|
||
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 8. Educação Matemática | ||
(RE)EDUCAÇÃO MATEMÁTICA: A MEDIAÇÃO PEDAGÓGICA NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS | ||
Yesmin Correia Dias 1 (y0240524@aluno.unb.br) e Cristiano Alberto Muniz 2 | ||
(1. Faculdade de Educação - UnB; 2. Prof. Dr. do Depto. de Métodos e Técnicas - UnB) | ||
INTRODUÇÃO:
A presente pesquisa enfoca a Educação Matemática de Jovens e Adultos, buscando contribuir com a constante e crescente preocupação com o alto índice de indivíduos considerados pela sociedade como analfabetos, visto que tal indivíduo necessita adquirir habilidades de ler, escrever, registrar quantidade e resolver problemas de acordo com as necessidades, tanto profissionais como sociais, afim de que alcance um desenvolvimento pessoal de suas potencialidades e conhecimentos. Tendo em vista as habilidades matemáticas como fundamentais para a alfabetização plena do sujeito, a referida pesquisa tem como objetivo conscientizar o educando de seu saber internalizado e da necessidade da aquisição de outros saberes matemáticos, de forma que o alfabetizando atue como sujeito-objeto na construção de seus conhecimentos matemáticos. A partir de tais objetivos foram observados na sala de aula, de uma turma de alfabetização do Programa de Preparação para a Educação Básica dos Servidores da Universidade de Brasília - PPEB/UnB, 7 sujeitos da referida turma, afim de verificar como ocorre alfabetização matemática de jovens e adultos, tendo como questões norteadoras: como ocorre a mediação matemática entre os conhecimentos prévios e formais; os algoritmos1 matemáticos desenvolvidos pelos educandos na aquisição dos conhecimentos matemáticos, tanto no nível não-formal quanto formal e que esquemas mentais são (des)estruturados em uma possível transição do primeiro para o segundo. |
||
METODOLOGIA:
O presente trabalho utilizou como metodologia de pesquisa, a pesquisa-ação, que tem como objetivo a transformação da realidade educativa a partir da inserção do pesquisador no contexto em que se encontra o educando. A mesma é realizada em conjunto com a ação e com a resolução de problemas coletivos, sendo que tanto o pesquisador como os sujeitos participantes estão envolvidos de maneira cooperativa e participativa no processo. Neste trabalho foram realizados os seguintes procedimentos e estratégias de ação: participação do processo de ensino-aprendizagem de matemática na sala de aula com os educandos jovens e adultos; participação com registro das atividades propostas baseadas em situações matemáticas significativas; planejamento conjunto com o alfabetizador de situações matemáticas significativas para o alfabetizando; transcrição e análise do material coletado; análise do material a partir de sistema de categorias; produção de relatórios das atividades realizadas com os alfabetizandos; participação quinzenal de encontros com o Grupo de Estudo e Pesquisa em Educação Matemática (GEPEM-DF) e das oficinas da SBEM-DF. |
||
RESULTADOS:
Com a execução dos procedimentos metodológicos foi constatado que os educandos e a equipe pedagógica têm uma concepção de escola tradicional e estruturalista. Portanto o professor exercia a função de reforçador de tarefas e o estudante de receptor; a aprendizagem/ensino da matemática se baseada na aquisição de respostas adequadas; as metodologias de ensino visavam a memorização com ênfase no resultado relacionado ao conteúdo/exame; a matemática era ensinada através de fórmulas e algoritmos oficiais e o estudante deveria demonstrar a aquisição dos modelos matemáticos com eficiência e as atividades propostas aos alfabetizandos, até a inserção do pesquisador na sala de aula, eram as mesmas utilizadas para crianças, logo estavam fora do contexto dos sujeitos. Ao se utilizar atividades matemáticas relacionadas com o cotidiano dos sujeitos, verificou-se através de registros mentais e/ou gráficos dos mesmos, algoritmos próprios que aprenderam na sua necessidade, logo ele não é o convencional ensinado no ensino formal. Estes algoritmos espontâneos são, na maioria das vezes, apenas mentais tendo os educandos (participantes desta pesquisa) dificuldade de passá-los para o registro gráfico, principalmente pelo fato de terem vergonha de mostrarem seus procedimentos mentais na resolução de problemas ou cálculos matemáticos, por acreditar que os mesmos não são corretos, já que não são usuais nos livros didáticos que eles têm acesso ou mostrados pelo professor. |
||
CONCLUSÕES:
Foi observado uma mediação pedagógica baseada no modelo sociointeracionista em que o ensino-aprendizagem da matemática tem como contexto o saber socialmente construído de forma a dar significado ao sujeito e ao seu viver em sociedade,, proporcionando resultados satisfatórios na sua aplicação. Dentro desta perspectiva foram analisados os algoritmos espontâneos dos sujeitos, a partir das atividades propostas pelo pesquisador, constatando a lógica e, muitas vezes, a grande complexidade dos mesmos, mostrando, com isto, a capacidade de aprendizagem destes alfabetizandos. Lamentavelmente a tradição escolar não se debruça sobre os saberes dos jovens e adultos, ela o nega e faz com que o sujeito também o negue, se desapropriando do que ele sabe e inclusive acreditando serem incapazes de ter um desenvolvimento cognitivo normal. Contudo confirmou-se a necessidade do próprio educador tomar consciência da natureza da mediação pedagógica não rechaçando os conhecimentos matemáticos prévios dos alfabetizandos, visto que, seus algoritmos espontâneos têm maior lógica do que os tradicionais para os mesmos. Demonstrando, contudo que o estudo dos esquemas mentais dos sujeitos da Educação de Jovens e Adultos, no que diz respeito a sua aquisição de habilidades matemáticas, é relevante, pois auxilia na construção de uma mediação pedagógica que desenvolva as potencialidades e conhecimentos dos alfabetizando jovens e adultos. 1- Espécies de procedimentos traduzíveis em esquema, que tomam forma de ferramenta e são utilizados na resolução de situações-problema. |
||
Instituição de fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq | ||
Trabalho de Iniciação Científica | ||
Palavras-chave: Educação Matemática; Educação de Jovens e Adultos; Didática da Matemática. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |