatus (CUVIER, 1819) (CHARACIFORMES: ACTINOPTERYGII) NA REPRESA DE PAIVA CASTRO, SP.
André Nogueira Bozza 1 (a.bozza@uol.com.br), Fernanda Santiago Zacharias 1, Rita Camila Nobre Sampaio 1, Luiza Ishikawa Ferreira 1 e Francisco Borba Ribeiro Neto 2
(1. Faculdade de Ciências Biológicas, PUC - Campinas; 2. Núcleo de Fé e Cultura, PUC - São Paulo)
INTRODUÇÃO:
O Sistema Cantareira é o maior complexo de abastecimento público de água da América Latina. A represa de Paiva Castro, a última do Sistema, é uma das responsáveis pelo fornecimento de água para metade da Região Metropolitana de São Paulo. No ano de 2000, SABESP e PUC-Campinas firmaram parceria para desenvolver pesquisas sobre a biologia de peixes encontrados nas represas Jaguari e Paiva Castro. Frente aos distúrbios que os sistemas aquáticos sofreram nas últimas décadas e os conseqüentes impactos causados na ictiofauna, faz-se cada vez mais necessário o entendimento da biologia e ecologia dos peixes. Na Ordem Characiformes, as variações nas estratégias de vida estão presentes de forma muito evidente, tanto que este grupo exibe uma divergência fenotípica adaptativa tão grande que não se iguala a nenhuma outra ordem animal (FINK & FINK, 1981). Na família Characidae, o Astyanax é um dos gêneros mais ricos em espécies e de distribuição geográfica mais ampla. Diversas populações apresentam, aparentemente, pouca diferenciação morfológica, ecológica e comportamental, sugerindo um grupo em especiação. Godoy (1959) os considera como elementos importantes para a manutenção do equilíbrio ecológico. Por isso, o presente estudo visa determinar no reservatório de Paiva Castro a dieta alimentar, a distribuição sazonal e espacial de A. altiparanae e A. fasciatus no período de Setembro 2001 a Agosto de 2003.
METODOLOGIA:
De setembro de 2001 a agosto de 2003, em 10 campanhas, foram analisados 94 estômagos de um total de 135 exemplares de A. altiparanae entre 100 a 200mm de comprimento total; e 675 exemplares de A. fasciatus entre 50 a 100mm de comprimento total, destes foram analisados 422 estômagos. Para a captura dos peixes foram utilizados um conjunto de 4 redes de espera, com 1,5m de altura por 10m de comprimento cada e malhas de 15, 20, 40 e 70mm, colocadas ao entardecer e retiradas na manhã seguinte. A represa foi dividida em três porções: superior (área A), média (área B) e inferior (área C). Os peixes capturados foram conservados em gelo, transportados para o laboratório, medidos e pesados. Os estômagos foram retirados e fixados em formol 10%. Os conteúdos estomacais foram analisados utilizando-se o método gravimétrico com determinação do peso úmido descrito por Glenn & Ward (1968), associado ao método descrito por Benvenute (1990) que consiste em colocar o conteúdo estomacal uniformemente em uma placa de Petri, não ultrapassando 1 mm de espessura, seguida da determinação da área total ocupada por cada item, através de um papel milimetrado, colocado sob a placa de Petri. Assim, obtém-se o peso de cada item alimentar por relação direta do peso total do conteúdo e suas áreas ocupadas. Para cada item foi calculada a freqüência de ocorrência (FO), a freqüência relativa (FR) e descontando a matéria orgânica não identificada (FR”).
RESULTADOS:
A dieta de A. altiparanae, com base na FR, mostrou uma predominância de vegetais superiores (44,2%) e insetos adultos (43,7%), caracterizando-a como onívora. Já A. fasciatus mostrou uma predominância de vegetais superiores (45,2%), seguida de insetos adultos (29,8%), com tendência a herbivoria. Outros itens alimentares, em menor quantidade, também foram encontrados nos estômagos de ambas as espécies. Em 2001, A. altiparanae, foi encontrada com maior freqüência no inverno na porção média. Em 2002, foi mais encontrada durante o verão na porção superior. E em 2003, a ocorrência maior aconteceu no outono na porção média. A.fasciatus, no ano de 2001 e 2002, foi encontrada com maior freqüência no inverno na porção média. Em 2003, a ocorrência foi maior no outono na porção média. O gênero Astyanax concentra-se na porção média da represa de Paiva Castro, cujo nível de água é constante ao longo do ano.
CONCLUSÕES:
A. altiparanae tem preferência pela área de assoreamento na porção superior, onde há grande quantidade de gramíneas e macrófitas aquáticas (onde verificou-se grande quantidade de insetos), que durante o período chuvoso formam locais de abrigo e alimentação. Este fato pode ser evidenciado através do conteúdo estomacal dos exemplares capturados nesta área, onde há predominância de matéria vegetal superior e insetos adultos. Astyanax fasciatus foi capturada no período chuvoso e seco com maior freqüência na porção média da represa, onde o nível da mesma varia muito pouco independente do período. Esta espécie tem preferência por locais protegidos, com vegetação arbustiva marginal e é onívora com tendência a herbivoria.
Instituição de fomento: SABESP, PUC-Campinas
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  Sistema Cantareira; Alimentação de peixes; Astyanax.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005