IMPRIMIR VOLTAR
D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 2. Enfermagem de Saúde Pública
PERFIL GLICÊMICO DE PACIENTES DIABÉTICOS ACOMPANHADOS EM UMA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE DE FORTALEZA
Mayenne Myrcea Quintino Pereira 1 (mayennep@yahoo.com.br), Renata Pereira de Melo 1, Isabella Rocha Aguiar 1 e Marcos Venícios de Oliveira Lopes 1
(1. Departamento de Enfermagem, Universidade Federal do Ceará - UFC)
INTRODUÇÃO:
O Diabetes Mellitus (DM) é uma síndrome de etiologia múltipla, decorrente da falta de insulina e/ou da incapacidade da mesma em exercer de forma adequada seus efeitos. Caracteriza-se por hiperglicemia crônica com distúrbio do metabolismo dos carboidratos, lipídios e proteínas. (BRASIL, 2001).
É determinado não apenas por fatores genéticos e ambientais, mas também pelo status sócio-econômico e pelos hábitos de vida (alimentares, grau de atividade física, etilismo, tabagismo, etc.), aos quais se deve o progressivo aumento da prevalência do DM.
Em 1996, o número de casos na América, de acordo com a Federação Internacional de Diabetes, era de, aproximadamente, 30 milhões de indivíduos, representando mais de ¼ dos diabéticos no mundo. A nível nacional, de acordo com dados do estudo multicêntrico sobre diabetes realizado no Brasil, em 1987, a prevalência era de 7,6% na população de 30 a 69 anos e em Fortaleza, foi de 6,48% na mesma faixa etária. Isso representa para o Ceará, no ano de 2001, uma população de diabéticos em torno de 170.000. Estima-se que, em 2025, possam existir cerca de 11 milhões de diabéticos no país, o que representa um aumento de mais de 100% em relação aos atuais 5 milhões, no ano de 2000.
Dessa forma, pretendeu-se com esta pesquisa estimar o nível de saúde e instrução de indivíduos diagnosticados com DM na atenção primária à saúde e a possível relação destes com a ocorrência do agravo.
METODOLOGIA:
Aplicou-se a 65 clientes acompanhados em uma UBASF (Unidade Básica de Atenção à Saúde da Família) na periferia de Fortaleza, no período de janeiro a março de 2004, um instrumento abordando acerca do tempo de diagnóstico, glicemia, peso, altura, I.M.C., pressão arterial (P.A.) sistólica e diastólica, além de dados como sexo, idade e formação.
A amostra foi calculada admitindo-se um nível de significância (α) de 0,05 e um nível de confiança (Z) de 95%, tendo como base uma população de 192 clientes diagnosticados com DM, acompanhados periodicamente na referida UBASF e que aceitaram participar do processo de pesquisa.
Os dados foram coletados por meio de visita domiciliar, utilizando-se como material glicosímetro; fitas de aferição da glicemia; agulhas 13 x 4,5; algodão; álcool a 70%; esfigmomanômetro; estetoscópio; fita métrica e balança.
A análise foi realizada por meio da ordenação e tabulação dos dados, os quais proporcionaram freqüências absolutas e percentuais das variáveis, além de possibilitarem a realização de testes de associação, diferença de média e regressão linear, utilizando-se o programa estatísco EpInfo.
RESULTADOS:
Desse modo, obteve-se uma proporção de 67,7% de mulheres (44) e 32,3% de homens (21), dos quais 60% (39) apresentavam idade na faixa etária de 54 a 73 anos e 43,1% (28), formação fundamental incompleta. Quanto aos dados relativos à saúde, 58,7% (37) haviam sido diagnosticados há um período de 1 a 5 anos; 59,4% (38) apresentaram glicemia ente 67 e 199 mmHg/dL; 46,9% (30) pesaram de 65 a 74 kg, apresentando 39,1% (25) dos mesmos I.M.C. entre 25 e 29,9; e 54,1% (20) apresentaram P.A. sistólica entre 140 e 159 mmHg e 43,1% (28), P.A. diastólica entre 60 e 89 mmHg.
Com base no cruzamento da média da variável glicemia com as demais sexo (p=0,5), P.A. sistólica. (p=0,71), P.A. diastólica (p=0,55) e I.M.C. (p=0,4), estabeleceu-se a hipótese nula (p>α), segundo a qual as variáveis são independentes. De modo contrário, o cruzamento da média da variável glicemia com as demais formação (p=0,0006) e faixa etária (p=0,007) apontaram para a existência de uma hipótese alternativa (p<α), segundo a qual a relação entre as variáveis não ocorrem ao acaso.
À regressão linear, confirmou-se que o aumento da variável glicemia não é determinado pelas variáveis P.A. sistólica e diastólica (em ambas r2=0,00). Já as variáveis idade (7%) e peso (4%) possuem um reduzido coeficiente de determinação no aumento da glicemia e a variável I.M.C. contribui em 100% para o aumento da mesma.
CONCLUSÕES:
Percebeu-se, assim, que o aumento da glicemia e conseqüente ocorrência do DM sofrem significativa influência da formação educacional, tendo em vista que, 43,1% da amostra possuía ensino fundamental incompleto, e do avanço da idade, haja visto que o DMNID é o subtipo com maior número de casos, caracterizado pelo surgimento tardio, e que 60% da amostra encontrava-se na faixa etária de 54 a 73 anos. Em relação ao I.M.C., o mesmo exerce significativa influência no desenvolvimento do DM, posto que a obesidade é um fator de risco intrínseco deste e que 39,1% da amostra apresentava-se em sobrepeso.
É necessário, então, que seja enfatizada, a nível primário de atenção à saúde, a adoção de hábitos de vida saudáveis, principalmente, da prática regular de atividade física associada a uma alimentação equilibrada.
Palavras-chave:  diabetes mellitus; perfil glicêmico; atenção primária.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005