IMPRIMIR VOLTAR
D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 7. Enfermagem
FORMAÇÃO DO AUXILIAR DE ENFERMAGEM VIA OPERADORA FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ
Fátima Maria Araújo Bertini 1, 2 (fátimabertini@yahoo.com.br), Luiz Lacerda Sousa Cruz 1, 3, 4, 5, Maria Celsa Franco 3, 4, Clara de Assis R. Araújo 3, 4, Maria Siqueira de Souza 3, 4, Francisca Gomes Montesuma 3, 4, Francisca Heronildes P. Caetano 4, Modesta Maria de Moura Simões 4, Jacqueline A. Cavalcante 4 e Maria Odileiz Sousa Cruz 6
(1. Hospital Universitário Walter Cantídio, Fac. Medicina - UFC; 2. Mestrado Acadêmico em Psicologia, Fac. de Psicologia - UFC; 3. Depto. de Enfermagem, Fac. de Enfermagem - UECE; 4. PROFAE/MS - UECE; 5. Depto. de Enfermagem, Fac. Católica Rainha do Sertão - FCRS; 6. Depto. De Língua Vernácula, Fac. de Letras - UFRR)
INTRODUÇÃO:
O presente estudo fornece informações técnicas e administrativas referente ao Curso de Qualificação Profissional de Auxiliar de Enfermagem (QP), oferecido a pessoas cadastradas no Projeto de Profissionalização dos Trabalhadores da Área de Enfermagem (PROFAE), atendidos pela Operadora Fundação Universidade Estadual do Ceará (FUNECE), no período de abril/2002 à abril/2003. A análise deste estudo está inserida na avaliação mais ampla que a coordenação do PROFAE/FUNECE está desenvolvendo sobre os níveis de alcances dos propósitos do PROFAE no Estado do Ceará. Desde já o estudo contempla aspectos pedagógicos, dificuldades enfrentadas e superadas na efetivação do plano de curso, atividades realizadas pelo grupo gestor, pelos facilitadores e pelo pessoal de apoio administrativo. O grande objetivo implementado pelo PROFAE em todo território nacional é “investir na qualificação profissional dos trabalhadores de Enfermagem, melhorando a assistência à saúde da população” (BRASIL, 2002a, p. 9). Por os auxiliares de enfermagem comporem o maior contingente de profissionais na Saúde (BRASIL, 2002b), acredita-se que sua qualificação melhorará a assistência. Tal qualificação requer atitudes críticas e participativas de alunos e docentes na avaliação das ações veiculadas pelo PROFAE, avaliação essa que, por seu turno, requisita estudos voltados para a compreensão de fatores ligados à execução do Projeto.
METODOLOGIA:
O entendimento de aspectos ligados à efetivação do QP via PROFAE/FUNECE foi pautado em uma metodologia que privilegiou a “socialização das experiências da supervisão e dos subsídios para a reflexão sobre avaliação no PROFAE” (BRASIL, 2002a, p.116), via análise documental dos dados secundários do relatório de conclusão do Curso ocorrido no período de abril/2002 a abril/2003, elaborado pela coordenação da Operadora. A análise qualitativa desses dados contemplou tanto cada conteúdo em particular quanto à relação do conjunto de todas as categorias analíticas (MINAYO, 1992) formuladas no quadro teórico referencial da educação profissional reflexiva (SCHÖN, 2000; SAVIANI, 1992) e o da fundamentação política do PROFAE (BRASIL, 2002a; 2002b). A técnica utilizada para a identificação e explicação das categorias analíticas do estudo foi a de impregnação, que consiste em tomar contato exaustivo com o material deixando-se impregnar pelo seu conteúdo, tanto na leitura vertical de cada resposta quanto na leitura horizontal de seu conjunto (MINAYO, 1992). As categorias analíticas do estudo foram: recursos de apoio pedagógico; metodologia de atendimento ao aluno trabalhador; dificuldades encontradas na operacionalização das turmas; estratégias de resolução das dificuldades.
RESULTADOS:
As 50 turmas que fizeram o Curso foram acompanhadas pelos Coordenadores Pedagógicos, em visitas quinzenais na capital e mensal no interior. Os registros das atividades dos alunos ocorreram em diários de classe, relatórios dos facilitadores, dos coordenadores pedagógicos e locais. Facilitadores e alunos planejaram estratégias de avaliação e recuperação durante todo o curso. O acompanhamento deu-se por contatos telefônicos, comunicação via fax, e-mail e por visitas dos supervisores da Agência Regional. Um dos problemas detectados foi a dificuldade de deslocamento de alunos da zona rural para a sede do curso. Alguns gestores locais conseguiram transportes para esses alunos e o MS também contribuiu com o auxílio-aluno. Outra dificuldade ocorreu na realização dos estágios de Enfermagem em Saúde Coletiva, por os mesmos ocorrerem nos turnos da manhã e da tarde, horários em que muitos alunos estavam trabalhando e encontravam dificuldades para se ausentar do trabalho. Uma estratégia para realizar o estágio foi pedir antecipação de férias e folgas; outra foi realizar estágio nos finais de semana em uma única Unidade de Saúde em regime de 24 horas. Tal ansiedade passou a receber um peso maior com a promulgação da Resolução do COFEN/2003, que determina um prazo de cinco anos para que os Auxiliares de Enfermagem, em todo o país, complementem a sua qualificação profissional com o módulo que os habilitará a Técnico de Enfermagem, até o ano de 2008.
CONCLUSÕES:
Esta análise sobre a formação do auxiliar de enfermagem constatou que a operadora FUNECE, tendo em vista a concepção emancipatória do projeto político-pedagógico do curso de qualificação profissional do auxiliar de enfermagem, utilizou instrumentos de caráter diagnóstico, onde cada aluno teve o desempenho avaliado em termos de domínio de competências, habilidades técnicas, científicas e do desenvolvimento de atitudes éticas, políticas e sócio-humanistas. A partir da interação professor-aluno e por intermédio dos instrumentos de supervisão foram identificados no curso, problemas, estratégias, alternativas de intervenção, acompanhamentos e encaminhamentos. Foi verificado que uma preocupação constante entre os alunos concludentes de QP, provinha da incerteza sobre a continuidade de seus estudos na modalidade complementar. Tal dificuldade foi compartilhada com os supervisores do PROFAE/MS no Estado do Ceará. Dentre outras dificuldades de difícil solução enfrentadas pelos alunos do curso, cite-se, em síntese, a faixa etária, em sua maioria, avançada, o cansaço físico e mental devido à tripla jornada de trabalho, as precárias condições sócio-econômicas, as dificuldades na assimilação e no entendimento do conteúdo programático requeridas para o nível do curso.
Palavras-chave:  Avaliação; Curso de qualificação profissional; Auxiliar de enfermagem.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005