IMPRIMIR VOLTAR
G. Ciências Humanas - 6. Ciência Política - 6. Ciência Política
GASTOS X VOTOS : PRESSUPOSTOS TEÓRICOS E EVIDÊNCIAS EMPÍRICAS
Dalson Britto Figueiredo Filho 1 (dalsonbritto@yahoo.com.br)
(1. Depto. de Ciências Sociais, Universidade Federal de Pernambuco - UFPE)
INTRODUÇÃO:
Essa pesquisa surgiu de uma constatação empírica: não há um debate qualificado na academia brasileira sobre reforma de financiamento de campanha, eleições e grupos de interesse. Quando muito, esses temas são tratados de forma isolada e geralmente com pouco rigor analítico. De fato, enquanto que a academia norte-americana produz muito sobre esse assunto e sob diversos aspectos, chegando até a suscitar visões antagônicas, o debate brasileiro toca superficialmente em alguns pontos sem, no entanto, discuti-los de forma sistemática. Esse trabalho procura ampliar a agenda de pesquisas sobre grupos de interesse, captura estatal, e principalmente, reforma de financiamento de campanha. Por fim, também é objetivo do presente estudo inaugurar uma linha de pesquisa que foi negligenciada historicamente pela ciência política nacional, a saber, a relação entre gastos eleitorais e a quantidade de votos recebidos.
METODOLOGIA:
Esse trabalho foi realizado através da combinação de dois procedimentos básicos. O primeiro repousa em uma extensa revisão bibliográfica. Mais especificamente, foram utilizadas não só a Teoria da Escolha Racional mas também produções acadêmicas específicas sobre grupos de interesse e reforma de financiamento de campanha. Para complementar o arcabouço teórico, foram incorporados dados estatísticos referentes às eleições nacionais para governador em 2002. Em especial, foram feitas uma correlação e uma regressão linear entre a quantidade de recursos investidos nas campanhas e o total de votos recebidos. Da mesma forma, foi utilizada uma regressão logística para testar a influência do dinheiro sobre a possibilidade de eleição ou não de um determinado candidato
RESULTADOS:
Em ambos os testes os resultados foram estatisticamente significantes. De forma precisa, a correlação entre gastos e votos nas eleições ao cargo de governador foi de 0,663. No que concerne às regressões, os resultados foram similares. No caso da regressão linear o coeficiente foi de 0,663. Finalmente, a regressão logística entre gastos e a variável eleito ou não foi de 0,567.
CONCLUSÕES:
Infere-se que existe uma correlação positiva e significante entre gastos e votos. Ou seja, quanto mais dinheiro é investido nas campanhas maior é o número de votos recebidos por um determinado candidato. A referida conclusão tem implicações diretas sobre a função da alocação de recursos nas campanhas eleitorais. Porém, é preciso notar que correlação é diferente de causa e efeito. Nesse sentido, esse trabalho inicia, ainda que de forma superficial, uma reflexão sobre o papel do dinheiro no financiamento das eleições. Discutir tal relação é crucial para desenvolver o debate acadêmico e político a respeito de vários temas em geral e sobre reforma de campanha eleitoral, em particular.
Instituição de fomento: MEC/ SESUR
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  Financiamento de campanha; Resultados eleitorais; Grupos de interesse.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005