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A. Ciências Exatas e da Terra - 4. Química - 4. Química de Produtos Naturais
PLANTAS MEDICINAIS USADAS PELOS ÍNDIOS TAPEBAS DO CEARÁ.
Selene Maia de Morais 1 (selene@uece.br), Ana Raquel Araujo da Silva 2, Joana D'arc Pereira Dantas 3 e Cristiane Maria Souza de Castro 4
(1. Depto. de Quimica, Universidade Estadual do Ceará - UECE.; 2. Depto. de Quimica, Universidade Estadual do Ceará - UECE.; 3. Depto. de Quimica, Universidade Estadual do Ceará - UECE.; 4. Depto. de Quimica, Universidade Estadual do Ceará - UECE.)
INTRODUÇÃO:
Os índios Tapebas formam um grupo étnico que habita o
município de Caucaia, a 16 Km de Fortaleza. Eles compõem 17 comunidades
organizadas na "Associação das Comunidades do Rio Ceará". Cerca de 200
famílias já estão com suas terras delimitadas e foi feito o levantamento
de pessoas residentes que não são indígenas e fizeram benfeitorias na
área, através da FUNAI. Os índios já não falam sua língua nativa,
esqueceram muito dos costumes cultivados pelos ancestrais e suas
atividades econômicas são o pescado no rio Ceará e no manguezal, o
comércio de artesanatos e ainda atividades sazonais e mal remuneradas. A
utilização de plantas medicinais se faz pela falta de recursos. O presente
trabalho teve como objetivo identificar as plantas mais utilizadas pelos
índios Tapebas do Ceará, das quais muitas tiveram suas ações terapêuticas
validadas, tendo seu uso assegurado por estudos científicos realizados,
estando incluídas no Projeto Farmácias Vivas.
METODOLOGIA:
O trabalho foi realizado no município de Caucaia a 16 Km de
Fortaleza. Os bolsistas de iniciação cientifica e sua respectiva
orientadora do laboratório de Química de produtos naturais da Universidade
Estadual do Ceará realizaram entrevistas envolvendo 45 moradores da
comunidade indígena, inclusive com o Pajé. Para o desenvolvimento deste
trabalho foram realizadas as seguintes etapas: obtenção dos dados
socio-econômicos sobre os índios Tapebas no Instituto Histórico do Ceará,
Biblioteca Estadual do Ceará e na comunidade indígena, através de um
projeto organizado pelos próprios índios, chamado "Escola diferenciada
Tapeba", levantamento das plantas utilizadas como medicinais na comunidade
indígena através de entrevistas e preenchimento de formulários adequados,
identificação das espécies coletadas, que foram depositadas no Herbário
Prisco Bezerra do Departamento de Biologia da Universidade Federal do
Ceará, revisão na literatura científica para cada espécie, obtendo
informações sobre o uso popular, a composição química, a atividade
farmacológica estabelecida e a toxicidade, através de levantamentos em
periódicos científicos e livros específicos desta área.
RESULTADOS:
As espécies mais utilizadas pelos índios foram agrupadas em
três categorias distintas. A categoria 1 agrupa nove plantas cujo uso é
considerado validado. A categoria 2 contém cinco plantas cujas atividades
farmacológicas foram bem determinadas. No entanto, estas apresentam
limitações no uso devido à toxicidade quando usadas em altas doses. A
categoria 3 agrupa nove plantas que são pouco conhecidas quimicamente, mas
que contam com alguma atividade biológica detectada.
CONCLUSÕES:
As plantas mais referidas pelos índios Tapebas resultaram,
após a identificação, em 63 táxons identificados até espécie, dois
identificados apenas pelo gênero e quatro plantas não identificadas. As informações sobre as plantas mencionadas pelos índios, podem nos levar a afirmação que das 63
plantas referidas somente 49 tiveram suas ações relatadas, pois foram mais
citadas. Tais informações foram descritas de acordo com os relatos dos
índios entrevistados, utilizando um formulário de entrevista. Os índios
Tapebas, assim como a população em geral faz uso de plantas medicinais no
tratamento de suas doenças. No entanto, para muitas das espécies
utilizadas não existem trabalhos científicos que garantam seu uso seguro,
por meio do conhecimento químico, farmacológico e da toxicidade destas
plantas. Outro fato observado com certas plantas, foi o da não
concordância do conhecimento científico atual com o uso popular, como é o
caso da boa-noite-branca, utilizada pelos índios tapebas contra dor,
enquanto que as pesquisas indicam a ação de alguns de seus alcalóides
contra determinados tipos de câncer. Algumas das plantas referidas neste
levantamento etnobotânico, após estudos, já foram incluídas no projeto
“Farmácias Vivas”, pelo Dr. Francisco José de Abreu Matos como o cumaru,
aroeira do sertão, capim santo, ipecacuanha, bamburral, courama, alfavaca,
cajazeira e pau-d’arco-branco.
Instituição de fomento: Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  Tapebas, plantas medicinais, índios, Cea; Levantamento, ação farmacologica, toxici; Tradição, uso medicinal e farmácias viva.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005