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G. Ciências Humanas - 5. História - 6. História Moderna e Contemporânea
CUBA DIVIDIDA: AS TENSÕES POLÍTICAS QUE MARCARAM OS PROJETOS EDUCACIONAIS DE 1953 A 1976
Marina Novaes de Senne 1 (mamasenne@yahoo.com.br) e Vânia de Fátima Martino 2
(1. Graduanda Depto. de História, Universidade Estadual Paulista-UNESP; 2. Depto. De Educação, Ciências Sociais e Política Internacional, Universidade Estadual- UNESP)
INTRODUÇÃO:
Nosso objeto de estudo busca analisar as divergências existentes entre as primeiras propostas pedagógicas pré-revolução cubana, cujo contexto se inicia no ano de 1953, e o projeto educacional da Constituição de 1976. Sem dúvida, o debate sobre a Revolução vivida em uma ilha no mar do Caribe marcou análises atenciosas dos estudiosos das Ciências Humanas e Sociais durante todo o século XX. Principalmente, pelo fato de que essa Revolução, com o tempo optou pelo socialismo e o mundo enfrentava as tensões da Guerra Fria. Dessa maneira, recolhemos uma vasta bibliografia que, de maneira geral, acompanha interpretações dicotômicas sobre este contexto. Contudo, é importante ressaltar que mesmo com o amplo debate já efetuado sobre esse assunto, nossa pesquisa ganha relevância uma vez que visa a problematizar as visões dicotômicas dos discursos historiográficos efetivados durante o período da Guerra Fria. Para melhor discutirmos e especificarmos como se desenvolveu a construção dessa identidade socialista cubana, decidimos por compreender esse processo a partir do âmbito educacional.
METODOLOGIA:
Para melhor desenvolvermos nosso método de trabalho, dividimos nossa pesquisa em três momentos. Inicialmente, estudamos um período anterior à Revolução Cubana, em que focalizamos as discussões, visto os primeiros olhares acerca da educação, período de 1953 até meados de 1961, fase em que os discursos castristas e as discussões educacionais ainda não possuíam um teor socialista. Nesta primeira etapa, trabalhamos como principal fonte o discurso de Fidel Castro “A História me absolverá”, que marcou uma das primeiras idéias revolucionárias de destaque da década de 1950. Abordamos, em uma segundo momento de nosso trabalho, a declaração de Fidel Castro, em 1961, em que a Revolução atingiu um caráter socialista. Buscamos, desta forma, as novas tendências pedagógicas que surgem na construção desse ideal. Durante essa fase debatemos como a educação foi um importante instrumento na referida conscientização da população. Ainda nesta etapa, trabalhamos com as divergentes historiografias sobre o desenvolvimento da Revolução. Por fim, como última fase da pesquisa, atentamos para os projetos pedagógicos socialistas bem mais consolidados e as transformações presentes nos dados educacionais. Encerramos nossa análise com o estudo dos anseios pedagógicos da Constituição de 1976.
RESULTADOS:
Como resultado mais imediato, percebemos as diferenças entre as primeiras contribuições educacionais dos revolucionários cubanos com o projeto pedagógico da Constituição de 1976. Todavia, observamos que as transformações tanto teóricas quanto práticas, referentes aos caminhos da Revolução, tiveram influência ímpar do cenário dividido do período da Guerra Fria. Assim como as decisões dos revolucionários foram influenciadas pelo contexto, a própria historiografia do período encontrava-se dividida entre análises pró-revolução ou a favor do capitalismo. Dessa maneira, nos deparamos com dificuldades na interpretação de tantos discursos que nos afastam, muitas vezes, da compreensão da educação cubana desse período.
CONCLUSÕES:
Por fim, concluímos que nossas análises transcendem os debates historiográficos sobre a Revolução Cubana para discussões teóricas das divergentes atribuições científicas que a história recebeu. Nesse sentido, observamos que as diferenças, nas obras dos historiadores do período, estavam entre aqueles que analisavam a história de Cuba como uma evolução do ideal socialista-comunista e os críticos à Revolução que interpretavam como contraditória as mudanças no discurso dos revolucionários. Nosso trabalho procurou problematizar as duas correntes, buscando a contribuição de cada uma. Contudo, não significa que estamos produzindo uma história neutra, que seria impossível, mas efetivando um discurso pós-Guerra Fria com menor influência do contexto dicotômico da época.
Instituição de fomento: PET/Sesu
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  Educação; Cuba; História.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005