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B. Engenharias - 1. Engenharia - 4. Engenharia de Materiais e Metalúrgica
ANÁLISE DE DIFERENTES TRATAMENTOS SUPERFICIAIS EM LIGAS METÁLICAS DE NiCr USADAS NA ODONTOLOGIA
Nayara Santos Martins Neiva 1 (nayaraneiva@hotmail.com), Júlio César Matias de Souza 1, Rubens Maribondo do Nascimento 1, Antônio Eduardo Martinelli 1, José Ferreira de Lima Júnior 1 e João Xavier de Paiva Neto 1
(1. Depto. de Engenharia dos materiais, Universidade Federal do Rio Grande do Norte-UFRN.)
INTRODUÇÃO:
Em 1907 as restaurações metálicas indiretas começaram a ser aplicadas na clínica odontológica. Quando porcelanas são usadas na construção de próteses parciais fixas em dentes posteriores, uma subestrutura metálica é a mais indicada e necessária para impedir que se fraturem sob esforços oclusais advindos da mastigação. Forças de compressão aplicadas em uma porcelana suportadas por metal, impedindo desta forma sua flexão, poderão ser suportadas em elevadas magnitudes (CHAVES FILHO, 2001).
As ligas de NiCr estão sendo muito indicadas atualmente pelos dentistas e técnicos em prótese dentária por seu baixo custo e sucesso em uniões metalocerâmicas. Ylmaz e Dinçer (1998) determinaram em seus estudos em união metal/cerâmica que a união Titânio-Porcelana apresentou-se comparável ao sistema NiCr-Porcelana, sendo ambos os sistemas satisfatórios quanto ao nível padrão de resistência a união (25 N/mm2). Entretanto, o Titânio possui a habilidade de formar uma camada de óxido, em sua superfície, bastante estável contribuindo para uma maior resistência à corrosão do que as ligas NiCr. Estudos revelam também que uma adequada rugosidade permite o embricamento da porcelana aumentando a união mecânica para o sistema metalocerâmico. (MEIER et al, 1995).
O objetivo deste trabalho foi o de avaliar a rugosidade superficial, através do parâmetro Ra, de ligas NiCr fundidas e jateadas com óxido de alumínio e ligas NiCr metalizadas com Ti antes da aplicação da porcelana.
METODOLOGIA:
Foram confeccionados 30 corpos-de-prova com geometria de 20x10x0,5 com a liga NiCr Suprem cast SB por fundição de acordo com as recomendações do fabricante. As amostras foram divididas em 3 grupos de 10 amostras: NiCr(1); NiCr(2);NiCr(3). A seguir sofreram os seguintes tratamentos superficiais:
NiCr(1)- jateamento com óxido de alumínio;
NiCr(2)- usinagem com ferramenta de óxido de alumínio; jateamento com óxido de alumínio; oxidação à vácuo (980oC).
NiCr(3)- usinagem com ferramenta de óxido de alumínio; jateamento com óxido de alumínio; oxidação à vácuo (980oC); metalização mecânica com titânio.
Ao microscópio óptico as superfícies das ligas NiCr(1) e (2) apresentaram-se isotrópicas, enquanto a superfície da liga NiCr(3) mostrou-se anisotrópica.
As 3 amostras foram analisadas por um rugosímetro Taylor-Robson seguindo o parâmetro Ra. A determinação do cut off recomendada pela Norma DIN 4768 foi obtida através de 5 comprimentos de amostragem e ,obtendo-se a média. Para cada corpo-de-prova foram feitas 7 medidas em regiões diferentes na direção longitudinal ao maior comprimento. Os resultados obtidos foram os seguintes:
NiCr(1)- cutt off (2,5); Ra (3,49); Desvio padrão (0,3308);
NiCr(1)- cutt off (0,8); Ra (1,18); Desvio padrão (0,1121);
NiCr(1)- cutt off (0,8); Ra (1,43)); Desvio padrão (0,1513);
Nenhum dano foi causado à amostra pelo rugosímetro.
RESULTADOS:
A amostra NiCr(3) apresentou uma superfície anisotrópica, isto pode ser explicado pelo processo de metalização no qual uma ferramenta de Ti é friccionada à superfície da liga no sentido perpendicular ao maior comprimento da amostra. A rugosidade superficial dessa amostra apresentou-se maior que a da amostra NiCr(2).
CONCLUSÕES:
A utilização de ferramentas de óxido de alumínio no acabamento superficial de ligas de NiCr elimina acentuadas irregularidades que poderiam afetar a união metal/cerâmica.

1. A superfície da amostra NiCr(1) apresentou maiores valores de rugosidade se comparada às outras ligas, devido a ausência de usinagem com ferramentas de óxido de alumínio utilizadas nas outras superfícies. Irregularidades apresentadas na superfície como ângulos agudos e pequenas depressões podem resultar em áreas de tensões localizadas que diminuiriam a resistência à fratura da porcelana no sistema metal/cerâmica e também seriam fonte de acúmulo de ar e contaminantes que causariam porosidades na porcelana durante sua queima. O jateamento com óxido alumínio sobre a superfície tem apresentado um papel importante na superfície de ligas NiCr, como: remoção de partículas da liga após o lixamento; aumento da energia superficial aumentando a molhabilidade do metal durante a aplicação da porcelana (HÖLSCH e KAPPERT, 1992); e modificação da formação da camada de óxidos. Estudos revelam também que uma adequada rugosidade (Ra entre 1 e 2) permite o embricamento da porcelana aumentando a sua união mecânica no sistema metalocerâmico.

2. A metalização da superfície metálica com Ti foi possível e apresentou vantagens como: baixo custo, fácil aplicação e formação de uma camada de Ti, o qual apresenta propriedades como alta resistência à corrosão;

3. A superfície da liga NiCr metalizada com Ti apresentou rugosidade média (Ra) comparável a liga NiCr usinada não metalizada.
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  tratamento superficial; ligas metálicas; odontologia.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005