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H. Artes, Letras e Lingüística - 1. Artes - 7. Música e Dança
COGNIÇÃO DE BEBÊS: O PAPEL DA MÚSICA NA LINGUAGEM E LEITURA
Edna Aparecida Costa Vieira 1 (edna0458@hotmail.com), Eliane Leão 2 e Roy Kennedy 3
(1. Escola de Arte Veiga Valle; 2. Universidade Federal de Goiás; 3. University of Georgia)
INTRODUÇÃO:
A presente pesquisa investigou a música como estímulo na aquisição da linguagem e o início da aprendizagem da leitura em sujeitos de tenra idade. Estudou-se quatro sujeitos. Fundamentou-se nos estudos de Ortiz (1999), Figueiredo (1996), Herschkowitz & Herschkowitz (2004), Vieira & Leão (2004) e outros, que investigam os efeitos da música na cognição e o que favorece o desenvolvimento da linguagem falada e posteriormente a leitura. Baseia-se na hipótese de que a criança em tenra idade está apta à leitura. A linguagem envolve palavras, gestos, sons, dialetos, idiomas, signos, estilos e expressão. A música seja vocal, instrumental, eletrônica ou mecânica, envolve a ordem de tons e sons num tempo, usando diferentes combinações de ritmo, melodia e harmonia. A sua influência promove a aprendizagem da leitura (Vieira, 2004), favorece a transição da linguagem pré-verbal para a verbal (Ortiz, 1999) e o desenvolvimento cognitivo (Vieira; Leão, 2004). Os estudiosos acima pressupõem que há inúmeras vantagens em educar a criança com música, pois a linguagem e a música são habilidades adquiridas e desenvolvidas que podem promover o equilíbrio do ser. Na presente pesquisa, é visível a aprendizagem pelos sujeitos de atividades lúdicas, de corpo-movimento (imitação), canções, histórias e livros infantis.
METODOLOGIA:
: O experimento teve início em fevereiro de 2004. Estudou-se quatro sujeitos de zero a doze meses. Os sujeitos tiveram aula de música duas vezes por semana e duração de uma hora com atividades rítmicas, sonoras e melódicas seguida de leitura. As sessões/aulas foram filmadas e fotografadas. As mães entoavam música e faziam leituras diárias para seus bebês. As sessões/aulas de leitura não seguiram à risca as instruções propostas por Doman (1996). O material utilizado para a leitura foi confeccionado com papel sulfite nº 60 e tamanho A4. As palavras a princípio foram escritas com pincel atômico na cor vermelha e produzidas no computador na cor preta. Os bebês tiveram estímulos musicais e de literatura infantil desde o primeiro mês de vida. Aos seis meses iniciou-se a introdução da leitura de palavras. As palavras foram classificadas por categorias e mostradas várias vezes ao dia para o bebê de acordo com os pressupostos de Doman (1996). As palavras seguiram a seqüência: o nome do bebê e de pessoas próximas, partes do corpo, animais e objetos. Após os dez meses as palavras e frases foram introduzidas de acordo com o interesse dos sujeitos. Para a identificação de livros infantis, do nome dos participantes e a aprendizagem das cores e números, foram introduzidas letras de canções folclóricas e/ou adaptadas pela pesquisadora. As atividades de corpo-movimento, brinquedos e jogos foram realizados com música. Os movimentos motores para estimular a escrita tiveram início aos seis meses.
RESULTADOS:
Os bebês, aos dez meses, visto e analisados os vídeos, demonstram preferências, interesses e aprendizagem nas atividades musicais. Marcam o pulso da música quando a pesquisadora entoa uma canção e acompanham-na tocando instrumentos de percussão (chocalho, clava, tambor e outros). A transição da linguagem pré-verbal para a verbal de acordo com a tabela de Herschkowitz & Herschkowitz (2004), foi constatada mais cedo em alguns sujeitos. A pseudo-leitura, o início da leitura, leitura silenciosa e a escrita se mostram visíveis em todos os sujeitos estudados. Os sujeitos identificam um total de 100 (cem) palavras escritas, determinadas frases, cores, o próprio nome e o dos colegas bem como os números de zero a dez. Sobrepõem blocos de madeira, fazem cumprimento espontâneo com aperto de mão ao se encontrarem, comunicam entre si e com pessoas próximas.
CONCLUSÕES:
Considera-se até o momento, que essa experimentação está promovendo resultados que poderão contribuir para a aprendizagem da leitura e escrita. Baseando-se nos preceitos de Figueiredo (1996) e Doman (1996) em que os bebês podem e devem ler, a presente pesquisa evidencia possibilidades para a constatação dessa hipótese. Partindo da realidade do nosso país quanto ao analfabetismo, levando em conta a ansiedade que a criança apresenta em conhecer o mundo letrado dos adultos, que na maioria das vezes acontece por volta dos seis e sete anos, esta pesquisa é relevante podendo ser um recurso para diminuir e/ou evitar o analfabetismo. Este estudo continuará a ser desenvolvido coletando dados dos resultados da leitura construída pelos sujeitos, até que a alfabetização possa ser observada e constatada.
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  música; cognição; leitura.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005