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G. Ciências Humanas - 3. Filosofia - 2. Filosofia | ||
REFLEXÕES SOBRE O PLURALISMO FILOSÓFICO | ||
Raimundo Nonato Araujo Portela Filho 1 (raimundoportela@bol.com.br) e Carmem Maria Almeida Portela 1 | ||
(1. Depto. de Filosofia, Universidade Federal do Maranhão - UFMA.) | ||
INTRODUÇÃO:
Procura-se evidenciar que para esclarecer uma maneira de fazer filosofia, para expor a sua natureza, alcance e limites, torna-se imprescindível o confronto com outras maneiras ou abordagens e não uma investigação isolada. Os problemas colocados mediante uma perspectiva particular não atingirão melhor compreensão e tratamento somente no interior de sua própria metodologia e de suas categorias, mas em um cruzamento de métodos e de categorias, o que resulta mais esclarecedor e mais profundo. Com efeito, para saber o que significa um modo de filosofar específico deve-se estudá-lo nas suas bordas, nas suas fronteiras, em contato com aquelas maneiras de filosofar que o negam ou o problematizam. |
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METODOLOGIA:
A partir de uma pesquisa bibliográfica expõem-se inicialmente algumas relações legítimas que podem ser estabelecidas entre filosofias, sendo todas estas filosofias diferentes e freqüentemente irreconciliáveis. Em seguida, caracteriza-se o tipo de pluralismo filosófico examinado neste trabalho assim como as atitudes principais no modo como a multiplicidade de filosofias tem sido geralmente considerada. Por último, formulam-se algumas conclusões alicerçadas na exposição efetivada. |
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RESULTADOS:
Podem-se considerar, em linhas gerais, três tipos de relações legítimas entre filosofias ou entre modos de filosofar: relações de exclusão, articulação (por exemplo: cooperação, complemento) e reformulação. Qualquer uma dessas relações entre filosofias pode ser legítima, no sentido de que por intermédio da exclusão, da articulação ou da reformulação adquire-se um conhecimento contrapositivo mais profundo das filosofias examinadas do que aquele que seria obtido se fossem estudadas isoladamente. O pluralismo filosófico aqui concebido sustenta que as relações entre filosofias são relações de universalidade negada, não relações de existência negada, ou seja, o que cada filosofia nega nas outras é a sua pretensão à universalidade, mas não a sua pretensão a existir. Ademais, há duas características fundamentais no modo como a diversidade de filosofias tem sido usualmente concebida: 1- atitude de auto-sustentação, segundo a qual cada filosofia parece incapaz de visualizar a própria falta de universalidade, a própria insuficiência e, pelo contrário, defende enfaticamente a própria perspectiva como sendo a única legitimamente universalizável; 2- atitude de eliminação, isto é, cada filosofia não se limita a mostrar a falta de universalidade das outras,mas tenta desqualificá-las, dizer que são erradas, eliminá-las, negando-lhes o direito de existir. |
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CONCLUSÕES:
Rejeita-se aqui a eliminação de filosofias porque o que foi pensado instaura uma forma de vida do pensamento, sendo indestrutível enquanto possível forma de pensamento. Realizar a crítica de uma filosofia é reconhecer seu direito a ser e tê-la incorporado ao tecido do filosofar. A tentativa de eliminação da outra postura está calcada na suposta universalidade e infinitude da própria postura, num privilégio injustificável. Em conseqüência dessa recusa à eliminação de filosofias adota-se aqui uma postura pluralista e negativa diante do conflito de filosofias. É pluralista na medida em que nenhuma filosofia possui recursos para eliminar outra filosofia em sua existência. É negativa na medida em que cada filosofia demonstra a insuficiência e, de certo modo, o fracasso de pelo menos uma outra, ao negar a pretensão desta outra a uma validade universal. Podem ocorrer articulações entre filosofias, entretanto são delicadas e à beira da redução ou da incompreensão mútuas. É no confronto onde as filosofias se definem melhor na sua insuperável não-conciliação. A autocrítica, por sua vez, tem limites insuperáveis. Cada filosofia dirige a si mesma somente as críticas que é capaz de tolerar, aquelas que poderão torná-la mais forte. As múltiplas maneiras de conceber a filosofia e de fazê-la dependem de como se interpreta a diversidade de filosofias. |
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Palavras-chave: Filosofia; Pluralismo filosófico; Pluralismo negativo. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |