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G. Ciências Humanas - 8. Psicologia - 11. Psicologia Social
VIOLÊNCIA EM ADOLESCENTES EM SITUAÇÃO DE RUA
Dorian Mônica Arpini 1 (darpini@fatecnet.ufsm.br), Camila Gonzalvez 1 e Camila Farias 1
(1. Depto. de Psicologia, Universidade Federal de Santa Maria - UFSM.)
INTRODUÇÃO:
Esta pesquisa teve por objetivo conhecer como adolescentes em situação de rua representam a violência. Entendendo que esta problemática é cada vez mais presente no cotidiano destes jovens, tendo efeito sobre a construção de suas identidades e de seus projetos futuros. Dessa forma, entendemos que ao conhecermos como eles representam a violência poderemos estar buscando uma melhor compreensão desta realidade, de modo que possamos encontrar novas formas de atuação e qualificação de ações voltadas a esse grupo.
Objetivamos então conhecer quais as formas de violência por eles referidas, a quem eles atribuem tais violências e quais seriam as causas que motivam as formas de violência por eles identificadas.
METODOLOGIA:
Para alcançar os objetivos propostos utilizamos as técnicas de entrevista não-diretiva, grupos focais e observação participante com adolescentes entre 12 e 18 anos, de ambos os sexos que vivenciam situação de rua. As entrevistas e os grupos focais foram gravados e posteriormente transcritos, tendo sido realizados em duas instituições da cidade de Santa Maria/RS que recebem esta clientela, as denominadas Escolas Abertas. Foram realizadas dez entrevistas e três grupos focais, sendo que em uma das instituições realizamos as entrevistas individuais e na outra os grupos focais, participaram 10 adolescentes por grupo, totalizando na pesquisa 40 adolescentes. Realizamos também observações nas instituições, nas quais foi possível presenciar aspectos do cotidiano desses jovens, permitindo uma maior aproximação à sua realidade.
RESULTADOS:
Podemos referir que para os adolescentes as drogas e o álcool são os principais agentes geradores de violência. Eles identificam que nas situações de violência há sempre a presença das drogas ou do álcool. Na sua perspectiva as drogas produzem um efeito “alienante” de “perda da consciência” o que permitira ao sujeito agir com violência sem perceber ou se sentir responsável por tal ato. É significativo apontar que para os adolescentes participantes da pesquisa o que levaria as pessoas a usarem álcool ou drogas estaria relacionado a problemas familiares, principalmente de ordem afetiva, sendo que todos os participantes vivenciam ou vivenciaram em suas famílias situações de violência, assim como a presença de membros da família dependentes de drogas ou álcool, dessa forma as violências apontadas e identificadas por eles estavam sempre relacionadas a fatos concretos vividos por eles ou muito próximo deles, e seriam estas experiências que os teriam levado para as ruas. Em relação a experiência vivida nas ruas eles identificam dois momentos, um primeiro que é mais positivo,onde se sentem acolhidos, encontram uma fonte de trabalho e lazer, e vivem a sensação de liberdade, já num segundo momento a mesma é vista como estigmatizadora, sendo rotulados e marginalizados em função dessa vivência, e, então, a mesma tem um caráter ameaçador.
CONCLUSÕES:
Apontam como saída para conter a violência, ter possibilidades de trabalho, assim como a religião e as instituições, entre elas, as Escolas Abertas. Para concluir enfatizamos a necessidade de projetos e políticas públicas direcionadas a família, local onde teria origem a violência e projetos voltados a juventude, no sentido de trabalho, formação e valorização dos adolescentes.
Instituição de fomento: FAPERGS - CNPQ
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  Violência; Adolescência; Situação de Rua.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005