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G. Ciências Humanas - 3. Filosofia - 2. Filosofia
FILOSOFAR NO BRASIL. ESTE OLHAR É POSSÍVEL? UM ESTUDO SOBRE A DISCUSSÃO DE UMA FILOSOFIA NACIONAL
Esdras Gomes Silva 1 (esdrasujs@hotmail.com), Cristiane Maria Marinho 1, Marina Valente Marins Camara 2, João Kleber Oliveira 1, Maria Valdenizia dos Santos 1, Regina Silvia Lima dos Santos 1, Layana Vasconcelos de Aguiar 1, Euza Raquel de Suza 1 e Eldimar Silva de Souza 1
(1. Departamento de Filosofia , Universidade Estadual do Ceará - UECE; 2. Comunicação Social, Habilitação / Jornalismo, Faculdade Integrada do Ceará - FIC)
INTRODUÇÃO:
Discutir sobre qual seria o patamar da Filosofia no Brasil, ou até mesmo, afirmar ou negar sua existência é um dos temas que mais suscita divergências entre os acadêmicos da Filosofia e os seus historiadores. Este trabalho pretende aprofundar esta discussão para demonstrar que a Filosofia desenvolvida no Brasil pode ser vista dentro de uma perspectiva nacional, com toda uma maneira de ser brasileira, pautada na mesma “miscigenação” que vem ocorrendo neste país ao longo de sua historia desde sua fundação. Mas também este trabalho entende que existe este outro fenômeno na chamada Filosofia brasileira, que é a contribuição ao saber universal feita por pensadores brasileiros, mas que não possuem profundas raízes nacionais.Com esta pesquisa, que conciliará pesquisadores renomados no estudo deste tipo de Filosofia e com trabalhos na área de sociologia brasileira, espera-se instigar ainda mais a discussão de uma filosofia com traços “tupiniquins”.
METODOLOGIA:
Iniciada com a leitura dos textos “Brasil Filosófico” (Ricardo Tinn), “Estudo do pensamento filosófico brasileiro” (Antonio Paim) e “Critica da razão tupiniquim” (Roberto Gomes).Para realizar a comparação do que seria filosofia Brasileira para cada autor e definir a filosofia como um saber universal ou um saber situado no espaço e no tempo.Em seguida, buscou-se situar as fontes filosóficas de cada texto, para compreender sua situação em frente à tradição filosófica.Realizando a comparação entre os textos e obras conhecidas: Com os conceitos de Roberto Gomes comparou-se a filosofia de Deleuze, o texto de Antônio Paim comparou-se com o culturalismo e a filosofia de Kant e o texto de Ricardo Tinn, com outros de historiadores da filosofia no Brasil.Luis Washington Vita foi um dos utilizados.Outro ponto para a pesquisa foi à leitura de “Casa Grande e Senzala” de Gilberto Freyre, e sua compreensão do Brasil colonial e “Brasil: Mito Fundador e sociedade autoritária” de Marilena Chauí. Foram também analisados os trabalhos de outros filósofos brasileiros: Pe. Antônio Vieira, Tobias Barreto e outros, que auxiliam no compreender do pensamento desenvolvido no Brasil. A partir de uma segunda leitura, discutida entre os participantes, realizou-se interrogações sobre quais seriam as principais questões para a filosofia no Brasil para através desta contemplação chegar-se aos resultados.
RESULTADOS:
Através da contribuição de Roberto Gomes ao debate sobre a existência de uma filosofia no Brasil, este começa enumerando os fatores que impediram uma filosofia nacional de cunho autentico, que foi o ecletismo, aceitar tudo o que vem de fora e por ultimo uma razão que só privilegia a forma em detrimento do conteúdo. Solucionado isto, estaríamos aptos a inventar uma problemática brasileira, onde este conceito de “Invenção de conceitos” é retirado do paradigma deleuziano de “criação de Conceitos”, expondo que é necessário “inventar” uma filosofia brasileira. Antônio Paim historiciza a filosofia no Brasil, desde sua vinda com os jesuítas até o inicio do século XX, desta forma analisa que o desenvolvimento da filosofia no Brasil ocorre só no plano das idéias e da cultura, demonstrando ao negar Cruz Costa, quando este relaciona filosofia com a situação política do império. Ricardo Tinn afirma a existência de uma filosofia nacional, a partir da pratica estabelecida no país, onde menciona os autores nacionais, incluindo filósofos, sociólogos, antropólogos e outros. Afirmando ser a filosofia um saber que perpassa todos os campos da vida nacional. Na obra de Gilberto Freyre, observa-se a relação entre a produção intelectual e cultural colonizadora ao que foi desenvolvido em solo pátrio pelo povo brasileiro. Na obra de Chauí, existe uma problematização do discurso de fundação do país e sobrevivência de um mito autoritário que perpetua no avançar da historia nacional.
CONCLUSÕES:
Pode-se considerar válida a idéia de uma filosofia nacional, a partir do momento em que um novo país “descoberto” formou-se no Brasil, com a junção de culturas e saberes vindos de seus colonizadores e colonizados. As análises de Pe. Antonio Vieira, baseadas na escolástica portuguesa, só se tornam possíveis em solo brasileiro através do esforço do filosofo em compreender a existência dos povos indígenas que aqui habitavam, tornando-se centro de sua reflexão filosófica. Gilberto Freyre deixa claro que esta nação surgiu do encontro destas diferentes formas de pensar. Chauí prolonga tal conhecimento para a análise de uma história continua desta criação.O Brasil “inventado” ou o Brasil “criado” é a principal discussão para uma aceitação de uma filosofia brasileira. É necessária à identidade de um Brasil nação, para que este possa ter uma filosofia própria. A relação existente entre o que é vivido no campo da política, economia, cultura e outros aspectos, tem relação direta ao se filosofar. Tendo em vista que o sujeito que pensa está situado no tempo e no espaço e só lhe é possível “criar” com as ferramentas de sua experimentação. Fora isto, existe uma filosofia contemporânea baseada no estudo de filósofos mundiais. Esta filosofia é uma contribuição dada ao que já foi desenvolvido em outros paises, e em alguns momentos possui traços de observação cabíveis apenas a visão daqueles que vivenciaram o “ser” brasileiro, estas podem ser compreendidas apenas como uma filosofia no Brasil.
Palavras-chave:  Filosofia Brasileira; Nação; invenção.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005