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E. Ciências Agrárias - 5. Medicina Veterinária - 2. Inspeção de Produtos de Origem Animal | ||
A INFLUÊNCIA DE DIFERENTES GRUPOS DE SOROS-PADRÃO NO DESEMPENHO DO TESTE ELISA PARA A CISTICERCOSE BOVINA | ||
Paulo Sérgio de Arruda Pinto 1 (pintopsa@ufv.br), Lílian Lameck Monteiro 1, Maria Alice de Sene Moreira 1 e Frncesca Silva Dias 1 | ||
(1. Departamento de Veterinária, Universidade Federal de Viçosa - UFV) | ||
INTRODUÇÃO:
O diagnóstico da cisticercose geralmente é feito durante o abate dos bovinos, através da observação de lesões no exame anátomo-patológico, que apresenta algumas limitações, abrindo espaço para o emprego de testes imunológicos, como o ELISA. A freqüente ocorrência da forma discreta da doença nos bovinos, com poucos cisticercos, também comprometem o desempenho do exame rotineiro. O teste ELISA vem sendo empregado no diagnóstico das cisticercoses humana, suína e bovina, sendo poucos os registros de sua aplicação nos bovinos, carecendo de protocolos padronizados para esta espécie, que permitam esclarecer a sua eficiência no diagnóstico da doença. O desempenho dos testes imunológicos para detecção de anticorpos dependem do perfil da resposta imune dos animais infectados, que varia com o estágio da doença, entre outros fatores. Assim pode haver influência do tipo de soros-controle utilizados na padronização dos referidos testes. Algumas pesquisas demonstraram que o nível de anticorpos anti-Taenia saginata detectados pelo teste ELISA está diretamente relacionado à carga de ovos infectantes e ao número de cisticercos estabelecidos em animais infectados experimentalmente. Esta pesquisa teve o objetivo de verificar a importância da seleção de diferentes soros-padrão, positivos e negativos, na padronização do teste ELISA para o diagnóstico da cisticercose bovina, testando a sua reatividade com antígenos heterólogos, previamente utilizados em outras pesquisas. |
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METODOLOGIA:
Foram utilizados 20 soros de bovinos infectados experimentalmente, 60 soros de bovinos com cisticercose natural discreta diagnosticados na rotina de inspeção post-mortem em matadouros, cinco soros de bovinos negativos para cisticercose, criados em isolamento, sob alimentação controlada desde o nascimento e mais 55 soros de bovinos considerados negativos na rotina de inspeção post-mortem. Também foram estudadas eventuais reações cruzadas frente a 10 soros de bovinos portadores de outras patologias. Os antígenos totais de Taenia crassiceps e Taenia solium foram preparados conforme metodologia utilizada por Pinto et al. (2000) e foram utilizados no teste ELISA, de acordo com as melhores condições analíticas definidas por Monteiro (2004). Visando a definição da positividade e negatividade dos soros, foram determinados os pontos de corte, representados pela soma da densidade óptica (DO) média obtida em análise dos soros-controle negativos mais dois desvios-padrão. O desempenho do teste ELISA nas diferentes condições analíticas foi determinado pela taxas de sensibilidade e especificidade, a partir dos dados organizados em tabelas de contingência. |
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RESULTADOS:
Ao se analisar o comportamento dos soros-controle positivos, percebeu-se a presença de um número elevado de reações falso-negativas para o grupo de animais positivos ao exame post-mortem (Grupo 2). Por isso o teste ELISA mostrou uma sensibilidade muito baixa ao considerar este grupo de soros-controle positivos, destoando muito dos resultados obtidos quando tais soros foram oriundos de animais infectados experimentalmente (Grupo 1). O valor da sensibilidade do teste ELISA chegou a 90% para o grupo 1 e, no máximo 37,5%, para o grupo 2. Esta diferença pode ser explicada pela leve resposta imunológica dos animais do grupo 2, que apresentaram infecção discreta, geralmente com dois cisticercos, no máximo. Por outro lado, os bovinos do Grupo 1 receberam uma alta dose de ovos do parasita, o que resultou numa resposta imunológica mais intensa, devido à alta carga parasitária. Em relação aos soros-controle negativos, houve reações falso-positivas apenas com os soros de animais detectados como negativos ao exame post-mortem, o que pode ser atribuído a reações inespecíficas, mais comuns em animais criados sob condições não controladas. Quanto à especificidade, observou-se desempenho satisfatório para ambos os antígenos. A especificidade obtida aproxima-se da atingida por Geerts et al. (1981) para o antígeno total de larva de T. crassiceps, 95,7%, reafirmando que o teste ELISA é um método de alto poder discriminatório entre a cisticercose e outras doenças. |
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CONCLUSÕES:
É de grande importância a seleção adequada de soros-controle em testes de padronização do teste ELISA, inclusive para o estabelecimento de um ponto de corte, visando assegurar a sua eficácia no diagnóstico da cisticercose bovina. As situações mais controladas dos animais fornecedores dos soros-controle diminuem a sensibilidade do teste ELISA, dificultando a detecção da cisticercose na forma discreta da doença. Nesse caso a especificidade também é reduzida, porém em menor intensidade, confirmando a detecção de animais verdadeiros positivos, na maioria das vezes. Para o diagnóstico de bovinos com infecção pronunciada o teste apresentou excelente desempenho, em qualquer esquema de padronização. |
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Instituição de fomento: Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais - FAPEMIG. | ||
Trabalho de Iniciação Científica | ||
Palavras-chave: Cisticercose bovina; ELISA; Padronização. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |