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G. Ciências Humanas - 8. Psicologia - 11. Psicologia Social | ||
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DO ÁLCOOL APREENDIDO ENTRE OS AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE. | ||
Joseildes Farias Fonseca 1 (joseildesfonseca@hotmail.com), Ludgleydson Fernandes de Araújo 2, Alessandra Ramos Castanha 2, Katharine Silva Fontes 1 e Pollyane Kahelen da Costa Diniz 1 | ||
(1. DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA/UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIBA.; 2. PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA SOCIAL/UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIBA.) | ||
INTRODUÇÃO:
A magnitude do problema do uso indevido de drogas, dentre estas o álcool, ganhou proporções tão alarmantes que na atualidade é um desafio da saúde pública no país. O uso indevido de drogas reflete nos diversos segmentos da sociedade por sua relação comprovada com os agravos sociais, tais como: acidentes de trânsito e de trabalho, violência domiciliar e crescimento da criminalidade. De acordo com pesquisa desenvolvida por Carlini, Galduróz e Noto (2001), através do Centro Brasileiro de Informações acerca de Drogas Psicotrópicas – CEBRID, em 107 cidades brasileiras com mais de 200 mil habitantes, constatou-se que das pessoas entrevistadas 53,2 % já tinham consumido álcool alguma vez na vida e destes, 11,2% era dependente da droga. Os dados anteriormente mencionados apontam para uma preocupação acerca dos danos que o uso abusivo do álcool pode ocasionar nos diversos segmentos da sociedade, de modo que é importante a inserção deste objeto biopsicossocial nas pautas de pesquisas e intervenções científicas. Os ACS’s são atores que podem contribuir na diminuição deste quadro do uso de drogas, com a intervenção através de educação preventiva em saúde. Objetivou apreender as Representações Sociais do álcool elaboradas por Agentes Comunitários de Saúde (ACS’s). |
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METODOLOGIA:
O locus foi o município de Ipojuca localizado na Zona da Mata Sul do estado de Pernambuco. Participaram desta pesquisa 70 de um total de 104 Agentes Comunitários de Saúde, escolhidos aleatoriamente, de forma não-probabilística, intencional e acidental, de ambos os sexos (13 % masculino e 87% feminino), com média de idade de 26 anos. Para coleta dos dados foram utilizadas entrevistas em profundidade e a técnica de Associação Livre de Palavras. As entrevistas foram divididas em duas partes: a primeira constituída de itens referentes à identificação sociodemográfica e a segunda, composta por uma questão norteadora, a saber: “O que você sabe sobre o álcool?”. Também foi utilizada a Técnica de Associação Livre de Palavras seguindo a questão, “o que lhe vem à mente quando digo a palavra álcool?” Fale as cinco primeiras palavras que para o Sr (a) lembra o álcool. Os instrumentos foram aplicados de forma individual na própria Secretaria de Saúde, por um pesquisador previamente treinado e qualificado; o tempo de aplicação foi, em média, de 25 minutos para cada participante. É válido mencionar que na presente pesquisa convencionou-se o tempo máximo de 01 (um) minuto para evocação das palavras associadas ao estímulo indutor. O material coletado pela entrevista foi categorizado pela análise de conteúdo temática de Bardin (1977) e os do teste de associação foram processados pelo software Tri-deux-mots através da análise fatorial de correspondência. |
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RESULTADOS:
Percebeu-se que o uso do álcool é algo preocupante nesta comunidade. Denota-se nos relatos de casos a presença do fenômeno do alcoolismo entre os moradores, bem como nos próprios familiares dos agentes de saúde. Faz-se necessário uma intervenção por parte dos gestores em saúde, com intuito de informar aos usuários, familiares e sociedade em geral sobre os possíveis danos causados pelo álcool .Fato que merece destaque, diz respeito à falta de qualificação profissional para atuar na prevenção primária ao uso abusivo de drogas. Os ACS’s mencionaram a carência de cursos de atualização sobre substâncias psicoativas e a sua atuação no organismo humano. Contudo, os ACS’s dispõem apenas de conhecimentos básicos sobre os danos causados pelas drogas, apontando assim para a necessidade de um maior número de cursos de qualificação acerca dessa temática. De forma semelhante aos dados encontrados nas entrevistas os ACS’s também no teste de associação ancoraram suas representações sociais nos elementos concernentes aos problemas familiares, prejudicial à saúde e violência. Ademais, os resultados apreendidos entre os ACS’s ancoraram suas representações do álcool enquanto uma droga que pode trazer inúmeras conseqüências psicossociais, profissionais, familiares e orgânicas. De modo que é fundamental e necessária à inserção dos ACS’s na educação preventiva em saúde, sendo interlocutor entre gestores em saúde e a comunidade. |
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CONCLUSÕES:
O presente trabalhou versou sobre as representações sociais do álcool entre agentes comunitários de saúde. Os dados apreendidos entre os ACS’s possibilitaram representações consensuais e particularidade de acordo com cada vivência de sua atuação na saúde preventiva. Verifica-se que apesar de não ter sido objeto de pesquisa do presente estudo, percebeu-se no decorrer dos contatos efetivados junto aos ACS’s, uma ênfase na falta de incentivo e reconhecimento pelos gestores municipais quanto ao seu importante papel enquanto agente propiciador de melhores condições de saúde para a população, refletida na precariedade de recursos materiais que auxiliariam no exercício de suas atividades cotidianas. Destaca-se a importância do uso de multimétodos que possibilitam apreensão de conteúdos verbais e latentes, posto que a desejabilidade social dificulta seu acesso nas pesquisas pela natureza subjetiva dos fenômenos psicossociais. Neste sentido, espera-se que os resultados desta pesquisa contribuam para a formulação de estratégias na implementação de políticas públicas de educação e promoção em saúde para os ACS’s, de modo a fornecer embasamento para os gestores em saúde com intuito de minimizar o uso abusivo do álcool, posto que se trata de uma droga dita lícita, acessível economicamente e comumente aceitável na sociedade brasileira. |
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Instituição de fomento: CAPES/UFPB | ||
Palavras-chave: ÁLCOOL; REPRESENTAÇÕES SOCIAIS; AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |