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H. Artes, Letras e Lingüística - 3. Literatura - 2. Literatura Comparada | ||
QUANDO A LINGUAGEM SE TORNA ALEGORIA... | ||
Ana Roberta da Rocha Moreno 1 (roberta-moreno@hotmail.com) e Joselita Bezerra Lino 1 | ||
(1. Depto. de Letras, Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN) | ||
INTRODUÇÃO:
A presente pesquisa propõe o estudo das características pertencentes ao fenômeno da linguagem alegórica na obra de João Guimarães Rosa. Tal recurso denomina-se alegoria barroca e é orientado segundo a concepção de Walter Benjamin. O principal objetivo deste trabalho é observar os procedimentos alegóricos presentes no livro Sagarana, publicado em 1946, no qual a fragmentação e a recriação da escritura tornam-se os elementos que transformam a palavra em alegoria. O intuito maior é o diálogo com a produção rosiana, buscando ressaltar imagens que se aproximam e se contrapõem, baseando-se nos conceitos existentes na Crítica Literária, na Semiótica e na Filosofia. |
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METODOLOGIA:
Foi realizada uma leitura preliminar da obra em questão e do texto teórico Alegoria e drama barroco, de Walter Benjamin, que funcionou como respaldo para o desenvolvimento do trabalho. A essa leitura inicial, seguiu-se a organização de um fichário composto pelos dados retirados dos textos lidos e, posteriormente, compreendendo fichas com referências bibliográficas de estudos críticos sobre a obra. Foram realizadas também visitas periódicas a bibliotecas e a realização de debates com os demais componentes do núcleo de pesquisa; além de novas leituras de Sagarana, sempre considerando suas temáticas principais. Tencionou-se estabelecer uma ponte entre as novelas do livro nas quais pudessem ser identificados os elementos alegóricos que os permeiam e aproximam, seguindo sempre a ótica benjaminiana. |
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RESULTADOS:
Os resultados podem ser visualizados através das relações estabelecidas entre as novelas “O Burrinho Pedrês” e “A Hora e Vez de Augusto Matraga”. Ambas se aproximam e entrelaçam; a primeira e a última novelas, como acentuar as características das demais, apresentam digressões filosóficas e monólogos interiores que culminam por buscar desvendar o universo dos homens, dos bichos e das coisas que povoam o mundo, propiciado uma espécie de ritual de iniciação ao longo da leitura. Tal “iniciação” ocorre quando se consegue compreendê-las em sua simbologia, na cosmovisão alógica, mágica, mítica e poética que humaniza em sentido profundo os protagonistas e universaliza o sertão. A linguagem metafórica torna-se, então, alegoria. |
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CONCLUSÕES:
Em sua obra, Guimarães Rosa conseguiu vasculhar a alma humana e captar sua inquietações, conflitos e anseios sem perder o sabor da psicologia, da língua e dos valores do homem do sertão. Existe sempre um mundo escondido atrás daquele visível; tudo é mais fabuloso do que aparenta ser. A linguagem é o principal agente responsável pela desconstrução / construção / reconstrução que envolve seu modo de escrever. Este trabalho buscou, portanto, aproximar temas presentes no livro, como a aventura, a morte, a antropomorfização dos animais e as reflexões subjetivas e filosóficas sobre a própria vida. Ou seja, realizou-se uma busca pelas características da linguagem rosiana, sempre metafórica e acidentada, uma linguagem essencialmente barroca e se tornando alegoria. |
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Trabalho de Iniciação Científica | ||
Palavras-chave: João Guimarães Rosa; Alegoria; Walter Benjamin. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |