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D. Ciências da Saúde - 8. Fisioterapia e Terapia Ocupacional - 1. Fisioterapia e Terapia Ocupacional | ||
DESCONFORTOS MÚSCULO-ESQUELÉTICOS PERCEBIDOS E CONHECIMENTOS SOBRE POSTURA SENTADA: TESTE DE DOIS PROGRAMAS DE EDUCAÇÃO EM TRABALHADORES | ||
Raquel Santilone Bertaglia 1 (kelsb333@yahoo.com.br), Alberto De Vitta 1 e Carlos Roberto Padovani 2 | ||
(1. Departamento de Ciências da Saúde, Universidade do Sagrado Coração - USC; 2. Departamento de Bioestatística, Universidade Estadual Paulista Júlio Mesquita Filho - UNESP/Botucatu) | ||
INTRODUÇÃO:
A postura sentada gera várias alterações nas estruturas músculo-esqueléticas da coluna lombar. Aumenta em aproximadamente 35% a pressão interna no núcleo do disco intervertebral, alonga algumas estruturas, reduz a circulação de retorno dos membros inferiores e promove desconfortos na região do pescoço e membros superiores. As maneiras de diminuir os efeitos negativos da postura sentada para as estruturas músculo-esqueléticas são o planejamento e/ou replanejamento do ambiente físico de trabalho, das tarefas realizadas e os programas educacionais. A relevância de estudos que visam à prevenção de problemas músculo-esqueléticos em situações ocupacionais reside no fato de que estas patologias geram conseqüências sociais e econômicas, tanto para o Estado como para as empresas. Um outro ponto importante é que, ao implementar um trabalho educativo, o fisioterapeuta estará atuando na prevenção de problemas, evitando que ocorram, mesmo em graus mínimos. Também, permite a ampliação do campo de trabalho dos profissionais de fisioterapia, possibilitando-os atuar além das atividades de recuperar e de reabilitar. Nesse trabalho propõe-se verificar as mudanças de conhecimentos teóricos relativos à postura sentada e a freqüência de desconfortos músculo-esqueléticos percebidos a partir de dois diferentes programas de educação (manual auto-instrucional e aula expositiva associada às oficinas de educação). |
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METODOLOGIA:
Foi realizado um estudo quase-experimental, com 94 trabalhadores de uma empresa pública de Bauru, escolhidos por meio dos seguintes critérios: executar trabalho de escrita e digitação na postura sentada há mais de um ano, permanecer sentado pelo menos metade de sua jornada de trabalho e que não tiveram nenhum tipo de treinamento sobre postura sentada. Os indivíduos foram alocados em três grupos por meio da amostragem aleatória simples e sem reposição. O grupo 1, submetido a aulas expositivas associadas a oficinas de educação, com 32 indivíduos; o grupo 2, ao qual foi aplicado um manual auto-instrucional sobre postura sentada, com 28 sujeitos; e o grupo 3, controle, com 34 trabalhadores, ao qual não foi aplicado nenhum treinamento. Para a avaliação dos conhecimentos teóricos sobre postura sentada foi utilizado um questionário com questões fechadas e alternativas ilustrativas. E para avaliar a freqüência de desconfortos músculo-esqueléticos percebidos foi utilizado o Questionário Nórdico adaptado para a cultura brasileira. Após 30 dias do término dos programas foi realizada a reavaliação, seguindo os mesmos procedimentos da avaliação. Para análise estatística foram utilizadas as técnicas de variância não-paramétrica para o modelo de medidas repetidas em três grupos independentes, o teste de homogeneidade de Goodman, a estatística descritiva dos percentuais de respostas dos sujeitos a cada questão e o teste do Qui-quadrado para uma amostra. |
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RESULTADOS:
1- Todos os indivíduos submetidos ao programa relataram que o texto ajudou a compreender os efeitos da postura sentada e a intervir na postura; 2- A mudança do ambiente foi citada como uma ajuda fornecida pelo programa por 84,37% dos sujeitos do grupo aulas/oficinas, enquanto 85,71% dos do grupo manual disseram ser a mudança de hábitos; 3- Após a aplicação dos programas, 93,75% dos sujeitos do grupo aulas/oficinas e 89,29% do grupo manual encontraram problemas no ambiente de trabalho; 4- 74,99% e 64,28% dos sujeitos dos grupos aulas/oficinas e manual, respectivamente, atribuíram os problemas encontrados à mobília; 5- Providências foram adotadas por 96,88% e 64,29% dos indivíduos dos grupos das aulas/oficinas e manual, respectivamente; 6- Na comparação dentro dos grupos, os das aulas/oficinas e manual apresentaram aumento no número de acertos sobre postura sentada no pós-teste, com diferença estatisticamente significante (p<0,05), enquanto que no grupo controle, tal fato não ocorreu (p>0,05); 7- Entre os grupos, os do manual e das aulas/oficinas apresentaram aumento no número de acertos em relação ao controle, com diferença estatisticamente significante (p<0,01); 8- Na análise da freqüência dos desconfortos músculo-esqueléticos percebidos nos últimos seis meses e nos últimos sete dias, não houve diferença estatisticamente significante (p>0,05) entre os grupos, porém dentro do grupo das aulas houve uma diminuição estatisticamente significante (p<0,05). |
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CONCLUSÕES:
Pode-se concluir que os programas contribuíram para o aumento do conhecimento sobre postura sentada, nos grupos submetidos à aula expositiva associada a oficinas de educação e manual em relação ao controle. Pode-se afirmar também que as aulas e oficinas contribuíram para uma diminuição significativa da freqüência de desconfortos músculo-esqueléticos relatados pelos sujeitos nos últimos seis meses e nos últimos sete dias no pós-teste, enquanto que o manual auto-instrucional não alterou significativamente a freqüência dos mesmos. Acredita-se que a diminuição dos desconfortos músculo-esqueléticos dos indivíduos submetidos ao programa das aulas e oficinas, se deve ao fato das oficinas proporcionarem um espaço de aprendizado e reflexão que estimulam o sujeito a realizar ações práticas para reduzir os fatores de risco encontrados no ambiente de trabalho, enquanto que no grupo submetido ao manual tal fato no ocorreu. |
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Instituição de fomento: FAPESP | ||
Trabalho de Iniciação Científica | ||
Palavras-chave: Programas de educação; Desconforto músculo-esquelético; Postura sentada. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |