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G. Ciências Humanas - 1. Antropologia - 8. Antropologia | ||
A NOCÃO DE VIOLÊNCIA NA OBRA A VIOLÊNCIA E O SAGRADO DE RENÉ GIRARD | ||
Rafael Moscoso Lobato Rego 1 (rafaelmoscoso@superig.com.br), Matheus Gato de Jesus 1 e Álvaro Roberto Pires 1 | ||
(1. Depto, de Sociologia e Antropologia, Universidade Federal do Maranhão - UFMA) | ||
INTRODUÇÃO:
A noção de violência tem se tornado fundamental para compreender a dinâmica das sociedades contemporâneas. O aumento das chacinas em nosso país, o fenômeno do terrorismo, a ocorrência da guerra do Iraque têm ocupado programas de TV e páginas de jornal por todo o mundo, interpelando-nos globalmente com algumas questões: Como acabar com a violência? Ou, teremos paz algum dia? Essas perguntas nos remetem a uma concepção de violência como um mal a ser totalmente expurgado, como um acidente que só vige devido à monstruosidade dos nossos dias. Mas será tão simples assim? A violência não possui nenhuma importância para as culturas humanas? É essa discussão que René Girard, em A Violência e o Sagrado, visa elucidar. Dentro de uma perspectiva estruturalista o autor analisa as relações entre linguagem e violência distinguindo as práticas violentas em legítimas e ilegítimas. É dentro desse círculo fechado entre a violência legítima e a ilegítima que o autor nos apresenta o homem detido no jogo da violência, onde não há culpados. |
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METODOLOGIA:
Para a realização dessa pesquisa foi feito levantamento bibliográfico que incluiu, além do livro A Violência e o Sagrado de René Girard (1990), outros trabalhos que seguem a perspectiva estruturalista de análise, tais como Lévi-Strauss (1996, 1989). Outros trabalhos importantes como o estudo de MAUSS (2001), acerca da natureza do sacrifício, bem como de outras referências para o estudo da violência, como CLASTRES (1980) e FOUCAULT (2004). No que tange à bibliografia brasileira acerca da violência, focalizamos algumas obras em especial tais como CALDEIRA (2000) e ALVITO (2001). |
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RESULTADOS:
Percebemos nos escritos dos autores analisados pontos de encontro e desencontro com a obra A Violência e o Sagrado de René Girard. A noção de poder disciplinar ou poder produtivo, pensado a partir dos modelos das prisões panópticas e dos sistemas jurídicos em Foucault está sob muitos aspectos está distante do uso que Girard faz do conceito de violência. Para Foucault o poder produtivo, a eficácia dos sistemas jurídicos e a epistemologia que os informa como marca distintiva da Era Moderna não é aquilo que visa barrar a reciprocidade vingativa inerente ao homem e a sociedade como afirma Girard mas em ambos os autores o poder disciplinar e a violência não são apenas aquilo que nega existência do homem e da sociedade, ao contrário, são a sua condição de possibilidade. Este último aspecto, o de que violência é uma das condições de possibilidade da sociedade elucidado de forma diferente por diversos autores que estudam o tema é um dos fatores que garante a centralidade e atualidade da obra A Violência e o Sagrado. |
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CONCLUSÕES:
Com o presente trabalho visualizamos que um dos maiores problemas na abordagem da noção de violência é que esta é tratada a priori enquanto algo mal a ser eliminado sendo difícil compreender sua dinâmica “construtiva” nas relações sociais e que esta percepção visa na maioria das vezes a manutenção da ordem social enclausurando a idéia de violência unicamente no sentido de violência ilegítima e que é no sentido de ampliar os horizontes acerca da interpretação da violência que o pensamento de Girard garante a sua atualidade. |
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Palavras-chave: Violência; Sagrado; Legitimidade. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |