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| G. Ciências Humanas - 7. Educação - 6. Educação Especial | ||
| DELINEAMENTO DE UM PROGRAMA DE PROMOÇÃO DE HABILIDADES COMUNICATIVAS PARA UM GRUPO DE ADULTOS DEFICIENTES MENTAIS: DESAFIOS DA PESQUISA-INTERVENÇÃO | ||
| Adriana Augusto Raimundo de Aguiar 1 (adrianaaguiar@yahoo.com) e Zilda Aparecida Pereira Del Prette 1, 2 | ||
| (1. Depto. de Pós-Graduação em Educação Especial, Universidade Federal de São Carlos - UFSCar; 2. Depto. de Psicologia, Universidade Federal de São Carlos - UFSCar) | ||
| INTRODUÇÃO:
Déficits sociais e comunicativos, como acontece na deficiência mental, podem influenciar diretamente a qualidade das relações sociais e diminuir significativamente as oportunidades de aprendizado e crescimento dentro de uma sociedade que exige demandas sociais cada vez mais complexas de seus cidadãos. Isso evidencia a importância da promoção de habilidades sociais-comunicativas para essa população, particularmente de adultos deficientes mentais, para os quais existe uma lacuna ainda maior em pesquisas científicas focalizando essa temática. De uma maneira geral, o conhecimento científico é disponibilizado de forma muito fragmentada, não vindo, por exemplo, na forma de modelos de intervenção ou de diretrizes para uma intervenção, o que dificulta a replicação de programas de intervenção desenvolvidos. O campo teórico-prático das habilidades sociais tem demonstrado resultados bastante positivos na promoção de habilidades sociais para diferentes populações e em diferentes contextos, tendo como uma de suas características a descrição detalhada de seus programas de treinamento e a avaliação dos mesmos, constituindo também por isso, o referencial adotado no presente trabalho. Considerando essas questões este estudo teve como objetivo a descrição do delineamento de um programa de habilidades comunicativas para um grupo de adultos deficientes mentais, com base nas etapas de sua elaboração, nas decisões tomadas e nos desafios vivenciados ao longo do programa. |
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| METODOLOGIA:
Participaram do estudo seis adultos deficientes mentais (dois homens e duas mulheres). O delineamento do programa de intervenção embasou-se em programas de promoção de habilidades sociais relatados na literatura, efetuando-se as adaptações pertinentes às características dessa clientela, contexto e também a desafios que surgiram durante o desenvolvimento e condução do programa. A seleção dos objetivos de intervenção tomou como base a avaliação dos familiares quanto à facilidade e importância de um conjunto de componentes comunicativos, sendo selecionados para treino componentes verbais e não verbais comuns ao grupo e a cada um dos participantes. O programa foi organizado em 62 sessões estruturadas (em sala) e seis sessões semi-estruturadas (atividades práticas), sendo adotados, como procedimentos de treino, técnicas vivenciais associadas a técnicas pedagógicas, cognitivo-comportamentais e fonoaudiológicas. Foram utilizadas ainda pasta contendo os planos de cada sessão, cadernetas e mural que funcionaram como apoio dos familiares e profissionais aos participantes e como intercâmbio entre estes e a pesquisadora. O programa foi analisado em termos de mudanças geradas ou não no indivíduo, a partir das condições de ensino estabelecidas pelo mesmo e das etapas e decisões estabelecidas no desenvolvimento e condução do programa. Os dados quanto a mudanças nos participantes foram analisados comparando-se resultados pré e pós-treino sobre o repertório comunicativo dos participantes. |
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| RESULTADOS:
As etapas do planejamento, desenvolvimento e condução do programa de intervenção contaram com situações e imprevistos que levaram a alterações da proposta inicial, revisão das etapas e seqüências destas, bem como alterações mesmo após o início do programa. As principais adaptações relacionaram-se às dificuldades específicas dos participantes e a problemas financeiros da escola na qual o estudo se desenvolveu. Dentre as principais adaptações relacionadas às dificuldades dos participantes destacou-se a necessidade de tempo maior dedicado a cada atividade, aumento do número de aplicações de cada atividade e vivência e a transformação de materiais escritos por figuras. As demais adaptações decorreram de problemas financeiros enfrentados pela escola, os quais refletiram em aspectos como espaço físico e de pessoal. Como conseqüência relacionada a essas dificuldades pode-se destacar, principalmente a diminuição do número de participantes do estudo (mudança de escola) e como adaptações pode-se apontar a necessidade de: diminuição do número total das sessões, diminuição da duração das sessões, mudança do local da intervenção e redefinição dos componentes de treino. A avaliação da efetividade do programa sugeriu mudanças positivas (melhoras) em alguns componentes treinados e resultados também positivos em termos de validação social quanto à satisfação dos participantes e seus familiares |
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| CONCLUSÕES:
Tanto na avaliação da efetividade da intervenção como no levantamento dos componentes críticos do procedimento, identificou-se o déficit de instrumentos de avaliação de habilidades sociais-comunicativas validados para deficientes mentais, indicando a necessidade de maior investimento científico na área. Dois pontos centrais quanto às variáveis do terapeuta/pesquisador mereceram destaque à reflexão: a importância de repertório satisfatório na prática de intervenção, visando diminuir os desafios vivenciados; e a importância da flexibilidade e criatividade durante todo o processo de desenvolvimento e condução do programa para o atendimento das necessidades gerais e específicas da clientela. A apresentação dos desafios vivenciados, das etapas e decisões importantes conduzidas e das estratégias de superação utilizadas em pesquisa-intervenção é fundamental quando se pensa, principalmente, na replicação de estudos científicos na prática profissional, pois possibilita a reflexão sobre a busca de caminhos alternativos para a conclusão do estudo frente a dificuldades surgidas. Com isso, acredita-se que a exibição desses obstáculos possa constituir um rico material para o auxílio na quebra de falsos mitos que sugerem não ser possível realizar trabalhos práticos baseados em estudos científicos, diante dos problemas enfrentados no dia a dia profissional. |
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| Instituição de fomento: FAPESP - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo | ||
| Palavras-chave: Deficiência mental; Habilidades sociais-comunicativas; Treinamento de habilidades sociais. | ||
| Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |