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G. Ciências Humanas - 4. Geografia - 1. Geografia Humana
CARCINICULTURA E MANGUEZAL NO MARANHÃO:
DESENVOLVIMENTO PARA QUEM?
Adriana Barreto 1 (kalynegeo@yahoo.com.br), Carlos Rerisson Rocha da Costa 1, Demétrios Cadete dos Santos Neto 1, Francimar Rodrigues dos Santos 1, Josélya Maria de Aguiar Soares 1, Sávio José Dias Rodrigues 1, Ulisses Denache Vieira Souza 1 e José Edgar Freitas Tarouco 2
(1. Depto. de Geociências, Universidade Federal do Maranhão - UFMA; 2. Depto. de Oceanografia e Liminologia, Universidade Federal do Maranhão- UFMA)
INTRODUÇÃO:
Inserido no contexto do atual processo de globalização, em que as políticas das empresas tendem por meio de uma máquina ideológica manipular a opinião pública, para tornar possível seus anseios particulares, pretende-se discorrer nesta pesquisa sobre a implantação da carcinicultura no litoral maranhense e analisar esses interesses, bem como os impactos nas áreas de manguezais.
METODOLOGIA:
A realização deste trabalho deu-se por meio de pesquisas bibliográficas, participação em debates, informações advindas da reunião do conselho de gerentes do IBAMA do Nordeste – CORENE, do I Fórum Social Maranhense, Fórum Brasileiro de Educação Ambiental, Seminário Grandes Projetos, análises do zoneamento costeiro do Maranhão, realizado pelo governo do Estado, assim como levantamentos feitos em campo no decorrer de 2004.
RESULTADOS:
Os resultados da pesquisa demonstram que caso implementada, a carcinicultura em áreas de manguezais, além do desmatamento das áreas de proteção permanente (APP), e a introdução de novas espécies no ecossistema, vai de encontro aos termos da Constituição Federal, que diz que os manguezais são patrimônio nacional, e sua utilização deve se dar de modo sustentável. Sendo assim, ela não trará melhorias às colônias de pescadores e as comunidades ribeirinhas, que dependem diretamente dessas áreas para obter sua renda. Pelo contrário, devido à necessidade de grandes extensões de manguezais para instalar os tanques, os pescadores serão afetados diretamente, tendo em vista que as fazendas de camarões não necessitam de muitos funcionários, quando muito três por fazenda. Enquanto que em 5ha de manguezais trabalham até 30 famílias, no mesmo espaço de viveiros, trabalham apenas duas pessoas, um arraçador e um vigia. Ou seja, esse “pseudodesenvolvimento” benefíciará principalmente os grandes empreendedores.
CONCLUSÕES:
Com isso, entende-se que desenvolver não é tomar decisões tidas como medidas mitigadoras que viriam a favorecer a todos, quando na realidade, o que está sendo levado em conta são os interesses de uma minoria. Sabe-se que não se deve “fechar as portas” para o progresso, no entanto, sabe-se também, que em nome desse mesmo progresso, medidas são tomadas muitas das vezes de forma irresponsável, acabando por prejudicar quem deveria ser o real beneficiado.
É necessário que haja por parte do poder público, iniciativa privada, classe política, organizações não governamentais e a sociedade, um espaço de discussões direcionando para esse “desenvolvimento” uma postura mais conservacionista e menos predatória, pois até que ponto deve-se pagar para alcançar o dito desenvolvimento? Não menos importante é, de fato, transferirmos as medidas elaboradas no papel para ações práticas trazendo soluções para os problemas ambientais nas três esferas da federação: local, regional e nacional.
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  Globalização; Carcinicultura; Desenvolvimento.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005