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G. Ciências Humanas - 7. Educação - 16. Orientação e Aconselhamento | ||
RELAÇÕES AFETIVAS E SEXUAIS NA ADOLESCÊNCIA: A PERSPECTIVA DAS MENINAS | ||
Ana Marilia Mendes Barroso 1, 2 (anamarilia@superig.com.br) e Teresa Nuño Angós 1 | ||
(1. UNIVERSIDAD DEL PAIS VASCO-UPV-BILBAO-ESPANHA; 2. PREFEITURA DA CIDADE DO RECIFE-PCR) | ||
INTRODUÇÃO:
Neste trabalho se apresenta o resultado de uma pesquisa realizada na Escola Assis Chateaubriand, situada em Brasília Teimosa, um bairro de baixa renda da cidade do Recife, Pernambuco, Brasil. Tem como objetivo realizar uma exploração sobre o que pensam e como vivem as estudantes adolescentes, suas relações afetivas e sexuais, quais são suas principais preocupações e dificuldades. A pesquisa foi realizada com meninas entre 14 e 17 anos de idade, estudantes da referida escola. O estudo se justifica pelo fato de que se observa nas pessoas em geral, em estudantes, no professorado e nas famílias em particular, uma carência de informação sobre o tema, considerando que não contaram em sua formação inicial com conteúdos específicos sobre o assunto. Estudar como planejam e vivem as adolescentes, suas relações afetivas e sexuais, seus desejos e dúvidas parece imprescindível, não apenas para as mulheres, mas para todas as pessoas comprometidas com a educação e o desenvolvimento da humanidade, rumo a um mundo mais solidário e em busca do entendimento. |
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METODOLOGIA:
Para este trabalho se convidou de modo aleatório, e sem escolha prévia, um grupo de 30 meninas entre 14 e 17 anos de idade, estudantes do 4o. Ciclo e Ensino Médio, para reuniões sobre o tema das relações afetivas e sexuais. Inicialmente, se explicou às meninas o objetivo do trabalho e a necessidade de se obter informações sobre aquela realidade para a realização de estudos, e a importância de sua colaboração. A partir destas reuniões, foi elaborado um questionário e aplicado com a colaboração de 10 meninas. Avaliando-se o resultado desta pesquisa, concluiu-se que o questionário era muito extenso e que também havia por parte das estudantes certa dificuldade para compreender alguns termos utilizados. Este fato reforçou a hipótese de que existe uma falta de informação sobre o tema abordado e provocou também a necessidade de reformulação do instrumento de medida. Feita a reformulação, o novo questionário foi aplicado a uma outra amostra aleatória de 15 meninas, para se conhecer como pensam e vivem suas relações afetivas e sexuais. O questionário, com 26 questões, foi aplicado sem maiores problemas, o que facilitou sobremaneira a aquisição de informações e a análise dos resultados. Para todas as perguntas se estabeleceu que existia a possibilidade de se escolher mais de uma alternativa. Assim, no tratamento dos dados, não se quantificou a freqüência com que aparece uma afirmação em relação ao número de meninas, mas à quantidade de respostas assinaladas. |
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RESULTADOS:
As meninas afirmam, por um lado, que aprenderam o que sabem sobre relações afetivas e sexuais com suas mães e seus pais, no entanto revelam que cofiam mais em suas amigas/os para falar de suas experiências. Detecta-se uma forte influência dos meios de comunicação e do grupo ao qual pertencem. Percebe-se uma grande necessidade de informação e de um espaço para trocar dúvidas e experiências. Todas reconhecem ver pornografia, considerando-a educativa, ainda que algumas reconheçam nela aspectos negativos, sem especificar quais. Outra observação é a carga de preconceitos subjacente em algumas respostas, sobretudo naquelas referentes à homossexualidade e ao aborto. Outro dado importante é que todas elas, com exceção de uma, manifestaram que levariam adiante uma gravidez indesejada, demonstrando desconhecimento das implicações envolvidas. O fato é preocupante, principalmente considerando-se a idade destas meninas e o contexto social em que vivem. Observa-se, também, um olhar androcêntrico nas relações afetivas, principalmente no que se refere à responsabilidade pela procriação e educação dos/as filhos/as. Também está presente este olhar nas respostas obtidas em questões referentes à violência sexual, virgindade e aborto. Em relação ao conhecimento sobre métodos anticoncepcionais e preventivos, o uso do preservativo é o mais citado. Os temas de maior interesse para que sejam tratados na escola são referentes ao prazer sexual, afetividade, DSTs, gravidez indesejada e infidelidade. |
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CONCLUSÕES:
Analisando os resultados obtidos, e sem nenhuma intenção de generalização, haja vista o tamanho da amostra, se pode concluir que as hipóteses foram confirmadas. Seria necessário analisar outros coletivos de adolescentes, (estudantes de escolas de classe média, classe média alta e de outras comunidades), com amostras maiores, para poder realizar algum tipo de afirmação com rigor estatístico, o que não era a intenção deste estudo. Pode-se concluir, no entanto, que existe entre as meninas pesquisadas um forte desejo de encontro com o amor e a felicidade, assim como uma necessidade de estabelecer relações positivas com o mundo e com as pessoas. Percebe-se, ainda, uma grande preocupação humanitária e uma profunda vontade de acertar em suas decisões e atitudes. Este trabalho demonstra que é necessária, uma intervenção educativa na escola, reforçada pelos objetivos do Ministério da Educação. É imprescindível desenhar, desenvolver e pôr em prática projetos educativos que favoreçam o diálogo, o entendimento e a possibilidade de que as meninas (e os meninos) expressem seus pensamentos e dúvidas sobre o conhecimento de seus corpos, prevenção de doenças, possibilidades de prazer, orientação sexual, afetividade e expressão amorosa com responsabilidade, numa perspectiva de liberdade. |
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Palavras-chave: Orientação Sexual; Educação Afetiva e Sexual; Educação Preventiva. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |