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G. Ciências Humanas - 5. História - 8. História Regional do Brasil
A ÓPERA DAS APARÊNCIAS
WilsonPontes Júnior 1 (virsopavarotti@yahoo.com.br)
(1. Departamento de História, Universidade Estadual Paulista- UNESP)
INTRODUÇÃO:
Introdução:

A apropriação da música Lírica e seu consumo seletivo, como representação de uma classe social ascendente, se deu quanto às apresentações das primeiras Companhias de ópera a visitarem o município de Ribeirão Preto nas duas primeiras décadas do século XX.Em 1910 a cidade tornou-se a maior produtora de café em todo mundo, projetando sua elite ávida pelos costumes europeus modernos, a um cosmopolitismo plagiário que visou reproduzir em plagas interioranas, hábitos que os reafirmariam enquanto classe douta e transeunte de um círculo social, onde se reconheceriam.O repertório Romântico caiu na cidade como uma luva, e estando em voga na Europa, soava erudito e por isso atraente.Não foi a arte somente, mas o status, que atraiu as camadas mais abastadas.A elitização das apresentações de óperas, foi um fenômeno urbano modístico de curto prazo, que se esvaiu-se junto aos principais teatros do período, riqueza cafeeira e um costume musical que perdeu seu público, para os cinematógrafos, mais populares.Tal investigação focou-se entre 1900-1920, data de surgimento e esgotamento das apresentações, investigando sua segregação para poucos, mostrando assim uma construção cultural piramidal.
METODOLOGIA:
Metodologia:

Para demonstrar a apropriação da ópera enquanto representação de classe, terei como fonte primária todos os artigos sobre as apresentações teatrais na cidade desde 1910 à 1920, selecionando-os em dois grupos.Ao primeiro, consta-me separar os programas operísticos de todo período, e com estes dados analisar a diminuição das apresentações líricas musicais. No segundo está separado todos os artigos que retratam a esfera dos teatros, como espaço de alta classe, junto aos anúncios político empresariais, bem como associações recreativas de caráter fechado, questionando as fraturas sócio municipais perante o laser cultural e sua acessibilidade.Ainda nas fontes primárias se reconhece a falta de criatividade da camada consumidora de óperas por não apresentar um compositor clássico ou de outro período, mas sim o que havia de mais popular na ópera romântica em solo europeu mas não em plagas interioranas, apenas consumo modístico, mostrando ainda a documentação, os preços nada populares.Outras fontes serão usadas, como a leitura dos memorialistas da cidade, e uma vasta leitura sobre os teóricos que trabalham o conceito de modernidade no Brasil e Europa, História da música e um apoio no uso de teóricos, por exemplo Roger Chartier, que trabalham com Representações, sem desfalcar análises de revistas que trataram a economia cafeeira do período, exemplo: revista Nosso Século, e apoio de atas da câmara municipal, bem como todo esforço dedutivo de nossa parte.
RESULTADOS:
Resultados:

Como resultados de minha pesquisa, apresento artigos em série, do principal jornal do período, desde 1910-1920, em que foi possível ler a propagandística elitista sobre as novidades artísticas da cidade.Foi míster a crítica à cerca dos documentos, que ainda revelaram uma relação de poder e interesse mútuo de empresários e famílias abastadas e o jornal, na relação sócio cultural conservadora, como também ocorrera em grandes capitais.Ainda como fim positivo desta indagação, percebi a fraqueza de argumentos, quanto a outros estudiosos ao afirmarem Ribeirão Preto do início do século XX, como um espaço urbano moderno, pois quantitativamente, o município em 1900, era composto em sua esfera urbana de 20% da população, em sua maioria, forasteiros, o restante compunha o espaço rural, evidenciando uma perspectiva histórica quanto às classes dominantes, sempre participando da vida social e tendo força política sobre a mesma, para que assim tardiamente uma maioria possa ter um conhecimento pós fato sobre tal.Constato uma forte influência francesa, que se estende, desde Brasil, nas reformas urbanas cariocas, espaço universitário em são Paulo, e cultural arquitetônico no interior, visto que o consumo musical foi acompanhado de casas de espetáculo e vestes que fossem de encontro a um ideal parisiense.
CONCLUSÕES:
Conclusões:

A música Lírica encontrou um terreno fértil, enquanto extensão da vida social, no Brasil.Em início de século XX, nos primórdios de república, havia a intensão de reformas internas, objetivou-se modelos europeus, mais audaciosos e arrojados, e tudo o que poderiam representar.No Rio de Janeiro, no fim do século XIX, formou-se uma cúpula de aproximadamente 500 famílias em relações matrimoniais, objetivando a não dispersão de contato poder e riqueza.Em uma micro visão a partir do interior de São Paulo, vemos algo parecido, em razão das sociedades recreativas de elite, tabacarias e enfim uma série de pequenas construções sócio dirigidas levando a um ponto máximo de exibição, as famílias, na cúpula de ouvintes de música erudita. O fenômeno: a ópera, esvaiu-se no interior em um pouco mais de vinte anos, uma chuva de verão, dirigida a um público ambicioso, porém em maioria leigo, sem critério de repertório, tendo em vista consumir o que era de fora, chic, como se dizia nos jornais. Fica a audaciosa pergunta: porque a ópera elitizou-se no Brasil, tais dados desta pesquisa encaminha-se para tal, mostrando essa apropriação no interior.
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  Música; Ribeirão Preto; Elite cafeeira.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005