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G. Ciências Humanas - 7. Educação - 6. Educação Especial | ||
PROBLEMAS AMBIENTAIS URBANOS: UM DOS FATORES DE LIMITAÇÃO A INTEGRAÇÃO SOCIAL DOS PORTADORES DE NECESSIDADES ESPECIAIS. | ||
Gláucia de Jesus Costa. 1 (rytglau@yahoo.com.br), Vera Lúcia Martins Figueiredo. 1, Heverton Cícero Pinheiro de Andrade 1 e Everson Carlos Nascimento Oliveira 1 | ||
(1. Coordenação da licenciatura em geografia, Centro Federal de Educação Tecnológica do Pará- CEFET/Pa.) | ||
INTRODUÇÃO:
Esta pesquisa visa correlacionar dois temas de alta relevância para a sociedade: a inclusão social dos PNEs (pessoas com necessidades especiais) e os problemas ambientais urbanos. Geralmente quando se discute esse tema tem-se a tendência a atrelá-lo somente ao ambiente escolar, dessa forma, é dado a escola o papel de redentora de uma sociedade incapaz de assistir às pessoas com deficiência. Porém sabemos que a dimensão da problemática ultrapassa a realidade escolar e atinge à todos os níveis da vida em sociedade. A escolha do meio ambiente urbano como core de nossa pesquisa, justifica-se pelo fato de que é nesse espaço que ocorre com maior intensidade a exclusão dos PNEs. Às tradicionais formas de exclusão social dessas pessoas como: transportes, estruturas de edifícios e cidades; aliaram-se problemas ambientais urbanos – um vilão que passa desapercebido da maioria dos estudiosos sobre o assunto. Problemas como o lixo, a poluição sonora e visual nunca são analisados com a devida preocupação com os PNEs. Nossa pesquisa evidencia a existência de uma dicotomia entre os temas, o que fica evidente quando constatamos que problemas no meio urbano nunca são apontados como fatores de exclusão social. Diante dessa realidade nossa pesquisa tem por objetivo chamar a atenção da sociedade para a exclusão inconsciente que a mesma realiza, por não perceber a agressão ao meio ambiente – em especial o urbano – como uma forma de agressão a portadores de deficiência. |
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METODOLOGIA:
Utilizamos em nossa pesquisa os métodos de coleta “observação participante”, que consiste em uma estratégia de campo combinando simultaneamente a análise documental, a entrevista de respondentes e informantes, a participação e observação direta e a introspecção. Além da “observação participante”, utilizamos a “entrevista estruturada” com pessoas com necessidades especiais, método que consistiu em um roteiro de perguntas sobre as dificuldades encontradas no dia-a-dia com problemas como o lixo e poluição nos centros urbanos. A junção desses elementos nos proporcionou uma apresentação precisa dos dados obtidos, isso ocorreu porque com a entrevista dos PNEs e a leitura de obras que tratam do tema inclusão social foi possível a constatação de que nas obras científicas há uma desvinculação da problemática: problemas ambientais urbanos versus exclusão social dos PNEs. Problemática que foi relatada nas entrevistas dessas pessoas como sendo mais um dos inúmeros problemas que os mesmos encontram no seu cotidiano. |
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RESULTADOS:
A análise dos dados obtidos durante a realização da pesquisa permite-nos evidenciar que inclusão social dos PNEs ultrapassa qualquer limite que lhe tentem impor, dentre os quais o meio urbano tem-se constituído numa vertente muito importante para que essa inclusão aconteça. Pois, ainda é possível observarmos uma desastrosa falta de consciência da população que polui os centros urbanos, dessa forma mostrando que a cultura brasileira ainda padece de uma consciência arcaica de que o espaço público é somente de responsabilidade do governo. Nossos estudos demonstraram que além da falta de consciência ambiental por parte da população em geral, o agravamento dos problemas ambientais urbanos se devem a uma resistente posição do Estado em tratar os problemas ambientais do espaço urbano como tema de importância secundária. Observou-se que grande parcela de deficientes ou já sofreram algum tipo de acidente por causa do excesso de poluição nas ruas ou conhecem alguém que já sofreu. Há casos em que para não correr o risco de acidentes os mesmos têm que recorrer a terceiros, dessa forma configura-se o processo de exclusão social dos PNEs no meio urbano, pois retira-lhes a possibilidade de realizar tarefas que seriam capazes de realizar sozinhos. Nossa pesquisa vislumbrou que defender o meio ambiente é conscientizar as pessoas de que a natureza não é somente preservar a fauna e a flora, mais também solucionar os problemas urbanos e dessa forma garantir uma boa qualidade de vida. |
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CONCLUSÕES:
A oportunidade de manter uma estreita relação de convivência e de trabalho com pessoas com necessidades especiais, permiti-nos concluir que exclusões inconscientes da maioria das pessoas como, por exemplo, os problemas ambientais urbanos se constituem em mais um desafio imposto pela sociedade aos PNEs, pessoas que são prejudicadas pela nossa falta de educação. Não se pode pensar em inclusão social somente a partir do espaço escolar, logo temos que pensar em um universo muito mais amplo como o meio urbano, onde a prática da exclusão de minorias sociais como os PNEs, ocorre com maior intensidade. O simples ato de se jogar papel no chão ou deixar o lixo em esquinas de ruas pode parecer inofensivo ao olhar de quem joga, porém sabemos que existem pessoas que apresentam alguma deficiência física ou mental e que por isso não tem muitas vezes como se desviar desses perigos criados, como já dissemos anteriormente de maneira inconsciente, por pessoas que não associam preservação ambiental como forma de inclusão social. Desse modo mais uma vez resta-nos chamar a atenção para a importância de uma educação ambiental efetiva, que não limite-se ao discurso, porém que realmente seja comprometida com os princípios de qualquer país democrático: o direito de ter direitos. |
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Palavras-chave: PNEs :pessoas com necessidades especiais; Exclusão social; Problemas ambientais urbanos. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |