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H. Artes, Letras e Lingüística - 1. Artes - 7. Música e Dança | ||
INFLUÊNCIAS DO ENSINO COLETIVO DE MÚSICA NAS RELAÇÕES INTERPESSOAIS DO SUJEITO | ||
Fernanda Ortins Silva 1 (feortins@yahoo.com.br), Flavia Maria Cruvinel 1 e Eliane Leão 1 | ||
(1. Escola de Música e Artes Cênicas - EMAC, Universidade Federal de Goiás/UFG) | ||
INTRODUÇÃO:
O presente trabalho está integrado ao Diretório de Pesquisa “Criatividade, Processos Cognitivos e Interdisciplinaridade” e propõe uma investigação dos resultados proporcionados pelo ensino coletivo de cordas (violino, viola, violoncelo e contrabaixo) na qualidade de vida dos participantes e nas suas relações interpessoais, ou seja, se o ensino coletivo de música pode promover mudanças no “eu/indivíduo” e na sua interação como o (s) outro (s). Na atualidade, ênfase tem sido dada ao ensino coletivo de instrumentos musicais, uma vez que o indivíduo não tem sido percebido como ser único e isolado, e sim, o indivíduo integrado em grupos que possam proporcionar-lhe além do crescimento pessoal uma melhor qualidade de vida social. O processo de socialização musical torna-se uma importante ferramenta para que o educando possa conhecer tanto o seu mundo interior como seu mundo exterior, e ainda entender de maneira crítica e sensível, a realidade na qual está inserido. Este projeto de pesquisa visa compreender os processos intrínsecos ao ensino coletivo de cordas, ressaltando como esta mudança se dá ao longo do processo ensino/aprendizagem. Tem como objetivos: traçar o perfil do grupo; verificar a metodologia musical aplicada pela professora/regente; e averiguar se a metodologia musical promoveu mudança efetiva do “eu” e na vida do participante, e em conseqüência nas suas relações interpessoais, ao longo das atividades musicais, ministradas em grupo. |
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METODOLOGIA:
Foi realizada uma pesquisa bibliográfica para fundamentar e contextualizar a metodologia musical aplicada, bem como a dinâmica dos participantes do grupo. Os elementos que compõem os fenômenos resultantes da atividade grupal foram observados por mim, semanalmente. Para adquirir o perfil do grupo foi elaborado um questionário contendo dados que informavam a atual situação do sujeito, com questões objetivas (sexo, idade, tempo de atuação, inserção ao grupo, preferências musicais e quais fatores que motivavam a permanência do indivíduo no ensino coletivo). O grupo experimental é integrante da Oficina de Cordas, pelo Projeto Extensão, “Oficinas de Música” EMAC/UFG, e constituído de 13 alunos/integrantes, pelo professor assistente e pela professora/regente e coordenadora Ms. Flavia Maria Cruvinel. O questionário elaborado foi respondido pelos 13 integrantes, e as observações do grupo e do movimento de cada sujeito foram feitas no período de agosto a dezembro, semanalmente nas quartas-feiras. Durante as aulas foram feitos protocolos com observações pessoais, quanto à metodologia adotada pela professora, à movimentação dos alunos e à dinâmica do grupo. Posteriormente, foi realizada a análise dos dados do questionário, a fim de obter o perfil do grupo frente à metodologia aplicada e em conseqüência as relações interpessoais surgidas ao longo das atividades ministradas. |
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RESULTADOS:
Observa-se que para alcançar o objetivo desejado – a aprendizagem musical, o professor aplicador da metodologia musical, deve ter certos atributos e condutas para conseguir de cada um, um bom rendimento individual e ao mesmo tempo grupal. Sendo que este rendimento grupal nos leva às relações interpessoais, outro objetivo a ser alcançado em um ensino coletivo, a fim de se obter um resultado final satisfatório. Para tanto, o professor deverá ser um facilitador e ter como atributos desejáveis: amor às verdades, gostar e acreditar em grupos, coerência, respeito, paciência e continente (Zimerman e Osório, 1997), atributos estes apresentados pela professora/regente. Diante destes fatores, torna-se peculiar no grupo experimental a forma de condução das aulas, a professora Ms. Flavia Maria Cruvinel assume a postura de facilitadora do processo ensino/aprendizagem e das relações interpessoais. Isto tem proporcionado mudanças e permitido o grupo se relacionar de maneira livre e responsável na sala de aula. Verifica-se que no questionário elaborado, aplicado e respondido pelos 13 integrantes do grupo, uma pergunta sobressai - o que os motivavam a permanecer no grupo: Os pais o obrigam: nenhuma pessoa; Aprendizagem instrumental: onze pessoas; Condução da aula: seis pessoas; Contato e aprendizado com os colegas: cinco pessoas; Ocupação do tempo: duas pessoas; Outros: como me formar em música (uma pessoa), porque a professora é legal (uma pessoa) e obter mais cultura (uma pessoa). |
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CONCLUSÕES:
Após uma análise dos dados obtidos anteriormente, observa-se que Gostar e acreditar em grupos; Amor às verdades; Coerência; Respeito; Paciência e Continente são algumas características apresentadas pela professora/regente Ms. Flavia Maria Cruvinel o que tem contribuído para que o indivíduo tenha seu espaço respeitado, suas dificuldades aceitas, e potencialidades ressaltadas, uma vez que há tempo e discernimento para as prioridades apresentadas ao longo do processo ensino/aprendizagem. O “ser” passa a ter sua individualidade preservada, e em conseqüência passa a respeitar-se dentro de suas limitações, bem como a aceitar o outro frente aos desafios ocorridos durante as aulas. O sujeito torna-se mais auto-consciente de sua função em grupo, e que, em todos os momentos de sua vida, se estiver em um grupo, poderá tirar proveito das experiências vividas, principalmente da parte musical e das suas relações interpessoais. Pois, passa a perceber que não vive isolado e sim, praticamente o tempo todo integrado em um grupo, seja freqüentando uma família, uma escola, bares, salas de concerto ou outros grupos sociais não citados, e que em cada grupo deverá respeitar seu tempo e o tempo do outro. |
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Instituição de fomento: CNPq/UFG | ||
Trabalho de Iniciação Científica | ||
Palavras-chave: Ensino coletivo de cordas; Relações Interpessoais; Metodologia musical aplicada. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |