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G. Ciências Humanas - 7. Educação - 3. Educação Ambiental | ||
A EDUCAÇÃO AMBIENTAL E A ANÁLISE POLÍTICO-ECONÔMICA DA REALIDADE | ||
Elisabeth de Assis Mota 1 (elisabethmota@hotmail.com) e Sandro Tonso 1 | ||
(1. Centro Superior de Educação Tecnológica, Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP) | ||
INTRODUÇÃO:
A visão antropocêntrica de mundo, que caracteriza a maior parte das sociedades, leva à construção de relações sociais nas quais a natureza é colocada a serviço do homem. Na sociedade capitalista contemporânea, caracterizada pela reificação das relações, pela apologia do consumo e pela produção em massa, tal relação homem-natureza se intensifica, levando à extrema degradação ambiental. Diante da destruição sistemática do meio ambiente, esta questão surge como debate imprescindível nos processos educacionais, configurando a Educação Ambiental. Por ser um debate relativamente recente, há, na Educação Ambiental, muitas divergências acerca do enfoque a ser conferido à temática. Em sua maioria, os trabalhos nesta linha não destacam a discussão do modo de produção enquanto fator de influência direta na cultura social. O presente trabalho objetivou destacar as contribuições, bem como os limites, que a análise da realidade político-econômica tem a oferecer para o debate da Educação Ambiental. Desta forma, parte-se do pressuposto de que o desvelamento das relações estabelecidas entre o modo de produção e a construção da cultura social permitem ao sujeito melhor compreender seu papel social e intervir na realidade concreta. Devido à emergência da temática, a qual remete-nos diretamente às condições necessárias para a reprodução de todas as formas de vida, inclusive a humana, esta pesquisa se mostra relevante tanto no espaço acadêmico quanto nas demais esferas de debate da sociedade. |
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METODOLOGIA:
O método utilizado foi o dialético, pois permite considerar as diversas variáveis que compõem a realidade social, destacando suas contradições em busca de sua superação. Os principais procedimentos de pesquisa adotados foram o fichamento bibliográfico e análise de obras, documentos e artigos de revistas e jornais relacionados ao tema, participação em eventos sobre assuntos relacionados e a observação de projetos em Educação Ambiental desenvolvidos na região de Campinas-SP. A análise bibliográfica-documental compreendeu o estudo e fichamento das obras teóricas, bem como debates em grupo e discussões com o orientador sobre a temática em questão. A observação dos projetos se deu de forma não-participante, restringindo-se os autores a constatar qual o destaque dado pelo projeto analisado à temática da realidade político-econômica na questão ambiental. |
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RESULTADOS:
Observou-se que nas obras teóricas a abordagem da influência do modo de produção na questão ambiental é realizada sob diferentes enfoques, dos quais muitos destacam a importância de se considerar tal questão no debate da Educação Ambiental. Entretanto, observou-se que na prática dos projetos em Educação Ambiental este debate ocorre, geralmente, de forma superficial. Estes projetos priorizam a discussão de temas como, por exemplo, a reciclagem de lixo, sem anteriormente debater os fatores que desencadearam a problemática da produção exagerada de lixo, debate que perpassa a relação entre o modo de produção e as relações homem-natureza estabelecidas no interior do mesmo, caracterizadas pelo consumismo, o individualismo, a desigualdade social, entre outros. Outras temáticas comumente observadas em tais projetos e que pecam pela mesma característica são a problemática do desmatamento, do efeito estufa e a contaminação do solo e da água. |
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CONCLUSÕES:
A pesquisa atingiu seus objetivos, pois com os resultados obtidos, foi possível delinear limites e contribuições da análise da realidade político-econômica para a Educação Ambiental. Ao considerar esta realidade, a Educação Ambiental encontra caminhos para trabalhar com o sujeito este conhecimento sobre a própria história e sobre a dinâmica do processo social no qual está incluído, fornecendo-lhe elementos para identificar, questionar e transformar em seu cotidiano suas relações com a natureza. A pesquisa evidenciou que a Educação Ambiental deve ser trabalhada de forma global, abordando o ser, o meio e as condições em que ele vive, de forma que o sujeito se sinta parte do meio em que vive, tendo consciência do seu papel e partindo então para a mudança local, regional e global de si e do meio. Foi possível observar também que um dos limites deste debate consiste na dificuldade em tornar esta temática complexa acessível a todos os interlocutores de um trabalho em Educação Ambiental. Por fim, diante das contribuições que o debate oferece à Educação Ambiental, cabe aos educadores ambientais procurar superar os limites ainda existentes, materializando em seu dia a dia estas reflexões. |
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Trabalho de Iniciação Científica | ||
Palavras-chave: educação ambiental; modo de produção; sociedade. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |