IMPRIMIR VOLTAR
G. Ciências Humanas - 8. Psicologia - 5. Psicologia da Saúde
ANÁLISE DO PROCESSO DE FORMAÇÃO DE UMA COMUNIDADE AMPLIADA DE PESQUISA NA ÁREA DA EDUCAÇÃO NOS MUNICÍPIOS DA GRANDE VITÓRIA-ES.
Fernanda Silva de Almeida 1 (nanda_psi@ig.com.br) e Maria Elizabeth Barros de Barros 1
(1. Departamento de Psicologia, Universidade Federal do Espírito Santo – UFES)
INTRODUÇÃO:
As Comunidades Ampliadas de Pesquisa nasceram na Itália, na década de 70, quando I. Oddone, médico italiano, reuniu um grupo composto por operários, sindicalistas, estudantes, profissionais diversos e cientistas na Bolsa de trabalho de Turim, com o intuito de investigar o meio de trabalho para que, conhecendo melhor esse meio, pudessem surgir propostas para a transformação deste. Oddone fazia surgir, assim, uma nova forma da fazer pesquisa que alterava os métodos tradicionais, uma vez que, cada ator desse grupo se tornaria co-autor da pesquisa, cada um portando o seu saber específico. Consideramos fundamental pesquisar as estratégias utilizadas pelos educadores no sentido de resistir às tentativas de desqualificação do trabalho docente. Dentro de um projeto maior, Trabalho e saúde nas escolas: uma proposta de análise das condições de trabalho nas escolas públicas do E.S., elaboramos um programa de formação para educadores da rede publica da Grande Vitória-ES, onde a metodologia utilizada foi a CAP. Pensamos, então, para este sub-projeto, estar fazendo uma análise do processo de formação desta CAP, utilizando como parâmetro as CAPs do Rio de Janeiro e da Paraíba.
METODOLOGIA:
Levantamento bibliográfico sobre a perspectiva teórica da pesquisa, produção de fichamentos, realização de oficinas enquanto observatório de como está se dando a formação da CAP na região da Grande Vitória-ES, elaboração de um roteiro de entrevista semi-estruturado que foi utilizado para entrevistar trabalhadores e pesquisadores das três cidades envolvidas (Rio de Janeiro, Paraíba e Vitória) no processo da pesquisa, gravação e transcrição das entrevistas realizadas, para análise posterior.
RESULTADOS:
Através das entrevistas, pudemos ver que cada cidade tem suas particularidades: ao perguntarmos de onde que partiu a demanda para a realização do Programa de Formação em Saúde e trabalho (PFIST), ouvimos que na Paraíba (PB), essa demanda foi provocada; no Rio de Janeiro, o programa foi sendo construído junto com os trabalhadores a partir de um processo de estudos que já estava acontecendo; em Vitória foi uma demanda provocada pelos pesquisadores da Ufes. As categorias de trabalhadores que constituíram o grupo, foram, na PB, diretores adjuntos de escola, secretárias, merendeiras e professoras; no RJ, foram merendeiras, serventes, professores, um vigia e uma pessoa da manutenção da escola; em Vitória, professores regentes. A Formação da CAP nos três municípios levou em consideração a metodologia das CAPs, onde, para formação do grupo que faria o curso, houve uma participação do sindicato. Mudanças no sentido de produção de saúde foram relatadas em todos os municípios. Participação efetiva por parte do sindicato, desde a escolha dos trabalhadores que participaram do programa, no processo da formação e, atualmente, na implementação dos observatórios de saúde.
CONCLUSÕES:
Percebemos, durante a pesquisa/programa de formação, o quanto que o programa tem aumentado a visibilidade para uma potência de luta contra as adversidades do trabalho e o exercício de autonomia exercido. A importância da autonomia para a realização do trabalho tem sido ressaltada, como um aliado para que se faça um trabalho de maneira saudável. Percebemos, também, que a apropriação dessa tecnologia – CAP - tem ajudado os trabalhadores a atuarem como protagonistas na luta pela própria saúde, assim como a importância do diálogo, da confrontação dos pontos de vista e da circulação de informação.Percebemos também que a metodologia utilizada nos programas de formação, apresenta singularidades que falam dos diferentes contextos em que se efetivam, o que nos leva a afirmar, provisoriamente, que a metodologia CAP não pode se constituir como um modelo ideal, mas um caminho ético-político que acompanha o movimento das paisagens psicossociais dos contextos onde operam. É preciso que haja flexibilidade para criarmos novas estratégias de atuação, afinal, trabalho é variabilidade, é criação.
Instituição de fomento: CNPq
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  saúde; trabalho; comunidade ampliada de pesquisa.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005