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D. Ciências da Saúde - 8. Fisioterapia e Terapia Ocupacional - 1. Fisioterapia e Terapia Ocupacional
CARACTERIZAÇÃO DOS FISIOTERAPEUTAS QUE ATUAM NAS UNIDADES DE TERAPIA INTENSIVA DOS HOSPITAIS DA GRANDE FLORIANÓPOLIS
Luara Chagas 1 (lua_chagas@yahoo.com.br) e Lígia Raquel Ortiz Gomes Stolt 2
(1. Universidade do Estado de Santa Catarina; 2. Universidade do Vale do Itajaí)
INTRODUÇÃO:
Nos últimos 20 anos o fisioterapeuta tornou-se um especialista no cuidado de pacientes críticos, evoluindo para a incorporação de cuidados com a via aérea artificial, e mais recentemente ao manuseio da assistência ventilatória mecânica invasiva e não invasiva. Mesmo sem regulamentações específicas para o fisioterapeuta que atua nas Unidades de Terapia Intensiva, ou mesmo normas técnicas ou administrativas que padronizem o papel do profissional nessa unidade, estabelecendo seu grau de responsabilidade e suas inter-relações, a Sociedade Brasileira de Fisioterapia Respiratória e Fisioterapia em Terapia Intensiva, entre outros, têm se preocupado com esse tema e vêm investigando o perfil do profissional. Em Santa Catarina, principalmente em Florianópolis, a fisioterapia constitui-se em um campo profissional recente e pouco explorado dentro de equipes de saúde e, quase que inexplorado dentro dos centros hospitalares. Tendo em vista estas colocações, este estudo objetivou caracterizar o perfil dos fisioterapeutas, em termos de: formação acadêmica e profissional; regime de trabalho em relação ao tipo de vínculo empregatício e a duração da jornada de trabalho; e, os serviços por eles prestados nas Unidades de Terapia Intensiva dos Hospitais da Grande Florianópolis, em termos de recursos e técnicas habitualmente empregadas; número de pacientes atendidos por dia; forma de relacionamento profissional entre os fisioterapeutas e os demais membros da equipe na Unidade de Terapia Intensiva.
METODOLOGIA:
Este estudo caracterizou-se como uma pesquisa descritiva de caráter diagnóstica, onde participaram do estudo 12 fisioterapeutas atuantes nas Unidades de Terapia Intensiva dos Hospitais da Grande Florianópolis, especificamente de Florianópolis e de São José, os quais foram escolhidos de forma intencional. Justifica-se a escolha intencional dos hospitais, pois nos cinco principais municípios da Grande Florianópolis: Florianópolis, São José, Biguaçu, Santo Amaro da Imperatriz e Palhoça, foram encontrados 17 hospitais ao todo, sendo os municípios de Florianópolis e São José foram os municípios que mais apresentaram hospitais, 13 (10 públicos e 3 privados) e 2 públicos, respectivamente. Dos fisioterapeutas envolvidos, um do sexo masculino e 11 do sexo feminino, com média de idade de 29,9±5,79 anos e tempo médio de atuação em Unidades de Terapia Intensiva de 5,9±4,75 anos. Como instrumento de medida foi utilizado um questionário, construído com questões abertas, fechadas e mistas e testado cientificamente, quanto à validade de conteúdo, por dois doutores e dois mestres, obtendo-se um índice de 0,93. Quanto à clareza foi testada por cinco fisioterapeutas obtendo-se um índice de 0,96 e a fidedignidade aplicada a fisioterapeutas e testada pelo método teste e re-teste, obtendo-se um índice de 0,85, tornando-o cientificamente utilizável para a pesquisa.
RESULTADOS:
Dos 12 fisioterapeutas, 6 graduaram-se na Universidade do Estado de Santa Catarina e 6 na Universidade Católica do Paraná; apenas 7 possuem especialização, sendo 5 na área de pneumo-funcional. Quanto ao mercado de trabalho, 5 ingressaram por concurso, 5 prestam serviço por terceirização, 1 por contrato e 1 é voluntário. Quanto à jornada de trabalho, 6 trabalham sete horas por dia; 4 dez; 3 cinco e 2 quatro; quanto a carga horária semanal, 5 é de 30 horas, 6 de 42 e 4 de 50. Quanto aos recursos, 5 priorizam a ventilação mecânica não invasiva, e 3 a ventilação mecânica invasiva. Das técnicas sem instrumentos, 5 utilizam posicionamento no leito, seguida dos padrões ventilatórios, manobras expiratórias, recrutamento alveolar e cinesioterapia motora, cada 3 respectivamente; 2 usam reequilíbrio toraco abdominal; 1 drenagem postural e 1 tapotagem. Quanto às técnicas com instrumentos, 8 utilizam aspiração traqueobrônquica; 6 vibração; 3 insuflação com bolsa ressuscitadora; 3 desmame da ventilação mecânica invasiva; 1 incentivador ventilatório; 1 mensurador de fluxo expiratório máximo e 1 treinador de músculos respiratórios de carga linear. Quanto aos pacientes atendidos, 2 atendem 15; 2 atendem 10; 1 atende oito; 2 atendem sete; 3 atendem seis; 1 atende cinco e 1 atende três. A equipe que atua nas unidades é formada por médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e nutricionista. As trocas de informações entre os membros da equipe são através de comunicação informal e prontuários.
CONCLUSÕES:
Concluiu-se que: a maioria dos fisioterapeutas possui especialização; poucos possuem estabilidade profissional; a grande maioria atua em mais de um local de trabalho; possuem uma jornada de trabalho excessiva. Dentre os recursos utilizados, são os básicos destas unidades e, a monitorização dos sinais vitais é o mais utilizado. Posicionamento no leito e aspiração traqueobrônquica são respectivamente, as técnicas sem e com instrumentos mais utilizadas. Quanto ao número de fisioterapeutas e o número de pacientes que necessitam de cuidados fisioterápicos nas Unidades de Terapia Intensiva, observou-se que a minoria do grupo pesquisado não atende o contido no Parecer 3432 de 12 de agosto de 1998 (cada fisioterapeuta deve atender 10 leitos o fração). Os fisioterapeutas que participaram neste estudo demonstram trabalhar de forma multidisciplinar e não interdisciplinar, deste modo, não permitindo muitas vezes por em prática o que realmente seria o melhor e necessário para os pacientes. Por fim, com este estudo pode-se inferir da necessidade de mais profissionais de fisioterapia atuando em Unidades de Terapia Intensiva em Florianópolis, assim como sugerir aos fisioterapeutas atuantes e futuros fisioterapeutas que vislumbrem desempenhar sua função nesta área, que invistam em conhecimento, aprimorando-se, investigando, propondo e inovando, pois só com competência poder-se-á angariar mais vagas e conseqüentemente privar pela estabilidade do profissional.
Palavras-chave:  fisioterapeuta; terapia intensiva; fisioterapia respiratória.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005