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G. Ciências Humanas - 1. Antropologia - 8. Antropologia
DÁDIVA E AUTO-AJUDA NO UNIVERSO DO CONSUMO EM UBERLÂNDIA
Carolina Rezende Pereira 1 (carolinarpereira@hotmail.com)
(1. Depto. de Ciências Sociais, Universidade Federal de Uberlândia - UFU)
INTRODUÇÃO:
O grupo de pesquisa sobre literatura de auto-ajuda do curso de Ciências Sociais (Antropologia) ligado ao Nupecs/UFU foi estabelecido no início do ano letivo de 2004 com o propósito de familiarizar os alunos no processo de produções acadêmicas. Essas atividades consistem na preparação do projeto de pesquisa com a realização de trabalho de campo até a análise dos dados colhidos. O ponto principal da pesquisa funda-se na relação entre o universo simbólico da literatura de auto-ajuda com as relações capitalistas, caracterizadas pelo exagero do individualismo. Através do “Princípio da Dádiva” de Marcel Mauss estudado nas sociedades “primitivas”, em que sua teoria consiste no dar-receber-retribuir, estabelece-se um forte vínculo social entre as pessoas devido a rede de obrigações promovidas na troca de regalos, o que exalta a noção holista das relações. A partir de Mauss é apresentada uma indagação teórica quanto à presença ou não do “Princípio da Dádiva” aplicada no contexto da sociedade contemporânea, sobretudo no que diz respeito à significação que é atribuída a essa modalidade de leitura.
METODOLOGIA:
Em relação ao método, dividiu-se o grupo, sendo que cada um estaria responsável em dirigir-se a estabelecimentos comerciais como livrarias, bancas de revistas, sebos e grupo de alcoólicos anônimos, o qual este está inserido em uma categoria diferente de estudo. Além disso, foi possível analisar uma multiplicidade de discursos desse gênero de leitura, como por exemplo, o empresarial, afetivo, educacional etc. Os pesquisadores freqüentaram em dias aleatórios esses ambientes observando a freqüência dos usuários de literatura de auto-ajuda. Sendo assim, interessa saber como essas pessoas atribuem significados e valores ao uso do conteúdo, tentando descobrir se é possível estabelecer alguma relação entre a leitura e o princípio da dádiva. Portanto, o próximo passo foi realizar entrevistas informais para fundamentar os discursos construídos pelos leitores quanto aos valores inseridos nessa modalidade de leitura.
RESULTADOS:
Por meio das entrevistas viu-se que a literatura de auto-ajuda expressa valores individualistas a ponto de uma pessoa a qual busca esse auxílio não reconhecer suas “fraquezas”. Ao contrário dos grupos de ajuda mútua (alcoólicos anônimos) a pessoa estabelece uma relação de troca de experiências dentro do grupo, voltada, então, para uma perspectiva holista de mundo. Outrossim, foi possível analisar que a literatura de auto-ajuda apresenta-se como um mecanismo de mediação para o sujeito a qual visa primeiramente o seu aperfeiçoamento pessoal. Com isso a pessoa interioriza a os valores adquiridos na leitura para promover mudanças em seu comportamento, a caso de estender tais significados simbólicos ao seu meio de convívio social (individualismo → holismo).
CONCLUSÕES:
Enfim, os valores instituídos na literatura de auto-ajuda promovem a realização pessoal do sujeito (individualismo) e em um segundo instante pode transpassar para uma relação holista. Nesta, então, pode ser inserido o “Princípio da Dádiva” na qual os valores transmitidos aos outros acarreta em uma relação de dar-receber-retribuir, ou seja, há uma rede de obrigações implícitas entre as pessoas a qual apresenta um estado de dívida e que por conseqüência, reforça os laços de vínculo social.
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  dádiva; auto-ajuda; holismo.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005