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D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 3. Enfermagem Médico-Cirúrgica
AVALIAÇÃO DA SAÚDE OCULAR: USO DO ESCRINOSCÓPIO PELA ENFERMEIRA EM TRABALHADORES HOSPITALARES
Cristiana Brasil de Almeida Rebouças 1 (crisfbrasil@ig.com.br) e Lorita Marlena Freitag Pagliuca 1
(1. Depto. de Enfermagem, Fac. de Farmácia, Odontologia e Enfermagem - UFC)
INTRODUÇÃO:
O olho é um órgão tão importante que o seu cuidado e proteção constituem as principais considerações desde o dia do nascimento. A visão é responsável por detectar cerca de 80% do mundo ao nosso redor. O enfermeiro, como integrante da equipe multiprofissional, pode atuar na promoção da saúde ocular e proporcionar excelentes instruções sobre os cuidados com os olhos, avaliação da acuidade visual e a prevenção das doenças oculares. De acordo com a função e a ocupação de cada trabalhador, as suas formas de executar sua atividade laboral vão influenciar diretamente no desgaste de sua saúde e no adoecimento profissional. A atividade de trabalho pode ser responsável por danos oculares tanto decorrentes de esforço e más condições ambientais como aquelas decorrentes de riscos ocupacionais. Dentro dos grupos de trabalhadores que atuam nos hospitais destacamos aqueles que trabalham na limpeza e lavanderia e que estão expostos a riscos ocupacionais. O exame ocular é um componente essencial da avaliação física, não só pela importância da função visual para o bem-estar da pessoa, como também porque os olhos refletem o estado geral da saúde. Portanto, tendo por clientela os trabalhadores hospitalares, os objetivos do estudo foram: caracterizar a clientela; avaliar a saúde ocular mediante o uso do escrinoscópio e encaminhá-los ao serviço de oftalmologia para avaliação médica quando fosse necessário.
METODOLOGIA:
Estudo exploratório-descritivo, quantitativo, realizado em hospital público de referência na cidade de Fortaleza. A amostra foi constituída pelos servidores de limpeza e lavanderia dessa instituição que foram informados sobre os objetivos do estudo e assinaram o termo de consentimento conforme resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde que regulamenta as pesquisas com seres humanos. Antes de iniciar a coleta de dados, avaliou-se as condições da sala onde seriam realizadas as consultas de enfermagem em saúde ocular. Elaborou-se um formulário contendo os dados de identificação pessoal, do histórico como tempo de serviço, doenças preexistentes, antecedentes de alterações oculares, resultados do exame externo do olho e das acuidades para perto e longe.A coleta ocorreu no mês de janeiro de 2002, por meio do formulário, exame externo do olho e exame da acuidade visual com a utilização do escrinoscópio. Esse equipamento mede a acuidade visual para perto e longe, profundidade, foria e o campo visual. A partir das consultas realizadas os formulários eram anexados aos prontuários dos trabalhadores, ficando uma cópia da consulta com os pesquisadores para uma posterior análise dos dados. Os dados foram analisados a partir das alterações oculares identificadas durante o exame. Os servidores que apresentaram algum tipo de alteração foram encaminhados para o serviço de oftalmologia do Centro de Saúde Anastácio Magalhães e comparados entre as duas faixas etárias consideradas.
RESULTADOS:
Os trabalhadores de limpeza lidam principalmente com produtos químicos que entrando em contato com a mucosa ocular pode trazer sérios prejuízos à visão e que certamente irá interferir na sua atividade de trabalho. Esses trabalhadores não utilizam nenhum tipo de proteção visual. Já os servidores da lavanderia estão expostos a temperaturas elevadas das máquinas de lavagem e secagem de roupa, partículas em suspensão como as felpas de lençóis, como também, manuseiam produtos químicos. Esses riscos, em contato direto com a visão, poderão ocasionar problemas visuais. A amostra caracterizou-se por funcionários da limpeza e lavanderia da instituição, totalizando 80 pessoas, sendo 48 da limpeza e 32 da lavanderia com faixa etária de 19 a 61 anos. Dividiu-se o grupo por faixa etária em dois intervalos. O primeiro com idade entre 19 e 40 anos, com total de 25 pessoas sendo 20 mulheres e 5 homens. O segundo com idade entre 41 e 61 anos, com um total de 23 pessoas, sendo 20 mulheres e 3 homens. No exame externo do olho, as alterações foram: pterígio (8), pontos hemorrágicos (2) e reagentes à luz (2). No exame da acuidade visual para perto e/ ou longe com a utilização do escrinoscópio, identificou-se: na faixa etária de 19 a 40 anos, 11 trabalhadores apresentaram visão insuficiente e na outra faixa, de 41 a 61 anos, 23 servidores. Todos os trabalhadores com idade acima de 40 anos tiveram alterações na acuidade visual para perto e/ ou longe.
CONCLUSÕES:
Concluiu-se através do estudo que os funcionários de limpeza e lavanderia dessa instituição apresentaram problemas oculares. Verificou-se que os trabalhadores compreendidos entre a faixa etária de 41 a 61 anos demonstraram maiores alterações oculares e tal fato pode estar relacionado a qualidade de serviço que eles prestam. As relações entre o tempo de serviço e o uso de produtos químicos não puderam ser prontamente analisadas devido à falta de informações nos prontuários e pelo fato dos trabalhadores não saberem informar ao certo essa questão. Mas, como constatamos que os funcionários de maior faixa etária apresentaram maior número de comprometimentos visuais pode-se inferir que há essa correlação. Durante o preenchimento do formulário alguns funcionários relataram que desconfiavam serem portadores de alteração visual, mas que por condições financeiras e falta de tempo não procuraram os serviços de saúde especializados. Os resultados apontam para a pertinência de análise sistemática do ambiente de trabalho, exames regulares de avaliação da Saúde Ocular dos trabalhadores hospitalares através de exames externos dos olhos e acuidade visual com a utilização do escrinoscópio e, a necessidade de educação em saúde oportunizando informações acerca dos cuidados com os olhos.
Palavras-chave:  SAÚDE OCULAR; ENFERMAGEM; ESCRINOSCÓPIO.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005