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G. Ciências Humanas - 7. Educação - 7. Educação Infantil
O LUGAR DA BRINCADEIRA DE FAZ-DE-CONTA NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Maria Regiane Vidal Costa Simonetti Gomes 1 (regianevidal@yahoo.com.br) e Maria de Fátima Vasconcelos da Costa 2, 3
(1. Pós-Graduanda da Fac.de Educação, Universidade Federal do Ceará - UFC; 2. Profa. Dra. do Programa de Pós-graduação em Educação Brasileira da FACED-UFC; 3. Pesquisadora e Coordenadora do Grupo de Pesquisa LUDICE - UFC)
INTRODUÇÃO:
O presente trabalho fundamenta-se em estudos que abordam o papel do brincar no desenvolvimento da criança nas perspectivas sócio-antropológica e sócio-histórica. Trata das práticas lúdicas como parte da rotina escolar das instituições públicas e privadas de educação infantil. Para isso traz como objetivo geral investigar as diferenças que existem entre as duas realidades educacionais de educação infantil, bem como a postura do professor que trabalha nessas instituições em relação às oportunidades dadas às brincadeiras de faz-de-conta, realizando um estudo comparativo. A relevância da investigação do lugar da brincadeira de faz-de-conta na educação infantil deve-se ao fato de que sabendo da importância dessa brincadeira para a criança, no sentido de que a criança tem nessa atividade um espaço de criação e de apropriação da cultura, as escolas de educação infantil devem constar em seus currículos, destinados a essa faixa etária, um eixo específico em que se encontrem as atividades do brincar e dentre eles o faz-de-conta. E não só constar nos currículos, mas tornar essa atividade uma prática cotidiana dentro do ambiente escolar. Dessa forma, o trabalho contribui com as análises feitas acerca de como o lúdico está sendo proposto nas escolas de educação infantil e assim podermos refletir sobre o papel do lúdico na educação infantil.
METODOLOGIA:
A metodologia adotada para a coleta e análise dos dados foi a do tipo etnográfica. Os procedimentos utilizados foram: a observação participante, conversas informais, entrevistas semi-estruturadas com os professores das turmas observadas e análise da proposta pedagógica das escolas. Os instrumentos utilizados foram o diário de campo e o gravador no momento das entrevistas. A pesquisa foi realizada em quatro escolas em Brasília, sendo duas públicas e duas particulares que pudessem ser representativas das demais. O critério de seleção da amostra foi duas escolas, uma pública e uma particular que oferecessem apenas educação infantil, denominadas como escolas de pequeno porte; duas escolas uma pública e uma particular que oferecessem educação infantil e ensino fundamental, denominadas como escolas de grande porte. As visitas aconteceram durante um semestre, sendo dois dias por semana em cada escola. Em cada escola foram observadas duas turmas, uma turma de crianças de quatro anos num dia da semana, e uma de seis anos na outra visita da semana. Houve trocas nos dias da semana combinados para as visitas, de forma que consegui observar a rotina de todos os dias da semana a fim de acompanhar o que acontecia em cada dia para cada turma. A observação foi durante todo o período da aula, desde a hora da chegada até o momento da saída das crianças, de modo que sucedeu nos vários espaços da escola em que a turma ocupava: sala, refeitório, pátio, parque, entre outros.
RESULTADOS:
Através da observação do espaço da escola, pude verificar que, tanto na escola particular quanto na pública, havia uma organização do espaço para as brincadeiras das crianças. Havia tanques de areia, parques bem equipados com vários instrumentos como: play-grounds, escorregadores, balançadores, entre outros. Nas escolas de pequeno porte, tanto na particular quanto na pública, havia um espaço especial para a brincadeira de faz-de-conta com mobílias pequenas do tamanho apropriado para as crianças, sendo que na escola pública esse espaço era incluído em cada sala de aula enquanto que na particular era numa sala específica. Ao observar o tempo proposto para o brincar no parque, verifiquei que o mesmo variava em cada escola, nas escola públicas o tempo era de quarenta e cinco minutos a uma hora, e nas particulares, numa delas o tempo também era de uma hora, já a outra esse tempo era por volta de meia hora nos dias que as crianças não tinham aula de psicomotricidade. Havia alguns momentos de brincadeiras na sala de aula como: com jogos ou massinha. Nas entrevistas com as professoras pude verificar que a maioria delas é formada em pedagogia, muitas tiveram a oportunidade de estudar durante sua formação sobre a importância do brincar para o desenvolvimento da criança.
CONCLUSÕES:
Através da análise dos dados obtidos durante a pesquisa pude verificar que tanto as escolas particulares como as públicas de Brasília têm um espaço preparado para a brincadeira, principalmente no que se refere a existência de parques. Quanto ao uso desses parques depende muito da concepção que se tem de lúdico. Na escola particular de pequeno porte pude verificar que existe uma concepção de que a aula de psicomotricidade, onde ocorrem brincadeiras dirigidas pelo professor, substitui a brincadeira que acontece no parque que é uma brincadeira livre de propósitos, onde a criança tem a oportunidade de criar suas próprias brincadeiras. Verifiquei, também, em ambas realidades educacionais, que muitas vezes uma brincadeira é proposta não com a finalidade de proporcionar às crianças um momento lúdico, mas de ocupá-las enquanto não estão realizando atividades didáticas. Verifiquei que dependendo da concepção que o professor tem de educação infantil e da importância do brincar para a criança, eles assumem uma postura em relação ao brincar, que pode ser, ou não, de oportunizar os momentos de brincadeiras, perceber no comportamento da criança a necessidade de brincar e até mesmo participar de suas brincadeiras sem estar tomando a frente das decisões.
Instituição de fomento: CNPq
Palavras-chave:  educação infantil; brincadeira; escolas públicas e particulares.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005