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G. Ciências Humanas - 7. Educação - 11. Ensino-Aprendizagem | ||
NOVAS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM CIÊNCIAS SOCIAIS | ||
Samara de Paula Miranda 1 (samzinhadepaula@yahoo.com.br), Sheila Fábia Ferreira da Silva 1 e Fátima Lucia de Paula Miranda 1 | ||
(1. Departamento de Ciências Sociais - UECE) | ||
INTRODUÇÃO:
O especialismo ainda presente na linguagem das ciências sociais torna, muitas vezes, difícil sua compreensão retendo importantes conhecimentos num restrito grupo de intelectuais. A erudição nega o acesso a informações, dificultando a interpretação da realidade. A informação é necessária à concretização de ações transformadoras. Segundo Morin o saber deve ser passado aos estudantes de forma transdisciplinar, pois devem aprender as relações que existem entre o conhecimento e a realidade, o que eles significam em conjunto desde a mais tenra idade. Freire propõe fazer com que os educandos se assumam como sujeitos sócios-históricos-culturais que possuem capacidade de, intervindo no mundo, conhecê-lo, o que vai de encontro ao proposto pelos especialistas. Ao atender a demanda de um projeto de Extensão Universitária, elaborou-se uma nova prática pedagógica para o ensino e difusão desses saberes entre crianças com o intuito de desenvolver nestas, o senso crítico para fatos sociais locais e globais. Especificamente, apresentar-lhes as ciências sociais de maneira simples, dando-lhes formação básica em pesquisa para experimento real da cidadania. Repassando estes conhecimentos de forma aplicável, estudantes de ensino fundamental, tiveram oportunidade de conhecer e reconhecer tais ciências em seu cotidiano e usufruir destas para interpretar a realidade, desencadeando ações, nas quais tais indivíduos se identificam como agentes de mudanças reais e efetivas dentro de sua comunidade. |
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METODOLOGIA:
Usando a arte-educação criamos conexões entre o conhecimento elaborado na academia e o cotidiano dos participantes. Em seis meses de encontros semanais de 4h, foram estudados, discutidos e aplicados conceitos, metodologias e técnicas de observação e pesquisa referentes a sociologia, antropologia, ciências políticas, economia e estatística, através de observação participante, coleta de documentos orais, impressos e visuais, diários de campo, levantamento de dados secundários dentre outros técnicas. Recursos áudio-visuais foram utilizados para despertar interesse nos temas abordados. Filmes como “Vida de Inseto” instigaram os participantes a observar detalhes nos detalhes de diálogos e ações dos personagens. Em oficinas de fotografia, pelo método pin-role, os participantes desenvolveram olhares especulativos para acontecimentos corriqueiros, minúcias antes desapercebidas agora eram tratadas como relevantes, e as palavras não ditas ou os silêncios respeitados como declarações importantes. De acordo com Franz Boas, tudo deve ser observado e devidamente registrado. |
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RESULTADOS:
Ao final dos 6 meses de atividades, 18 crianças participantes, realizaram um pequeno levantamento etnográfico, muitos deles declararam querer seguir carreira em ciências sociais, formando assim um grupo de pesquisadores com informações estatísticas, históricas, culturais e vivenciais, de sua comunidade (Cachoeira, um distrito de Maranguape, cidade do Ceará) com registro de cerca de 100% ruas, com detalhamento de comércio, educação, religião dentre outros aspectos, compilados em e.book.Um dos resultados dessa prática pedagógica foi o desenvolvimento do capital humano e conseqüentemente do capital social de toda a comunidade, uma vez que favoreceu a compreensão da multiplicidade de aspectos que compõe a realidade, permitindo a articulação de contribuições de diversos campos do conhecimento. Todos os participantes que iniciaram o projeto chegaram a finalizá-lo, apresentando uma evasão de 0%. |
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CONCLUSÕES:
Iniciativas que facilitam o acesso de indivíduos à informação de forma simples, geram conhecimento e consciência de si mesmo e do espaço ocupado dentro dos grupos sociais além da própria comunidade, levando-os a repensar suas próprias identidades, muitas vezes estigmatizadas por preconceitos difundidos principalmente pela mídia instituindo assim o imaginário coletivo-social. Adaptar a linguagem acadêmica a linguagem cotidiana é uma necessidade emergente e as artes facilitam esse processo. Indivíduos com pouca e deficiente educação formal, desenvolvem através da participação efetiva, onde o uso dos procedimentos promovem as capacidades que se quer desenvolver como o senso crítico, a auto-percepção e a pró-atividade. Estimular isto ainda na infância resulta em uma maior absorvição e introjecção de tais valores pelos indivíduos. A replicação desta prática pedagógica possivelmente resultaria em desenvolvimento do capital humano e consequentemente do capital social de comunidades inteiras, principalmente as que se encontram em situação de déficit econômico, bem como de todos os atores envolvidos, incluindo os acadêmicos, que encontram aí uma grande oportunidade para a práxis. Assim, aprender se configura como caminho infindável com muitas confusões, revisões, aprofundamentos, afunilamentos e ampliações, construções e reconstruções. Desde o começo, portanto, é preciso mostrar às crianças que temos em nós mesmos tudo aquilo que a escola costuma separar relacionar o não dito. |
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Trabalho de Iniciação Científica | ||
Palavras-chave: Pedagogia; Ciências Sociais; Estudantes. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |