|
||
G. Ciências Humanas - 4. Geografia - 3. Geografia | ||
PECÉM ONTÉM E HOJE: USO, OCUPAÇÃO E IMPACTOS SÓCIOAMBIENTAIS NA ZONA COSTEIRA. | ||
Maria Flávia Coelho Albuquerque 1 (flavia_calbuquerque@yahoo.com.br), Fábio Perdigão Vasconcelos 2, Fabiana Lima Abreu 3, Cristiane Alencar Lima 4 e Rony Iglécio Leite de Andrade 5 | ||
(1. Mestrado Acadêmico em Geografia, Universidade Estadual do Ceará- UECE; 2. Mestrado Acadêmico em Geografia, Universidade Estadual do Ceará- UECE; 3. Mestrado Acadêmico em Geografia, Universidade Estadual do Ceará- UECE; 4. Mestrado Acadêmico em Geografia, Universidade Estadual do Ceará- UECE; 5. Departamento de Geociências, Universidade Estadual do Ceará- UECE) | ||
INTRODUÇÃO:
Pecém é um distrito costeiro que se localiza no município de São Gonçalo do Amarante, no litoral oeste do estado do Ceará a 42 Km da capital Fortaleza. A escolha dele para estudo é justificada pela intensa transformação que esse ambiente vem passando, sem que se conheça a opinião da população local quanto a essas modificações impostas ao seu espaço. As primeiras formas de uso da zona costeira do Pecém foram feitas pelas populações indígenas, quando a relação homem x natureza acontecia de forma harmônica, sem interferências significativas que alterasse esse equilíbrio. No Pecém o crescimento populacional se deu de forma desordenada, ocupando áreas não apropriadas, perturbando o fluxo sedimentar na planície litorânea, ocasionando processos erosivos na faixa de praia. Hoje além dos processos de urbanização o distrito do Pecém apresenta atividades econômicas diversificadas como a industrialização, o turismo, a pesca artesanal, a confecção de artesanatos e o comércio, que se desenvolvem no mesmo espaço geográfico, aumentando o risco de conflitos de interesses no lugar. Desta forma o objetivo principal desse trabalho é fazer um estudo sobre os diferentes usos e ocupação do espaço costeiro do Pecém, identificando os conflitos sócio-ambientais dessa relação homem natureza, tentando mostrar a necessidade de uma Gestão Integrada da Zona Costeira (GIZC). |
||
METODOLOGIA:
A metodologia utilizada nessa pesquisa foi a história oral e a de check-list, embasada na Teoria da Complexidade, proposta por Edgar Morin. A primeira etapa, desse estudo, constou de revisão bibliográfica com o objetivo de conhecer melhor a área, inclusive os agentes naturais atuantes na dinâmica costeira local e sua sócio-economia. Num segundo momento foi feita a etapa de campo, esta foi imprescindível para a atualização das fontes cartográficas e para os registros fotográficos dos diferentes usos desse território e dos impactos ambientais identificados. Além disso, foram aplicados entrevistas semi-estruturadas e questionários com os diversos atores que vivem no local, possibilitando a identificação dos principais problemas sócio-ambientais resultantes das diferentes formas de apropriação desse espaço litorâneo, permitindo o direcionamento da análise a ser feita. Numa terceira etapa, para um melhor entendimento do ambiente costeiro estudado, foram identificadas através de imagens de satélite e checagem em campo, as principais unidades geoambientais que fazem parte desse distrito. Esses dados permitiram a realização de um mapa de compartimentação geoambiental na escala de 1:30.000. |
||
RESULTADOS:
A partir da década de 1950 começaram a ocorrer nessa zona costeira impactos sócioambientais negativos consideráveis, como: o surgimento do veranismo como uma forma não sustentável de apropriação do território do Pecém. Os pescadores que venderam suas casas para veranistas passaram a morar mais distante do seu local de trabalho (o mar) e outros abandonaram a profissão para trabalharem como caseiros nas casas de veraneio. Houve o aterro e a ocupação de parte do mangue do riacho Guaribas para a construção de casas. Os esgotos domésticos e o lixo produzido passaram a ser lançados no mangue, poluindo-o. Com isso diminuiu a pesca do caranguejo e conseqüentemente o número de marisqueiras, provocando uma perda da renda familiar. Na década de 1990 as instalações terrestres do Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP) foram fixadas sobre dunas, terraços e faixa de praia. Muitas famílias foram desapropriadas para dar lugar ao CIPP, de um lado havendo resistência e de outro a esperança de que a economia local iria melhorar. Ainda nessa década Pecém recebeu incentivos do PRODETUR com infra-estrutura turística. Houve ainda a redução do número de jovens pescadores e de jovens agricultores, aumento da violência, de assaltos, da insegurança, do número de desempregados, da prostituição e do uso de drogas. |
||
CONCLUSÕES:
Os problemas sociais e ambientais resultantes dessa crescente litoralização não é fator isolado. O Pecém se destaca por ter sido alvo de incentivos destinados ao mesmo tempo para o turismo e para a industrialização, atividades naturalmente antagônicas que geraram nesse lugar mudanças sociais e ambientais de cunho considerável. Essas atividades foram destinadas para esse distrito sem que a população fizesse parte dessa escolha. É preciso que as populações litorâneas sejam ouvidas. As mudanças desejadas para o seu território têm que partir do local para o global, ou seja, da comunidade para o governo e não ao contrário. No Pecém as principais mudanças desejadas pelos habitantes, hoje, são: a implantação de um centro de artesanato, regatas e caminhadas ecológicas, marketing das belezas naturais e da cultura local para atrair mais turistas, usar o porto como atrativo turístico, cursos de capacitação para lidar com o turista, mecanismo de proteção anti-poluição nas indústrias a serem instaladas, melhoria da infra-estrutura turística, mudanças que irão gerar emprego e renda. Desta forma, para se chegar a um desenvolvimento sustentável da zona costeira do Pecém é preciso a realização de uma gestão integrada dessa área e a execução de políticas públicas preocupadas com o bem estar da população. |
||
Instituição de fomento: FUNCAP | ||
Palavras-chave: Zona costeira; impactos socio-ambientais; uso e ocupação. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |