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D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 5. Enfermagem Pediátrica
O CUIDADO AO BEBÊ PRÉ-TERMO - SENTIMENTOS DA MÃE ADOLESCENTE
Natália Rocha Chagas 1, 2 (emanuelmoura @yahoo.com.br) e Ana Ruth Macêdo Monteiro 1, 3
(1. Universidade Estadual do Ceará; 2. Pronto Socorro Infantil; 3. Hospital de Messejana)
INTRODUÇÃO:
O nascimento de um bebê prematuro desperta na mãe uma série de sentimentos como medo, tristeza e ansiedade, podendo comprometer seu relacionamento com o filho, bem como o seu modo de cuidar, em especial quando este acontecimento ocorre com mulheres que estão na adolescência, período de intensas transformações biopsicossociais. Assim, as equipes de saúde das unidades neonatais devem estar atentas para identificar fatores que dificultem a interação mãe-bebê, e promovendo a formação de laços afetivos entre ambos. Pretende-se, portanto, conhecer os sentimentos das mães adolescentes em relação aos filhos prematuros para propiciar aos profissionais de saúde que atuam em neonatologia a oportunidade de compreendê-las melhor, para, conseqüentemente, melhor assisti-las. Acredita-se que este estudo possa dar subsídios para que a equipe de saúde possa, cada vez mais, incluir as mães nos cuidados aos bebês, não tomando para si toda a assistência, mas, permitindo a elas adquirirem as competências necessárias para o cuidado em casa após alta hospitalar. O estudo objetiva descrever os sentimentos de mães adolescentes ao cuidarem de filhos prematuros; identificar os fatores que interferem no processo de cuidar dessas mães com seus filhos, e, descrever o envolvimento das mães adolescentes no cuidado aos filhos prematuros.
METODOLOGIA:
Estudo qualitativo. Participaram mães adolescentes de bebês prematuros, que estavam acompanhando os filhos no período da coleta de dados, nos meses de agosto a outubro de 2004, em UTIN de três instituições públicas (A, B e C) de referência em assistência obstétrica, localizadas no município de Fortaleza-CE. A amostra foi composta por 20 mães às quais foi possível o acesso e que concordaram em responder as perguntas, e contemplou os seguintes critérios de seleção: adolescentes, com idade compreendida entre 10 a 19 anos, e, que sejam mães de crianças com menos de 37 semanas de gestação. Foi realizado o mesmo número de visitas às três instituições, sendo que das 20 mães participantes do estudo, 12 encontravam-se na instituição A, 5 na instituição B e 3 na instituição C. Cabe salientar, que nos hospitais A e C não existia serviço de vigilância epidemiológica que fornecesse dados que permitissem identificar devidamente os critérios de inclusão, e no hospital B, o referido setor não encontrava-se em funcionamento em nenhuma das visitas. A amostra foi constituída de maneira aleatória, sem uma prévia determinação do número de elementos participantes, e a coleta de dados prosseguiu até o momento em que passou a existir convergência entre os discursos. Para coleta de informações foi utilizada a entrevista semi-estruturada e a observação direta. A entrada em campo para coleta de dados foi precedida de encaminhamento e aprovação do projeto pelo Comitê de Ética em Pesquisa.
RESULTADOS:
As vinte entrevistadas são adolescentes com idade variando de 15 a 19 anos. A idade gestacional de seus RN ao nascimento variou de 22 a 36 semanas, e o período de internação deles foi de três dias a um mês e 26 dias. A análise temática das informações obtidas através das entrevistas com as mães adolescentes, aliadas à observação, permitiu evidenciar três categorias pertinentes ao estudo, assim identificadas: participando do cuidado na UTI, o envolvimento nos cuidados ao filho; a expectativa do retorno para casa. As falas das adolescentes evidenciam receio de que possam causar algum prejuízo à saúde dos RN ao manuseá-los. A realização dos cuidados com o bebê gera satisfação nas mães adolescentes, que passam a se sentir cada vez mais capazes de exercer seu papel de mãe. Percebe-se nos relatos, que elas gostariam de ter a oportunidade de efetuar mais cuidados, porque nem sempre o que fazem é o bastante para elas. A principal dificuldade que as mães adolescentes referiram quanto ao seu
relacionamento com os bebês, diz respeito a prematuridade. As adolescentes demonstram interesse em colher qualquer tipo de informação relativa ao seu bebê. Observam os procedimentos, interrogam, e algumas chegam até a ler o prontuário, tamanha sua curiosidade a respeito da evolução do filho. Dos discursos de algumas adolescentes apreende-se o desejo em levar os filhos para casa para brincar com eles indica a necessidade das mães em interagir mais com os bebês.
CONCLUSÕES:
As mães adolescentes realizam principalmente os cuidados relativos ao conforto e alimentação dos bebês nas UTIN, e apontaram como dificuldades no relacionamento com os filhos: o medo de manuseá-los, por sua fragilidade fisiológica e constitucional; a impossibilidade de amamenta-los ao seio, e, a falta de recursos financeiros para se dirigirem ao hospital com maior freqüência após a alta. O envolvimento nos cuidados ao filho foi evidenciado pelo interesse das mães em obter informações junto à equipe e acompanhar de perto todos os procedimentos, todo o tratamento passo a passo. Acreditamos que ao entender os sentimentos que as mães carregam consigo, é possível afastar medos, incertezas, insegurança, prestar apoio em momentos de desânimo e/ou tristeza, bem como, reforçar atitudes positivas quanto a recuperação dos bebês. Tornar o hospital um local menos hostil, o ambiente da UTIN mais acolhedor, indo além do simples uso de enfeites decorativos nas paredes e nas incubadoras, talvez chamasse a mãe para junto de seu filho de maneira mais efetiva. Considera-se que, desta forma, a mãe, assistida emocionalmente e com suporte de conhecimentos para cuidar de seu filho em casa, sentir-se-á valorizada, importante, e por outro lado, a equipe de saúde se sentirá satisfeita por seu trabalho, o que irá garantir a recuperação mais rápida dos RN.
Palavras-chave:  Prematuro; Cuidado; Comportamento do Adolescente.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005