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G. Ciências Humanas - 8. Psicologia - 11. Psicologia Social
O discurso evangélico como expressão de cidadania
Enock da Silva Pessoa 1 (enockpessoa@ufac.br)
(1. Universidade Federal do Acre -UFAC)
INTRODUÇÃO:
O DISCURSO EVANGÉLICO COMO EXPRESSÃO DE CIDADANIA
Universidade Federal do Acre Departamento de Filosofia e Ciências Sociais
Prof. Dr. ENOCK DA SILVA PESSOA (enockpessoa@ufac.br.)

O objetivo desta pesquisa é o estudo das crenças, das atitudes e dos comportamentos políticos de lideranças evangélicas no Acre, cujas origens remontam aos movimentos sociais religiosos europeus: a Reforma Luterana e Calvinista, as lutas pelos direitos humanos e pela democracia realizadas pelos evangélicos da Dissidência Inglesa do século XVII. São analisados também os desdobramentos da visibilidade dos evangélicos nos campos político e social, além do estudo das posições ideológicas, éticas, políticas e eleitorais manifestas nos discursos de suas lideranças.
METODOLOGIA:
Os referenciais teórico-metodológicos são: a complexidade de Morin, através da ética de solidariedade humana vista como um todo biológico, cultural, social, ideológico e ecológico; a noção de mente aberta e mente fechada de Rokeach que estuda os graus de dogmatismo das pessoas; as categorias hipotéticas da religião de Beit-Hallahmi e Argyle. Estes referenciais focalizam a interface entre religião e cidadania. A hipótese central é que os evangélicos estão aumentando sua participação na esfera política, com um relativo crescimento de consciência, mormente entre os históricos devido à sua maior escolaridade e maior proximidade com o espírito da Reforma protestante. Os discursos ideológicos, éticos, políticos e eleitorais das lideranças pesquisadas foram estudados através da análise conjuntural de sua participação nas eleições de 1998 e 2002. A amostra da pesquisa de campo compreendeu 114 entrevistas a líderes evangélicos históricos, pentecostais e neopentecostais do Acre.
RESULTADOS:
Ficou evidenciado um crescimento positivo dos três grupos em forma de maior consciência, envolvimento em cidadania e na busca de cargos eletivos. A análise de conteúdo das entrevistas mostra que: a) as lideranças evangélicas históricas se posicionam politicamente mais à esquerda, têm maior nível educacional, maior renda, mais tempo de filiação religiosa e são mais favoráveis à entrada de evangélicos na política; b) os pentecostais têm renda, grau de instrução, tempo de filiação religiosa média e também preferem mais candidatos de esquerda; c) os neopentecostais respondem às questões políticas de modo mais religioso, manifestam crenças mais negativas na política, são menos favoráveis à participação de evangélicos em atividades políticas. Eles têm maior preferência por candidatos de direita. Quanto maior o nível educacional maior é a preferência dos entrevistados dos três grupos por partidos de esquerda. Os homens tendem a escolher mais partidos de esquerda que as mulheres, cuja maioria preferiu não declarar seu voto.
CONCLUSÕES:
A articulação da ação a partir da ética do amor e da busca da liberdade, desenvolvidas na teologia protestante histórica, tende a mostrar-se contraditória ao ser confrontada com a realidade vivida pelas igrejas e seus líderes atuais. A liberdade de consciência, o princípio da tolerância e o pluralismo religioso têm provocado tensões permanentes com o estilo repressivo, autoritário e sectário de diversas igrejas evangélicas. É através desta tensão, francamente positiva e salutar, que o crescimento qualitativo dos evangélicos no Brasil pode se viabilizar, resultando em saltos de consciência política.
Instituição de fomento: CAPES
Palavras-chave:  Psicologia política; democracia e religião; evangélicos e cidadania.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005