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G. Ciências Humanas - 7. Educação - 3. Educação Ambiental
A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA FORMAÇÃO DOS PROFESSORES DO MUNICÍPIO DE BATURITÉ.
Aurilene Ramos Semião 1 (aurilesemiao@hotmail.com) e Rickardo Léo Ramos Gomes 2
(1. Secretaria Municipal da Educação de Baturité - SMEB; 2. Universidade Estadual do Ceará - UECE)
INTRODUÇÃO:
Atualmente, adjetivamos a Educação com a palavra Ambiental quando enfatizamos um determinado conjunto de fenômenos da realidade, num momento em que há necessidade urgente de se encontrar saídas para um quadro sério de destruição do meio ambiente. A identificação dos problemas que levam os homens a agredirem e destruírem a natureza deve considerar, além dos aspectos físicos, os psicológicos, econômicos, políticos, sociais e culturais que regem a ação humana. Padrões históricos e socialmente produzidos são determinantes para o comportamento humano individual, agindo diretamente sob seu desejo, suas percepções e formas de compreensão do mundo.
METODOLOGIA:
Nesse estudo optamos por uma abordagem qualitativa de natureza interpretativa, já que a mesma permite trabalhar com a interpretação, com o significado que os sujeitos dão à sua ação e com as questões subjetivas (percepções, processos de conscientização, compreensão do contexto cultural). Em relação à técnica que utilizaremos para a coleta de dados, nossa escolha foi pela entrevista semi-estruturada com seis indagações, as quais permitirão um contato maior entre o entrevistado e o entrevistador, além de facilitar o esclarecimento e o aprofundamento de questões ligadas aos interesses da pesquisa. O estudo foi desenvolvido na Secretaria da Educação e Desporto de Baturité. Adotou-se, para a seleção da amostra, os seguintes critérios: professores da Secretaria da Educação e Desporto de Baturité, com mais de três anos de experiência na Instituição, pertencentes a diferentes áreas de conhecimento e/ou com cargos de acompanhamento pedagógico (coordenadores, assessores e orientadores) há pelo menos dois anos. A amostra será intencional, procuraremos abranger docentes com diferentes faixas etárias; portanto, buscamos intencionalmente um grupo caracterizado pela diversidade.
RESULTADOS:
De acordo com os dados levantados, 60% dos docentes participantes do estudo não receberam durante a sua formação qualquer tipo de preparação para tratar da temática ambiental. Os outros docentes (40%), afirmaram ter recebido alguma fundamentação teórica sobre os temas ambientais. Entretanto, ressaltam que essa fundamentação não foi suficiente. Em todos os depoimentos, ficou claro que os temas ambientais ou foram negligenciados, ou tiveram uma presença pouco significativa nos currículos dos cursos que formaram os professores entrevistados, pois mesmo naqueles em que o assunto foi abordado, essa abordagem não correspondeu às expectativas dos alunos.Essa situação ilustra a carência de subsídios básicos, conceituais e metodológicos, que possibilitem aos professores abordar temas ambientais, no contexto das diferentes disciplinas. Daí emerge a necessidade de uma reformulação profunda dos cursos de formação inicial de professores, bem como dos cursos de formação em serviço para professores. Mas a maioria dos docentes, 90% , mostra-se disponível para participar de um projeto de integração disciplinar que vise à abordagem ambiental. Apesar de não habituados com o assunto, concordam que todos são responsáveis pela abordagem ambiental e consideram de extrema importância que os alunos recebam essa formação em qualquer nível de ensino.
CONCLUSÕES:
O trabalho comprova que a ausência de fundamentos teóricos e epistemológicos relacionados ao campo ambiental, nos cursos de formação inicial e formação em serviço de docentes, impõe dificuldades tremendas à abordagem ambiental no decorrer do processo educativo e justifica o despreparo e a insegurança sentida pelos docentes entrevistados. Formar professores críticos, que compreendam o seu papel político, é uma questão emergencial. Se necessitamos de alunas e alunos críticos, é evidente que para desenvolver esse potencial, os docentes têm que estar preparados e cientes do papel que devem desempenhar. No entanto, raros são os cursos de formação de professores que abordam a problemática ambiental e propiciam um suporte crítico aos que estarão em pouco tempo formando as novas gerações. Poucos, também, são os professores já formados que se habilitam a rever seus antigos conceitos, a se re-formar e ajustar suas potencialidades às necessidades educacionais atuais. Essa constatação torna pertinente uma avaliação mais criteriosa quanto à natureza dos conhecimentos presentes nos cursos de formação de professores, bem como quanto às ênfases que estão sendo dadas aos mesmos. Como podemos pretender sair do círculo da negação (ausência) da abordagem ambiental na educação se os professores não recebem em sua formação nenhum tipo de referencial sobre as questões ambientais? Afinal ninguém aprende nada desvinculado de conteúdos.
Palavras-chave:  Educação ambiental; Formação; Fundamentação.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005