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C. Ciências Biológicas - 3. Bioquímica - 6. Bioquímica | ||
EFEITO DO ÓLEO DE SEMENTES DE Pterodon pubescens (OPp) E SUA FRAÇÃO HEXANO NA VIABILIDADE, CICLO CELULAR E APOPTOSE DE CÉLULAS LEUCÊMICAS K562 | ||
Monica Farah Pereira 1 (mfarah@ufrj.br), Maria Cristina da Costa e Silva 2, Marsen Garcia Pinto Coelho 3, Sérgio Ranto Dalmau 3, Adriane Regina Todeschini 4 e Kátia Costa de Carvalho Sabino 3 | ||
(1. Pós graduanda, Depto de Bioquímica, Pós-graduação em Biologia, IBRAG-UERJ; 2. Química, Depto de Bioquímica, IBRAG-UERJ; 3. Prof. Adjunto, Depto de Bioquímica, Pós-graduação em Biologia, IBRAG-UERJ; 4. Prof. Adjunto, Depto de Biofísica Carlos Chagas Filho, CCS, UFRJ) | ||
INTRODUÇÃO:
Pterodon pubescens, conhecida popularmente por Sucupira branca, tem sido utilizada em larga escala pela medicina popular para o tratamento de várias doenças, entre elas a artrite reumatóide. Esta é uma doença crônica caracterizada, entre outros fatores, por uma proliferação exagerada de linfócitos. De acordo com estudos em laboratório, a planta apresenta um efeito imunossupressor e anti-inflamatório. Muitos extratos de plantas têm sido testados em células tumorais in vitro, como uma das etapas do processo para o desenvolvimento de novos medicamentos, ampliando assim as alternativas para o tratamento de tumores. Esse trabalho é focado em células leucêmicas. A Leucemia é um tipo de câncer no qual existe uma desordem na proliferação celular dos leucócitos, onde o ciclo celular dos mesmos encontram-se constantemente ativado causando uma alteração na homeostasia do tecido sanguíneo. Neste sentido, este trabalho teve como objetivo avaliar o efeito do óleo de sementes de Pterodon pubescens (OPp) e sua fração Hexano (HEX) na citotoxicidade, no ciclo celular e na indução de apoptose em linhagem de células leucêmicas (K562). |
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METODOLOGIA:
O óleo de Pterodon pubescens (OPp) foi obtido após maceração das sementes, extração com etanol absoluto por 15 dias a temperatura ambiente e evaporação do solvente. A fração Hexano foi obtida por partição líquido-líquido do óleo em hexano, um solvente de alta apolaridade, seguida de evaporação do solvente. O método utilizado para medir a citotoxicidade foi o da redução do sal tetrazol (MTT) por células metabolicamente ativas. Neste ensaio determina-se a atividade redutora mitocondrial (ARM) que corresponde à leitura da absorvância do formazan (sal reduzido), sendo os resultados de viabilidade apresentados como porcentagem do controle. As células foram incubadas em meio RPMI na ausência e presença de 10% de soro fetal bovino (SFB) e em diferentes concentrações do OPp e HEX (10 a 70µg/mL), por 24h, a 37oC e atmosfera úmida com 5% de CO2. Para os experimentos de ciclo celular e apoptose, as células foram incubadas nas mesmas condições, mas sempre na presença de SFB e em concentrações de 30 e 50µg/mL. Após 48 horas, as células foram retiradas e incubadas com tampão citrato de sódio, contendo RNase, Iodeto de Propídio e triton X-100. Os núcleos foram então analisados por citometria de fluxo. A apoptose foi avaliada de acordo com o tamanho celular e permeabilidade da membrana ao iodeto de propídio, ambos por citometria de fluxo. A análise estatística foi realizada através de software (INSTAT), utilizando o Teste de Tukey. |
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RESULTADOS:
O OPp e a fração Hexano apresentaram efeito citotóxico dose-dependente na ausência de SFB. O OPp induziu inibição sobre a ARM de 75% para dose de 20µg/mL e de 99% para dose de 30µg/mL (p<0,05). Já HEX promoveu este efeito somente para dose de 30µg/mL, onde 85% da ARM foi inibida (p<0,01). Entretanto, na dose mais baixa (10µg/mL), apresentou efeito estimulatório sobre a ARM (139%, p<0,01), ambos em relação ao controle. Já na presença de SFB, somente a dose mais alta do OPp (70µg/mL) induziu redução significativa (40%) da ARM em relação ao controle. Para a HEX, observa-se inibição significativa da mesma a partir de 50µg/mL (40%). Ao testar o extrato bruto e a fração Hexano no ciclo celular, observou-se que ambos induziram uma parada das células na fase G1 do ciclo. Na ausência de OPp ou HEX, as células se apresentaram 41% na fase G1, 41% em S e 18% em G2/M. Na concentração de 30µg/mL, as culturas com o OPp e a HEX apresentaram 51% e 43%, respectivamente, das células em G1. Já na dose de 50µg/mL, o número de células em G1 aumenta para 62% e 55%, para OPp e HEX, respectivamente, com conseqüente diminuição do número de células em G2/M. Tanto o OPp quanto a HEX induziram as células à apoptose com 50µg/mL. Enquanto as culturas controle apresentaram 4,3 % das células com permeabilidade ao PI (apoptóticas), com OPp e HEX, os valores aumentaram para 19% e 9%, respectivamente. Efeito semelhante foi observado na avaliação da apoptose por tamanho da célula. |
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CONCLUSÕES:
O OPp e a HEX apresentam efeito citotóxico dose dependente sobre céls K562. O soro fetal bovino parece oferecer um efeito protetor da citotoxicidade do OPp e HEX. As proteínas do soro devem participar na distribuição para as células, dos compostos existentes em tais amostras, já que apresentam natureza lipofílica. Estes resultados sugerem que o efeito tóxico do OPp e da fração HEX induz uma interrupção do ciclo celular na fase G1 e que essa parada pode fazer com que as células entrem em apoptose. Ao compararmos os efeitos entre o extrato bruto e fração, verificamos que o fracionamento do OPp com o solvente hexano (HEX) não foi acompanhado de aumento do efeito inibidor da ARM, quando comparado ao do extrato bruto. Podemos pressupor que no OPp existam outras substâncias responsáveis pelo efeito nas células, além das presentes na HEX. |
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Instituição de fomento: FAPERJ | ||
Palavras-chave: Pterodon pubescens; Leucemia; Ciclo celular. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |