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A. Ciências Exatas e da Terra - 6. Geociências - 10. Geociências
PRAIA DO MORRO BRANCO: CONFLITOS DE USO E A SUSTENTABILIDADE
Fabiana Lima Abreu 1 (fabiana_abreu), Fábio Perdigão Vasconcelos 1, Cristiane Alencar Lima 1, Maria Flávia Coelho Albuquerque 1 e Rony Iglécio Leite de andrade 2
(1. Mestrado Acadêmico em Geografia, Universidade Estadual do Ceará- UECE; 2. Departamento de Geociências, Universidade Estadual do Ceará- UECE)
INTRODUÇÃO:
A preservação ambiental de áreas urbanas litorâneas não é fácil de ser alcançada dado a natureza antagônica de conciliar crescimento econômico x sustentabilidade ambiental. Considerando a complexidade das relações do homem com o meio natural, a fragilidade e a complexidade dos ambientes litorâneos, a pesquisa aqui apresentada, tem como principal objeto de estudo analisar e discutir a sustentabilidade da praia do Morro Branco. Essa praia está localizada a aproximadamente 80 km de Fortaleza, no município de Beberibe, no estado do Ceará, que tem como principal motor de sua economia o turismo através da visita às falésias. Dado a sua natureza geológica essas falésias são constituídas de arenitos, ambientes frágeis e de alta mineralidade. A pesquisa tem como objetivo analisar os conflitos de uso da Praia do Morro Branco e contribuir para a implementação de uma política de gestão integrada e conseqüentemente ao almejado desenvolvimento sustentado dessa zona costeira
METODOLOGIA:
Inicialmente essa pesquisa tomou por base a Teoria Geral do Sistema, que mais tarde possibilitou o surgimento das discussões acerca das definições de geossistema, não deixando de considerar a importância dessas discussões, a partir da necessidade de tentar eliminar a dicotomia entre Geografia Física e Humana pela busca da compreensão da complexa relação do homem com a natureza. Optamos também por ter como referencial teórico a Teoria da Complexidade proposta por Edgar Morin. Como bases conceituais essenciais ao alcance dos objetivos, a pesquisa trabalha com os seguintes conceitos-chaves: território e seus derivados, sustentabilidade, análise integrada, complexidade e paisagem. Destaca-se aqui ainda a História Oral como ferramenta fundamental para a percepção do ambiente estudado e ainda para a apreensão do presente vivido pelas pessoas do lugar.Quanto aos aspectos técnicos a pesquisa contemplou etapas de campo, fundamental para a apreensão da realidade estudada, com a realização de entrevistas semi-estruturadas, documentação fotográfica e identificação in loco das alterações sofridas no lugar, transcrição das entrevistas e etapa de gabinete, onde se dá a tabulação dos dados obtidos em campo, confecção de mapas, análise dos resultados e redação do trabalho.
RESULTADOS:
A população da área estudada vem perdendo seus traços culturais e do seu modo de vida. Um processo marcado pela desterritorialização, no qual o “nativo”, já não ocupa os espaços tradicionais que seus antepassados ocupavam. A pesca artesanal, atividade tradicional, que no passado caracterizava essa localidade como colônia de pescadores, hoje vem ficando cada vez mais comprometida, em face das facilidades e encantos proposto pelo turismo, que para muitos é visto como a redenção econômica da comunidade pela falta de iniciativas não só de ordem política e/ou administrativa, mas especialmente pelo enfraquecimento dos laços de solidariedade e companheirismo daqueles que compõem aquela comunidade. O domínio de forças exógenas, pregando um suposto desenvolvimento é perceptível e o caminho rumo ao desenvolvimento sustentável torna-se cada vez mais distante, pois deixa à margem do processo desenvolvimentistas os principais interessados, os habitantes daquela localidade. Além disso, o turismo desordenado e consumidor de espaço instaura uma nova realidade, a depredação dos seus recursos naturais que comprometem o uso durável das falésias. No entanto, esse caminho rumo ao desenvolvimento sustentável é difícil, mas nunca impossível. Entrevistas demonstram um anseio da sociedade local em poder discutir com administradores e investidores como deve ser o desenvolvimento local, ou seja, da base para o topo. Esse desejo pode ser contemplando através do uso das técnicas de Gestão Integrada da Zona Costeira
CONCLUSÕES:
Concluímos que a atividade turística implantada na Praia do Morro Branco ocorreu de modo desordenado e conseqüentemente com impactos sócio-ambientais negativos. O principais impactos detectados foram: a degradação ambiental do conjunto de falésias caracterizada pela sua intensa ocupação, presença de lixo e instalação de um intenso processo erosivo; a perda de identidade e da cultura tradicional da população e a diminuição da pesca artesanal; A Gestão Integrada da Zona Costeira, que pressupõe o envolvimento de forças políticas, organizações não governamentais, cientistas e a população local, associada ao cumprimento da legislação vigente configura-se como uma alternativa viável e necessária para que a Praia do Morro Branco, implante uma política de desenvolvimento sustentado, onde a qualidade de vida seja garantida a todos, nos aspectos ambiental, social, cultural e econômico.
Instituição de fomento: CAPES
Palavras-chave:  SUSTENTABILIDADE; USO E OCUPAÇÃO; ZONA COSTEIRA.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005