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A. Ciências Exatas e da Terra - 3. Física - 2. Ensino de Física
GANGORRA INTERATIVA – UM APARATO INTERDISCIPLINAR A SER USADO NA MODELAGEM MATEMÁTICA DE FENÔMENOS FÍSICOS.
Gilvandenys Leite Sales 1 (gilvandenys@yahoo.com.br) e Eliana Moreira de Oliveira 2
(1. Centro Federal de Educação Tecnológica do Ceará; 2. Colégio Santa Cecília)
INTRODUÇÃO:
A Matemática constitui-se na linguagem necessária à Física para a construção de modelos que retratem a natureza.
Mesmo sendo trabalhada desde as séries iniciais da vida escolar, a Matemática torna-se muitas vezes difícil de ser aplicada como ferramenta auxiliar na compreensão dos fenômenos físicos.
Conceitos de grandezas diretamente e inversamente proporcionais são trabalhadas desde a sexta série do ensino fundamental e constituem-se em conceitos de suma importância para a Física, que tem tratamento específico com início na oitava série do ensino fundamental.
Este trabalho tem por objetivo conscientizar alunos dos cursos de habilitação em Matemática e Física da Universidade Vale do Acaraú, Baturité – Ceará, acerca da importância destes conteúdos de Matemática e sua aplicação à Física, para tanto foi construído um aparato experimental – GANGORRA INTERATIVA – com fins de atribuir significados e servir como mediadora na transposição didática de conteúdos da Matemática na Física .
Como suporte teórico buscam-se as orientações dos Parâmetros Curriculares Nacionais que prevê ser “indispensável que a experimentação esteja sempre presente ao longo de todo o processo de desenvolvimento das competências em Física” (PCNs+/2002). E fundamenta-se em Piaget, que afirma ser o conhecimento algo que é construído pela ação do indivíduo sobre o objeto, e na interação social, o que para Vygotsky é de fundamental importância no processo de aprendizagem.
METODOLOGIA:
Como metodologia de ação partiu-se para a construção do aparato em grupos de trabalho, que não excediam cinco membros, formado por futuros professores ou professores já em ação, mas com formação diversa, buscando uma habilitação mais específica.
O aparato é semelhante a uma gangorra de parque de diversão ou praças e constitui-se numa vareta de madeira de 40 cm, onde são fixados parafusos ganchos a cada 2 cm e no lado oposto é colocado um parafuso no centro de gravidade da vareta para garantir o equilíbrio quando suspensa. Também são usadas chumbadas de pescaria, todas de mesma massa, que fazem o papel de pesos a serem distribuídos nos ganchos.
Este aparato permite trabalhar conceitos de equilíbrio e a relação força-distância, requisitando para tanto que o aluno valha-se dos conceitos matemáticos prévios de proporcionalidade inversa que ele traz do ensino fundamental, permitindo assim uma possível interdisciplinaridade dos saberes matemáticos e físicos.
Construído o aparato os grupos são desafiados por situações problema, como por exemplo: equilibrar dois pesos colocados no quinto gancho da direita, usando outros três pesos do lado esquerdo.
Assim, propõem-se cada vez mais novos problemas até que o aluno possa estabelecer relações de proporcionalidade e abandone a estratégia de resolução por tentativas de erros e acertos.
RESULTADOS:
Verifica-se que o uso do raciocínio lógico matemático como estratégia de resolução das situações-problema é posterior à busca de solução por tentativas de erros e acertos, e que a princípio não é utilizado o método científico, mesmo tratando-se de alunos no nível superior em formação de magistério.
Na associação teoria-prática há um verdadeiro hiato, onde o conhecimento matemático prévio mais parece algo em arquivo morto, quando deveria estar pronto para uso.
Os conceitos físicos de equilíbrio e de momento de uma força contidos na relação das grandezas peso e distância foram mais rapidamente apreendidas e precederam a formulação de um modelo matemático lógico aliado ao aparato, onde foram verificadas maiores dificuldades.
CONCLUSÕES:
O uso da GANGORRA INTERATIVA veio mostrar que a articulação de saberes não é tomada a priori como estratégia cognitiva na resolução de situações-problema. Evidenciando uma formação multidisciplinar por parte de nosso grupo pesquisado e uma certa falta de habilidade em articular conhecimentos prévios básicos, certamente já estruturados em seus esquemas mentais..
Não se pretende colocar culpas para as dificuldades da aprendizagem em Física na Matemática, mas é necessário (re)significá-la a partir das séries fundamentais.
Espera-se que nosso grupo pesquisado, futuros professores de Matemática e Física, venham a ser multiplicadores deste trabalho de interdisciplinaridade, e que assim, possam contribuir para desmitificar o ensino de Física.
Instituição de fomento: Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico - FUNCAP
Palavras-chave:  Interdisciplinaridade; Ensino de Física; Modelagem matemática.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005