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H. Artes, Letras e Lingüística - 3. Literatura - 1. Literatura Brasileira | ||
A EXPRESSÃO ALEGÓRICA EM DESENREDO E REMINISÇÃO | ||
Robeilza de Oliveira Lima 1 (robeilza@yahoo.com.br) e Joselita Bezerra da Silva Lino 1 | ||
(1. Depto. de Letras, Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN) | ||
INTRODUÇÃO:
Este trabalho faz parte do projeto A alegoria em Guimarães Rosa, orientado pela Profª. Drª. Joselita Bezerra da Silva Lino e está vinculado à base de pesquisa Estudos da Modernidade. O estudo visa observar os procedimentos alegóricos presentes nos contos Desenredo e Reminisção, da obra Tutaméia, de Guimarães Rosa. Esses procedimentos são a fragmentação e a recriação da escritura (na sua desconstrução e construção), e ainda os aspectos dialéticos relativos a essa escritura. Com base neste estudo, acreditamos ser possível interpretarmos muitos dos elementos que constituem a escritura de Guimarães Rosa sob a perspectiva alegórica benjaminiana, o que pode sinalizar para um novo direcionamento nas leituras feitas desse grande escritor brasileiro. |
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METODOLOGIA:
A pesquisa nos dois contos tem como base a concepção sobre a alegoria barroca de Walter Benjamin no capítulo Alegoria e drama barroco em Origem do Drama Barroco Alemão. Para tanto, buscaremos estabelecer uma relação entre suas temáticas, analisando-os comparativamente a fim de realçar as semelhanças e diferenças quanto ao emprego de tais procedimentos. Nosso suporte metodológico compreende a semiótica, a filosofia e a crítica literária. |
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RESULTADOS:
A presença de frases entrecortadas e lacônicas em Desenredo e Reminisção é uma viva expressão da fragmentação alegórica. É através de uma pontuação inusitada, repleta de reticências que essas frases são interrompidas, destituídas da matéria verbal. Nesses dois contos, essa fragmentação é evidenciada também através das expressões inusitadas que remetem a uma desconstrução e reconstrução alegórica: [...] feia feito fritura queimada, ximbé-ximbeva; [...] (T, p. 126) Além disso, observamos que a expressão alegórica é ambígua, capaz de apresentar uma múltipla significação, mas essa é justamente a riqueza dessa forma de expressão. Em ambos os contos isso transparece já na pluralidade de nomes das personagens principais: Chamando-se Livíria, Rivília ou Irlívia [...] (T, p. 72) e [...] Nhemaria, mais propriamente a Drá, dita também a Pintaxa [...] (T, p. 126) É justamente essa ambigüidade e essa multiplicidade de significados que possibilita o princípio básico da alegoria Cada pessoa, cada coisa, cada relação pode significar qualquer outra. (Benjamin, 1984, p. 197) se concretizar nos dois contos, pois as coisas podem se transformar ao máximo de suas possibilidades. Não só isso, esse procedimento cria condições para o surgimento da dialética alegórica em que tudo é e não é, reversivelmente, como observamos no fragmento abaixo de Reminisção: Da Drá, num estalar de claridade, nela se assumia toda a luminosidade, alva, belíssima, futuramente... o rosto de Nhemaria. (T, p. 129). |
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CONCLUSÕES:
Pelo trabalho que efetuamos, percebemos que a fragmentação em Desenredo e Reminisção ocorre quando as palavras da linguagem cotidiana, clichê, são desconstruídas e em seguida, reconstruídas, ganhando novas formas e significações. E ainda, notamos que a ambigüidade e a multiplicidade presentes nesses contos, expressas em suas personagens, são essenciais na construção alegórica e criam condições para o surgimento da dialética nos textos. |
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Trabalho de Iniciação Científica | ||
Palavras-chave: alegoria; fragmentação; multiplicidade. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |