|
||
H. Artes, Letras e Lingüística - 4. Lingüística - 4. Sociolingüística | ||
A DENOMINAÇÃO ESPONTÂNEA NA RECUPERAÇÃO DA PAISAGEM E MEMÓRIA LOCAL | ||
Maria da Penha Marinovic Doro 1 (penhadoro@ig.com.br) | ||
(1. EMEF Guimarães Rosa, Secretaria Municipal de Educação- SME- PMSP) | ||
INTRODUÇÃO:
A presente pesquisa procura demonstrar através de um estudo de caso, Vila Nova Savóia, como o estudo da denominação espontânea, baseada nos referenciais ambientais de um bairro, tanto de natureza física como humana, pode nos ajudar a recuperar a memória de sua formação histórica e urbanização (desde 1922 à 2000). Esta pesquisa estuda a denominação de um bairro , Vila Nova Savóia, está vinculada ao projeto do Atlas Toponímico da cidade de São Paulo (DICK, FFLCH-USP). |
||
METODOLOGIA:
O levantamento das denominações espontâneas foi feito através de pesquisa de campo, baseada em entrevistas com moradores do bairro de Vila Nova Savóia, situado no Distrito de Vila Matilde, na Zona Leste da cidade de São Paulo e com moradores de bairros vizinhos. Utilizamos a metodologia de DICK (1992) para mostrar que o topônimo, mesmo os nomes não oficializados, usados para designar espaços e logradouros de forma espontânea entre os moradores. Para coleta desses dados, além das entrevistas com pessoas de três faixas etárias diferentes, utilizamos o Mapa Topográfico Sara Brasil-1930- Folha nº54 e algumas fotos que mostravam os referenciais da época. |
||
RESULTADOS:
O traço coletivo está presente nas denominações espontâneas de Vila Nova Savóia. Essas denominações representam a relação homem-ambiente e revela a paisagem do bairro na primeira metade do século XX através das denominações dos referenciais toponímicos: “Olaria”, “Morro Vermelho”, “Bica d´água”, “Mina de Água”, “Calipal”, “Buracão do Dalila”, “Buracão do Maringá”, “Vacaria do Sr. Manoel”, “Vacaria da D. Margarida”, “Chácara do Encanto”, “Chácara das Flores” e “Rua do Campinho” (1960- eferindo-se à Rua do Bem). Esses referenciais demonstram a fase rural do bairro que nascia com a crescente industrialização da cidade e a expansão a Leste, devido à construção da Estrada de Ferro na região, onde os operários começaram a construir suas casas na periferia da cidade, nos chamados “bairros-dormitórios”. Os referenciais como “Morro Vermelho”, “Buracão do Dalila” e “Buracão do Maringá”, mostram a percepção do relevo contida na paisagem e topografia local, pois o “Morro Vermelho”, lhe fora atribuído esse nome devido à coloração de sua terra, já os “Buracões”, são depressões no relevo que existem nos bairros vizinhos de Vila Dalila e Jardim Maringá. |
||
CONCLUSÕES:
O resgate da memória coletiva, através do levantamento de referenciais toponímicos citados em entrevistas sobre o bairro de Vila Nova Savóia, nos permitiu constatar o traço coletivo presente nas denominações espontâneas que revela a influência ambiental sobre o indivíduo morador da referida área e permitiu o resgate de uma paisagem rural, que desapareceu com a crescente urbanização da cidade e do bairro estudado. Segundo SAPIR (1961:45), “o léxico de uma língua pode se considerar na verdade, como o complexo inventário de todas as idéias, interesses e ocupações que açambarcam a atenção da comunidade (...)”. O levantamento e estudo da denominação espontânea de Vila Nova Savóia permitiu assim, o resgate da memória local, da História do bairro e da paisagem encontrada na primeira metade do século XX neste bairro da Zona Leste da cidade de São Paulo. |
||
Palavras-chave: Toponímia; Denominação espontânea; Memória local. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |